O apanhador de poemas
Um poema sempre me pareceu algo assim como um pássaro engaiolado... E que, para apanhá-lo vivo, era preciso um cuidado infinito. Um poema não se pega a tiro. Nem a laço. Nem a grito. Não, o grito é o que mais o espanta. Um poema, é preciso esperá-lo com paciência e silenciosamente como um gato. É preciso que lhe armemos ciladas: com rimas, que são o seu alpiste; há poemas que só se deixam apanhar com isto. Outros que só ficam presos atrás das catorze grades de um soneto. É preciso esperá-lo com assonâncias e aliterações para que ele cante. É preciso recebê-lo com ritmo, para que ele comece a dançar. E há os poemas livres, imprevisíveis. Para esses é preciso inventar, na hora, armadilhas imprevistas.
Mário Quintana. Da preguiça como método de trabalho. Rio de Janeiro: Globo, 1987, p. 102-3.
No período É preciso esperá-lo com assonâncias e aliterações para que ele cante, o autor cita duas figuras de linguagem, que consistem, respectivamente, na
A) repetição de sons vocálicos e na imitação ou reprodução de um som.
B) repetição da mesma palavra no início das orações e na repetição de um termo ou de uma ideia.
C) repetição da mesma palavra no início de diversas orações e na imitação ou reprodução de um som.
D) imitação ou reprodução de um som e na repetição de sons consonantais.
E) repetição de sons vocálicos e na repetição de sons consonantais.