Questão número 185804

As questões de números 11 a 20 referem-se ao texto seguinte.

Propósitos para o Ano Novo

O que conseguimos neste último ano? Quanto falta para a meta? Quanto nos desviamos? Quais foram os erros? Era isso mesmo o que a gente queria da vida? Os balanços prosperam no fim do ano.

O problema é que, muitas vezes, eles se apresentam como listas de frustrações: algumas coisas não deram certo, algo iludiu nossos esforços, fracassamos. E qual é o problema? Não seria bom dispor do catálogo de nossos desacertos? Afinal, com ele na mão, deveria ser mais fácil inventar um futuro que corrija o passado. Faz sentido. Mas não é bem isso o que acontece: de regra, a lista das frustrações transforma-se numa cantilena não de emendas e projetos, mas de acusações. A coisa é particularmente sensível quando os membros de um casal fazem seu balanço: nesse caso, as frustrações de um são sempre culpa do outro.

"Não escrevi o grande romance brasileiro deste século porque você não soube me proteger do choro das crianças." "Deixei de formar-me em biologia porque você quis ter filhos logo." "Não fui para a Antártida porque você se esqueceria de tomar seu remédio contra a pressão alta". O extraordinário é que, mesmo enunciadas na frente de um terceiro, essas frases não suscitam o riso. Ao contrário, elas solidificam o ressentimento.

Aparentemente, o milagre de conseguir conviver, de inventar a cada dia compromissos viáveis entre desejos diferentes, não vale nada. Na hora de fazer as contas, só importa o sacrifício imposto à liberdade absoluta e triste que seria a nossa, se pudéssemos viver sem concessões, ou seja, sem fazer caso de nenhum semelhante.

(Contardo Calligaris, Terra de ninguém)

Está inteiramente correta a pontuação da seguinte frase:

  • A.

    Há os que se gabam de jamais fazerem concessões, a quem quer que seja, será que não imaginam, que para isso é preciso não levar em conta − seus próprios semelhantes?

  • B.

    Há os que se gabam de jamais fazerem concessões a quem quer que seja; será que não imaginam que, para isso, é preciso não levar em conta seus próprios semelhantes?

  • C.

    Há os que se gabam, de jamais fazerem concessões, a quem quer que seja: será que não imaginam que para isso é preciso não levar em conta seus próprios semelhantes?

  • D.

    Há os que se gabam de jamais fazerem concessões, a quem quer que seja, será que não imaginam que, para isso é preciso não levar em conta: seus próprios semelhantes?

  • E.

    Há os que se gabam de, jamais, fazerem concessões, a quem quer, que seja: será que não imaginam que para isso é preciso não levar em conta seus próprios semelhantes...

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