Língua Portuguesa - Outros assuntos relacionados à Língua Portuguesa - Fundação Carlos Chagas (FCC) - 2007
As questões de números 11 a 20 referem-se ao texto seguinte.
Propósitos para o Ano Novo
O que conseguimos neste último ano? Quanto falta para a meta? Quanto nos desviamos? Quais foram os erros? Era isso mesmo o que a gente queria da vida? Os balanços prosperam no fim do ano.
O problema é que, muitas vezes, eles se apresentam como listas de frustrações: algumas coisas não deram certo, algo iludiu nossos esforços, fracassamos. E qual é o problema? Não seria bom dispor do catálogo de nossos desacertos? Afinal, com ele na mão, deveria ser mais fácil inventar um futuro que corrija o passado. Faz sentido. Mas não é bem isso o que acontece: de regra, a lista das frustrações transforma-se numa cantilena não de emendas e projetos, mas de acusações. A coisa é particularmente sensível quando os membros de um casal fazem seu balanço: nesse caso, as frustrações de um são sempre culpa do outro.
"Não escrevi o grande romance brasileiro deste século porque você não soube me proteger do choro das crianças." "Deixei de formar-me em biologia porque você quis ter filhos logo." "Não fui para a Antártida porque você se esqueceria de tomar seu remédio contra a pressão alta". O extraordinário é que, mesmo enunciadas na frente de um terceiro, essas frases não suscitam o riso. Ao contrário, elas solidificam o ressentimento.
Aparentemente, o milagre de conseguir conviver, de inventar a cada dia compromissos viáveis entre desejos diferentes, não vale nada. Na hora de fazer as contas, só importa o sacrifício imposto à liberdade absoluta e triste que seria a nossa, se pudéssemos viver sem concessões, ou seja, sem fazer caso de nenhum semelhante.
(Contardo Calligaris, Terra de ninguém)
É preciso corrigir a má estruturação da seguinte frase:
Em muitos casais atribui-se ao parceiro que as frustrações se devem sobretudo a ele, o que se torna causa de ressentimentos.
É muito cômodo atribuir a alguém a culpa pelas frustrações que sentimos por havermos estabelecido metas que não conseguimos atingir.
Em vez de culparmos os outros, melhor seria tomarmos consciência das razões que nos levaram ao sentimento de frustração.
Se lutássemos para atingir metas alcançáveis, não nos daríamos ao trabalho de culpar os outros pelo nosso fracasso.
Há muitos ressentimentos que decorrem da nossa incapacidade de avaliar as forças com que contamos para atingir determinadas metas.
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