Alguns estudiosos como Werner Jaeger atribuem um importante papel aos poetas Homero e Hesíodo na passagem do mito à filosofia porque, na poesia de ambos,
o elemento fantástico torna-se ainda mais monstruoso do que nas narrativas míticas anteriores, contribuindo para estimular o já latente descrédito no mito e a busca de explicações racionais.
os acontecimentos nunca são apresentados numa simples seqüência narrativa, havendo uma preocupação em apresentar um nexo causal entre os motivos das ações e um esforço para apresentar a realidade em seu todo.
os personagens míticos são representados completamente destituídos de poderes fantásticos e sobrenaturais, incitando a dúvida a respeito da veracidade de seus feitos e da inexorabilidade das leis divinas.
a recorrência a certas idéias do orfismo, como a imortalidade e a transmigração das almas, conquista aos poucos a adesão dos gregos que abandonam sua religião oficial e retiram daí as bases para a nascente filosofia.
a noção da justiça como virtude fundamental e condição das outras virtudes desaparece, dando primazia ao desenvolvimento da sabedoria concebida como a prática de ações em conformidade com o Logos.
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