História - História do Brasil - FUNRIO Fundação de Apoio a Pesquisa, Ensino e Assistência (FUNRIO) - 2007
"Não se contentou a minha família em ter um quinhão anônimo no regozijo público; entendeu oportuno e indispensável celebrar a destituição do imperador com um jantar, e tal jantar que o ruído das aclamações chegasse aos ouvidos de Sua Alteza, ou quando menos de seus ministros. (...) Dada a hora , achou-se reunida uma sociedade seleta, o juiz de fora , três ou quatro oficiais militares, alguns comerciantes e letrados, vários funcionários da administração, uns com suas mulheres e filhas, outros sem eles, mas todos comungando no desejo de atolar a memória de Bonaparte no papo de um peru."
[Machado de Assis. Memórias Póstumas de Brás Cubas]
O trecho acima remonta ao final da dominação de Portugal pelas tropas napoleônicas, período no qual a família real portuguesa transferiu a sede da monarquia para a sua colônia na América, acarretando modificações importantes nas relações entre metrópole e colônia. Embora Napoleão tenha sido deposto no ano de 1815, D. João aqui permaneceu até o ano de 1820, quando regressou por ordem das Cortes, deixando seu filho Pedro como Príncipe Regente.
A respeito desse período, sustenta-se:
o príncipe regente D. João, assim que aportou em Salvador decretou a "abertura dos portos às nações amigas", pondo fim a trezentos anos de monopólio colonial; porém, não garantindo à Inglaterra a condição de principal parceira comercial
em 1810, as coroas portuguesa e inglesa assinaram os Tratados de "Aliança e Amizade" e de "Comércio e Navegação", ratificando a presença inglesa na economia brasileira e garantindo aos produtos ingleses vantagens tarifárias, até mesmo em relação aos produtos portugueses
em 1815, em uma conjuntura histórica de reconstrução da Europa com o Congresso de Viena, D. João elevou a colônia à condição de Reino Unido a Portugal e Algarves, o que veio de encontro aos interesses de nobres lusitanos que para cá vieram com a Corte e se enraizaram, devido às facilidades a eles concedidas no tocante à aquisição de sesmarias
em 1817, como reação à política de taxações excessivas empreendidas por D. João, eclodiu em Pernambuco a revolta conhecida por "Revolução Pernambucana", que contou com a adesão de diversos segmentos da sociedade local, os quais desejavam a emancipação política da província, a imediata expulsão dos portugueses ligados ao comércio varejista, a abolição da escravidão e o estabelecimento de um regime democrático
em 1821, cedendo às pressões das Cortes reunidas em Portugal, às quais muito desagradou o fato de o monarca ter se recusado a jurar a futura constituição, D. João VI retornou para Portugal, deixando, porém, D. Pedro como príncipe regente, a fim de que pudesse organizar uma reação de caráter absolutista
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