Segundo FIORIN, em Polifonia Textual e Discursiva (1999), a intertextualidade é o processo de incorporação de um texto em outro, seja para reproduzir o sentido incorporado, seja para transformá-lo. Há de haver três processos de intertextualidade: a citação, a alusão e a estilização. [...] A estilização é a reprodução dos procedimentos do discurso de outrem, isto é, do estilo de outrem, em geral, com função polêmica.
Considere o contexto de produção dos enunciados a seguir para identificar aquele em que ocorre o processo de estilização.
- A. A Polícia Federal deflagrou hoje (15) a Operação Catilinárias, em conjunto com o Ministério Público Federal. (In: Marcelo Camargo, Agência Brasil, 15. dez. 2015. A manchete incorpora discurso político de Cícero dirigido a Catilina, conhecido como Catilinárias.)
- B. De minha parte, creio que fora de Paris não há salvação para um homem de espírito. (In: Roberto Pompeu de Toledo, Veja, 25. nov. 2015, em homenagem a Paris, retoma em seu artigo, entre aspas, uma frase de Molière).
- C. Rua Líbero Badaró, 67, terceiro andar, sala 2, centro de São Paulo. O endereço da garçonière do escritor Oswald de Andrade (1890-1954) é considerado por estudiosos um dos berços do modernismo brasileiro. (Luís Anatônio Giron. A garçonière redescoberta. Folha de S. Paulo, 20 de dezembro de 2015.)
- D. Dizia o dono da venda: É 11; pra você eu faço 10. (In: Corra, freguês, corra, Ivan Ângelo, Veja São Paulo, 25. nov. 2015. O trecho entre aspas reproduz a fala de personagem.)
- E. Nem cinco sóis eram passados que de vós nos partíramos, quando a mais temerosa desdita pesou sobre Nós. [...] O que vos interessará mais, por sem dúvida, é saberdes que os guerreiros de cá não buscam mavórticas damas para o enlace epitalâmico. (Mário de Andrade, em Macunaíma, retomando Camões).