Assinale a opção em que o segmento foi transcrito sem qualquer erro gramatical ou textual.
Ao contrário do ódio, da rivalidade explícita ou do temor diante do adversário que ameaça privarmo-nos do que julgamos fundamental para nossas vidas, o alheiamento consiste numa atitude de distanciamento, em que a hostilidade ou o vivido persecutório são substituídos pela desqualificação do sujeito como ser moral.
Desqualificar moralmente o outro significa, não vê-lo como um agente autônomo e criador potencial de normas éticas, ou como um parceiro na obediência à leis partilhadas e consentidas ou, por fim, como alguém que deve ser respeitado em sua integridade física e moral.
No estado da alienação, o agente da violência não tem consciência da qualidade violenta de seus atos. Se o possível objeto da violência nada tem a oferecê-lo, então não conta como pessoa humana e pouco importa o que venha a sofrer.
Se, ao contrário, tem algo que interessa sobre o violentador, a única qualidade relevante do violentado é a de ser suporte dos objetos ou predicados desejados, e o que quer que lhe aconteça, é igualmente irrelevante para quem deseja apenas apropriar-se daquilo a que cobiça.
No meu entender, a forma de vida das elites, no Brasil, vem progressivamente apoiando-se nesse modelo de subjetivação ou individualização. Isso implica dizer que, da perspectiva desses indivíduos, os pobres e miseráveis são cada vez menos percebidos como pessoas morais.
(Jurandir Freire, "A ética democrática e seus inimigos – o lado privado da violência pública", em O desafio ético,com adaptações){TITLE}
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