Há um cheiro podre de Colômbia no ar brasileiro. Não temos ainda, é evidente, um Estado paralelo corrupto e criminoso atuando em função do narcotráfico. Mas a comparação com o desgoverno colombiano já soou mais forçada. E o que importa, como gosta de dizer o presidente, é o rumo que o país vai tomando. Em que, exatamente, está se transformando esta sociedade? O seqüestro e assassinato inomináveis de Celso Daniel acrescentam uma pedra triste à gangsterização da sociedade brasileira. A expressão é dura, decerto, mas o que foi a era Collor se não um filme B de gangsterismo de Estado patrocinado pelas elites do Sudeste rico do país?
Será que o crime no Brasil chegou aos níveis de sofisticação e planejamento das grandes famílias mafiosas? Em vez de "crime organizado", não será o Brasil, definitivamente, desorganizado e, portanto, incapaz de enfrentar o crime, a fome, a miséria, a injustiça e o que mais vier? A polícia é que é desorganizada. A Justiça é desorganizada. Depois da morte do prefeito Celso Daniel, anunciam grupos de trabalho, aumento do efetivo policial, Exército e Polícia Federal na investigação. Mas de polícia inteligente ninguém fala. De Justiça eficiente e dura ninguém diz nada.
Tendo os textos acima por referência, julgue os itens seguintes, que focalizam a violência que, no Brasil dos dias atuais, atinge elevadas proporções e mobiliza distintos setores da sociedade para debatê-la e enfrentá-la.No caso do primeiro texto, a referência ao primeiro governo eleito diretamente após a queda do regime militar não se dá aleatoriamente: alvo de um processo de impeachment, o presidente — cuja eleição fora apoiada pelas "elites do Sudeste rico do país", temerosas da vitória de uma candidatura de esquerda — foi afastado do poder após uma CPI ter apontado a sua participação, ainda que implícita, em rede de corrupção à sombra do Estado.
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