A palavra bioética designa um conjunto de pesquisas, de discursos e práticas, via de regra pluridisciplinares, que têm por objeto esclarecer e resolver questões éticas suscitadas pelos avanços e a aplicação das tecnociências biomédicas. (...) A rigor, a bioética não é nem uma disciplina, nem uma ciência, nem uma nova ética, pois sua prática e seu discurso se situam na interseção entre várias tecnociências (em particular, a medicina e a biologia, com suas múltiplas especializações); ciências humanas (sociologia, psicologia, politologia, psicanálise (...) e disciplinas que não são propriamente ciências: a ética, para começar; o direito e, de maneira geral, a filosofia e a teologia. (...) A complexidade da bioética é, de fato, tríplice. Em primeiro lugar, está na encruzilhada entre um grande número de disciplinas. Em segundo lugar, o espaço de encontro, mais ou menos conflitivo, de ideologias, morais, religiões, filosofias. Por fim, ela é um lugar de importantes embates (enjeux) para uma multidão de grupos de interesses e de poderes constitutivos da sociedade civil: associação de pacientes; corpo médico; defensores dos animais; associações paramédicas; grupos ecologistas; agrobusiness; indústrias farmacêuticas e de tecnologias médicas; bioindústria em geral.
Fonte: HOTTOIS, G. Nouvelle encyclopédie de bioéthique. Bruxelles : De Boeck, 2001, pp. 124-126.
Desse modo, entende-se que:
A bioética restringe-se às pesquisas científicas.
A bioética é de atenção exclusiva de outros profissionais da saúde, com exceção do médico.
A bioética é uma linha de pensamento que surge para justificar os deslizes éticos do profissional médico.
A bioética é parte obrigatória do pensamento reflexivo do profissional médico em suas atividades diárias.
A bioética nada tem a ver com o exercício da profissão do médico no seu dia a dia.
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