Contos de vigário
Passam-se tempos sem que ouçamos falar em contos de vigário. Muito bem. Tornamo-nos otimistas, imaginamos que, se a reportagem não menciona esses espantosos casos de tolice combinada com safadeza, certamente os homens ficaram sabidos e melhoraram.
Pensamos assim e devemos estar em erro. Provavelmente esse negócio continua a florescer, mas as vítimas têm vergonha de queixar-se e confessar que são idiotas. Raras vezes um cidadão se resolve a afrontar o ridículo, e vai à polícia declarar que, não obstante ser parvo, teve a intenção de embrulhar o seu semelhante,
O que ele faz depois de logrado é meter-se em casa, arrancar os cabelos, evitar os espelhos e passar uns dias de cama, procedimento que todos nós adotamos quando, em consequência de um disparate volumoso, nos sentimos inferiores ao resto da humanidade. Convenientemente curado, cicatrizado, esquecida a fraqueza, o sujeito levanta-se e adquire consistência para realizar nova tolice. E assim por diante, até a hora da tolice máxima, em que ninguém reincide porque isto é impossível.
(a.t.d.)
Quanto à descrição gramatical de elementos do texto, assinale a opção correta.
A forma verbal Passam-se (linha 1) está no plural para atender à regra gramatical de concordância com o sujeito da oração.
Em Tornamo-nos (linha 2), a supressão do s é prescrita para se evitar o efeito do eco.
O verbo queixar-se (linha 8), utilizado no texto como verbo pronominal, conjuga-se facultativamente sem o pronome.
Em levanta-se (linha 17), a partícula se indica a indeterminação do sujeito.
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