Quanto ao Modelo Cognitivo para a Psicopatologia da Dependência e uso de substâncias psicoativas de Beck, é INCORRETO afirmar:
- A. As experiências de vida precoce podem influenciar o desenvolvimento de uma crença básica disfuncional. Diante de situações específicas, crenças e suposições serão ativadas e o indivíduo desenvolverá padrões comportamentais denominados de estratégias compensatórias. As estratégias compensatórias visam aliviar a aflitiva crença básica. Diversas situações de vida podem ativar a mesma crença básica. Entretanto, para cada situação, o comportamento pode variar.
- B. As crenças relacionadas à droga mantêm uma relação coerente com as crenças básicas de caráter mais genérico. Assim, o modelo cognitivo postula que a dependência é resultado da interação entre o contato inicial com a droga e as cognições que se formarão por influência das crenças básicas. Não são, portanto, todas as pessoas que, ao ter contato com a droga, desenvolverão dependência.
- C. Marlatt descreve: "A Prevenção de Recaída (PR) é um programa de manejo que visa melhorar o estágio de manutenção do Processo de Mudança de Hábitos". A PR complementa aos modelos de doença e moral, admitindo que a dependência química é um mau hábito adquirido e passível de mudança, com a participação do paciente. Para tanto, é necessário explorar de modo afícuo as atitudes e os comportamentos que facilitam a manutenção do hábito.
- D. As crenças relacionadas às drogas são de duas naturezas: 1) facilitadoras e 2) de expectativas positivas. O paciente, ao avaliar sua situação de estudante como muito árdua, começa a pensar que merece descontrair-se no bar durante o período da tarde; que beber melhora o estresse e que vai ser agradável a conversa com os amigos. Estas crenças são suficientes para eliciar pensamentos automáticos como vou beber e desencadear a fissura. Outras crenças, agora na vigência da fissura, aparecem: são crenças facilitadoras. Por exemplo, não consigo suportar a vontade; só há um modo de melhorar essa vontade: usar!. Esse conjunto de cognições impulsiona o paciente ao uso, fechando um ciclo cognitivo para o uso continuado da droga.
- E. De acordo com Proshaska e DiClemente, a motivação do paciente segue uma espiral constituída dos seguintes estágios: 1) pré-contemplação: o paciente não reconhece que tem problemas relacionados ao uso de substâncias psicoativas; 2) contemplação: o paciente reconhece que tem um problema, porém, não consegue mudar seu comportamento, nem seu estilo de vida para atingir, como meta, a abstinência; 3) ação: o paciente reconhece seu problema relacionado ao uso de drogas psicoativas e se compromete a mudar seu comportamento através de estratégias eficazes (mudança do estilo de vida, reconhecimento e enfrentamento de situações de risco, etc); 4) manutenção: o paciente, uma vez que conseguiu atingir a abstinência, toma decisões no sentido de manter o novo comportamento.