O jornalista Nilson Lage, no livro Controle da Opinião Pública: um ensaio sobre a verdade conveniente (1988), analisa os efeitos sociais dos meios de comunicação de massa sobre os indivíduos. Na obra, ele menciona o papel fundamental da Escola de Frankfurt e dos respectivos estudos acerca da indústria cultural para a compreensão dos paralelismos entre comunicação e sociedade, cultura e as respectivas representações sociais. Surgida nas duas primeiras décadas do século passado, na Alemanha, a Escola de Frankfurt notabilizou-se por analisar os efeitos que os meios de comunicação de massa tiveram sobre as sociedades europeias da época e mesmo o mundo na primeira metade do século 20, embora os ecos desses efeitos perdurem e sejam perpetuados ainda hoje.
Considerando essas informações, no que se refere à indústria cultural, assinale a alternativa correta.
- A. Seu conceito se presta a uma análise de como uma sociedade gera e proporciona a massificação do indivíduo pela mídia. A partir desses estudos, os sociólogos Theodor Adorno e Max Horkheimer comprovaram que regimes como o fascismo e o nazismo não teriam tanto alcance caso não tivessem se beneficiado dos conceitos relativos à manipulação da informação e à comunicação de massa. Para tais teóricos, a cultura constitui a ferramenta que cria e perpetua formas de controle da sociedade: é ela quem promove necessidades não existentes e propicia o advento de uma sociedade consumista e infensa a suprir as carências reais de seus indivíduos.
- B. Os meios de comunicação têm uma influência primordial em como os indivíduos se veem e enxergam os fatos que os rodeiam, mas a mídia necessita de um princípio autorregulador, embora seja nada mais do que o puro reflexo de uma sociedade. A partir dessa compreensão, os teóricos Leo Löwenthal e Ernst Bloch concluíram que a indústria cultural é apenas uma maneira com que tal princípio autorregulador se apresenta, mas que foi confundido com censura e uma forma de mascarar a realidade de uma sociedade exposta aos meios de comunicação.
- C. O princípio basilar de compreensão da indústria cultural sedimenta-se na própria procura de entender e suprir as carências da sociedade, considerando o bem-estar do indivíduo como o objetivo primeiro de sua existência. Todavia, segundo Herbert Marcuse e Martin Heidegger, o conceito da indústria cultural foi mal-compreendido e utilizado com fins totalitários, embora na própria essência esteja o embrião de uma sociedade ideal, até utópica.
- D. A compreensão de seu conceito decorre do entendimento de que a comunicação de massa só existe porque as carências individuais exigem os meios para a remediação delas. Partindo dessa constatação, Erich Fromm e Jürgen Habermas definem que a indústria cultural pode ser (ou não) uma ferramenta a serviço ou a desserviço da sociedade, a depender de como é apreendida por governos e governantes, que podem se apropriar da máquina pública como bem entenderem. Para tais teóricos, só o controle social realizado pelo Estado pode servir de efetivo meio de coibir tais abusos.
- E. Ela surgiu no advento do fordismo e da produção em massa de bens para consumo na sociedade industrial. Para Martin Heidegger e Erich Fromm, a acepção máxima da indústria cultural se daria no apogeu de uma sociedade em que não houvesse pobreza nem iniquidades, mas cujo conceito essencial se perdeu no desenrolar do capitalismo e de uma sociedade de mercado, como bem previa Adam Smith, na famosa obra A Riqueza das Nações (1776).