Nas práticas arcaicas, o discurso não constata o real, ele performativamente o faz ser. (...) No discurso 'racional' diz-se que as coisas são tais; logo, diz-se a verdade: subordina-se a verdade ao real que ela enuncia. (...) A passagem às práticas racionais de veridicidade pode, portanto, ser descrita como uma inversão: da autoridade do mestre como abonador da realidade daquilo que ele fala à autoridade da realidade como abonadora da veridicidade do que diz o locutor.
No texto supracitado, Francis Wolff aponta uma das várias diferenças fundamentais entre o discurso racional e o discurso arcaico ou mítico. A partir dele, é correto dizer que no discurso
racional a verdade e a realidade estão subordinadas a seu enunciador.
mítico a verdade impõe-se a partir da realidade das coisas, a despeito do mestre que o profere.
racional a verdade depende de práticas rituais que instituem a própria realidade.
racional a realidade é instituída performativamente pelo elocutor.
racional a verdade é subordinada à realidade das coisas que se busca descrever.
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