Língua Portuguesa - Outros assuntos relacionados à Língua Portuguesa - Escola de Administração Fazendária (ESAF) - 2006
Assinale o trecho que, ao ser transcrito de O tempo domesticado, de Estevão de Rezende Martins, publicado no Correio do Livro da UnB, jul/set 2004, não respeitou a correção gramatical.
Em busca de tornar-se senhor do tempo, o homem debruça-se sobre o passado, com a clara intenção de haver-se com o presente, de modo que o amanhã seja seu. Vencer a esfera milenar é criar o novo tempo, a nova história, a nova sociedade, livre dos achaques da anterior.
Transposto da linguagem teológica para a política ou historiográfica, essa preocupação representa simbolicamente a luta contra as circunstâncias do aqui e do agora, em nome de valor maior a recuperar ou a alcançar.
Mesmo que haja abstração da tradição cristã, cuja influência na matriz de pensamento ocidental é, contudo, inegável, pela reflexão e pelo agir históricos, caracteriza a ação humana.
O impasse da destruição iminente, o sofrimento agudo, a ameaça de perda de identidade, o risco de aniquilação, eis experiências radicais que engendram rapidamente o recurso à reflexão histórica, e à ação política, para domesticar o tempo que pareceria escapar, qual areia, por entre os dedos.
Tanto na Antigüidade tardia, no choque entre judeus e Roma que resultaram na destruição de Jerusalém, quanto no Portugal órfão de Dom Sebastião ou ainda no Brasil de Antônio Conselheiro, apanhado na transição da monarquia para a república a projeção de um ideal salvador traz para atores e pensadores o quadro de uma domesticação do tempo.
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