Medicina - Oncologia (Cancerologia Clínica) - Centro de Seleção e de Promoção de Eventos UnB (CESPE) - 2009
41Uma mulher de 36 anos de idade, branca, casada, comerciária, apresentou, há 30 dias, náuseas, vômitos, febre e mialgia, com duração de aproximadamente quatro dias, tendo melhorado com o uso de medicações sintomáticas. Há uma semana, passou a apresentar edema facial e de membros inferiores acompanhado de cefaleia. Buscou auxílio médico, tendo sido constatada hipertensão arterial sistêmica com níveis de 160 mmHg × 110 mmHg, quando lhe foram prescritos furosemida e captopril; em seguida, a paciente foi encaminhada para o nefrologista, devido à presença de anormalidades no exame de urina e à redução da função renal. Na consulta nefrológica, a paciente negou tabagismo, etilismo e antecedentes pessoais e familiares de nefropatias, hipertensão arterial e diabetes. Durante o exame físico, foram observados edema frio, depressível e indolor, localizado nos membros inferiores, e pressão arterial aferida de 170 mmHg × 100 mmHg. Nos exames complementares, foram constatados: 1) hemoglobina de 11,0 g/L e hematócrito de 34%; 2) VHS de 55 mm; 3) sumário de urina com proteinúria (+++), 40 eritrócitos por campo com hemácias dismórficas e presença de cilindros de gordura birrefringentes; 4) urocultura negativa; 5) proteinúria de 24 horas de 5,3 g; 6) colesterol total de 360 mg/dL; 7) exames sorológicos FAN (fator antinúcleo), anti-DNA, anti-Sm, anti-Jo-1, anti-La, anti- RNP, anticoagulante lúpico e anticardiolipina, Anca, sorologia para vírus da hepatite B, vírus da hepatite C e HIV, todos negativos; 8) fator C3 do complemento de 70 mg/dL (discretamente reduzido) e fator C4 menor do que 6 mg/dL (redução acentuada); 9) fator reumatoide aumentado em 350 UI/mL; 10) pesquisa de crioglobulinas no soro foi positiva em uma das amostras; 11) A PCR para vírus C da hepatite foi negativa. Foi então indicada e realizada biópsia renal na paciente, cujo resultado mostrou presença de trombos intraluminais nos capilares glomerulares vistos à microscopia óptica, d Nesse caso, a glomerulonefrite membranoproliferativa do tipo II deve ser considerada no diagnóstico diferencial, entretanto a presença de fator reumatoide elevado, de crioglobulinemia, o consumo do fator C4 do complemento e a ausência de depósitos de C3 no mesângio e capilares glomerulares à microscopia de imunofluorescência excluem esse diagnóstico.
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