Recordo ainda
Recordo ainda E nada mais me importa
Aqueles dias de uma luz tão mansa
Que me deixavam, sempre de lembrança,
Algum brinquedo novo à minha porta
Mas veio um vento de desesperança
Soprando cinzas pela noite morta!
E eu pendurei na galharia torta
Todos os meus brinquedos de criança
Estrada afora após segui Mas ai,
Embora idade e senso que aparente,
Não vos iluda o velho que aqui vai:
Eu quero meus brinquedos novamente!
Sou um pobre menino acreditai
Que envelheceu, um dia, de repente!
QUINTANA, Mário. Poesias. Porto Alegre: Globo, 1962.
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