Questão número 644412

O texto adiante é um fragmento do romance autobiográico Infância, de Graciliano Ramos, publicado em 1945. Leia-o e responda a questão proposta.

“Poder ser alguém em uma sociedade, para muitas pessoas sempre esteve ligado ao fato de ter conhecimento da letra, ser letrado. O pai tinha consciência da importância do poder que tinha a escrita, pois, em sua concepção, um homem letrado era um homem ‘sabido’ que possuía armas terríveis, as letras. No entanto, o sujeito aprende a ler, mas não adquire, muitas vezes, a capacidade de fazer uso da escrita. Como aconteceu com o menino: Certamente meu pai usara um horrível embuste naquela maldita manhã, inculcando-me a excelência do papel impresso. Eu não lia direito, mas, arfando penosamente, conseguia mastigar os conceitos sisudos: ‘A preguiça é a chave da pobreza – Quem não ouve conselhos raras vezes acerta – Fala pouco e bem: ter-te-ão por alguém.” Esse Terteão para mim era um homem, e não pude saber que fazia ele na página inal da carta. As outras folhas se desprendiam, restavam-me as linhas em negrita, resumo da ciência anunciada por meu pai.

- Mocinha, quem é Terteão?

Mocinha estranhou a pergunta. Não havia pensado que Terteão fosse homem. Talvez fosse. “Fala pouco e bem: ter-te-ão por alguém”.

- Mocinha, que quer dizer isso?

Mocinha confessou honestamente que não conhecia Terteão. E eu iquei triste, remoendo a promessa de meu pai, aguardando novas decepções.”

Relativamente às formas e à colocação de pronomes, podemos airmar corretamente que:

  • A. Graciliano expressa a estranheza ignorante do menino-narrador e de Mocinha diante do uso do pronome oblíquo átono te em posição de ênclise na forma verbal ter, conjugada no futuro do presente do subjuntivo.
  • B. Graciliano expressa a estranheza ignorante do menino-narrador e de Mocinha diante do uso do pronome oblíquo átono te em posição de mesóclise na forma verbal ter, conjugada no futuro do presente do indicativo.
  • C. Graciliano expressa a estranheza ignorante do menino-narrador e de Mocinha diante do uso do pronome oblíquo reto te em posição de mesóclise na forma verbal ter, conjugada no futuro mais que perfeito do indicativo.
  • D. Graciliano expressa a estranheza ignorante do menino-narrador e de Mocinha diante do uso do pronome oblíquo átono te em posição de próclise na forma verbal ter, conjugada no futuro do presente do indicativo.
  • E. Graciliano expressa a estranheza ignorante do menino-narrador e de Mocinha diante do uso do pronome oblíquo átono te em posição proclítica na forma verbal ter, conjugada no futuro do pretérito do indicativo.
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