Boateiro
Diz que era um sujeito tão boateiro, que chegava a arrepiar. Onde houvesse um grupinho conversando, ele entrava na conversa e, em pouco tempo, estava informando: Já prenderam o novo Presidente, Na Bahia os comunistas estão incendiando as igrejas, Mataram agorinha o Cardeal, enfim, essas bossas.
O boateiro encheu tanto, que um coronel resolveu dar-lhe uma lição. Mandou prender o sujeito e, no quartel, levou-o até um paredão, colocou um pelotão de fuzilamento na frente, vendou-lhe os olhos e berrou: Fogoooo!!!. Ouviu-se aquele barulho de tiros e o boateiro caiu desmaiado.
Sim, caiu desmaiado porque o coronel queria apenas dar-lhe um susto. Quando o boateiro acordou, na enfermaria do quartel, o coronel falou pra ele:
Olhe, seu pilantra. Isto foi apenas para lhe dar uma lição. Fica espalhando mais boato idiota por aí, que eu lhe mando prender outra vez e aí não vou fuzilar com bala de festim não.
Daí soltou o cara, que saiu meio escaldado pela rua e logo na primeira esquina encontrou uns conhecidos:
Quais são as novidades? perguntaram os conhecidos.
O boateiro olhou pros lados, tomou um ar de cumplicidade e disse baixinho: O nosso Exército está completamente sem munição.
PONTE PRETA, Stanislaw. Garoto linha dura. Rio de Janeiro:
Civilização Brasileira, 1975.
Releia este trecho:
Diz que era um sujeito tão boateiro, que chegava a arrepiar.
O verbo destacado mantém relação de concordância com
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