Questão número 668844

Sexo e temperamento em três sociedades primitivas

  Nos anos 30, Margareth Mead comparou três sociedades primitivas da Nova Guiné, visando observar como as atitudes sociais se relacionavam com as diferenças sexuais. A partir dos resultados obtidos na pesquisa, concluiu que a crença, então compartilhada na sociedade americana, em um temperamento inato ligado ao sexo não era universal. Segundo ela, toda cultura determina de algum modo os papéis dos homens e das mulheres, mas não o faz necessariamente em termos de contraste entre as personalidades prescritas para os dois sexos nem em termos de dominação ou submissão.
  Entre os povos estudados por Mead, os montanheses Arapesh, agricultores e criadores de porcos, eram (homens e mulheres) maternais, cooperativos, sociáveis, pouco individualistas e orientados para as necessidades da geração seguinte. Em síntese, um povo com características “femininas”.
  Já os ferozes caçadores de cabeça Mundugumor, agricultores e pescadores, eram o extremo oposto. De acordo com a autora, desprezando o sexo como base para o estabelecimento de diferenças de personalidade, padronizaram o comportamento de homens e mulheres como “ativamente masculino, viril e sem quaisquer das características edulcoradas que estamos acostumados a considerar indiscutivelmente femininas”. Esse povo era formado por indivíduos implacáveis que se aproximavam de um tipo de personalidade que, na cultura americana, só se encontraria em homens indisciplinados e extremamente violentos.
  Nos Tchambuli, por sua vez, pescadores lacustres e amantes das artes, havia uma inversão das atitudes sexuais: a mulher seria o parceiro dirigente, dominador e impessoal, e o homem, menos responsável e emocionalmente dependente.
  Para Mead, o fato de que traços de temperamento tradicionalmente considerados femininos fossem, em uma tribo, erigidos como padrão masculino e, em outra, prescritos para a maioria das mulheres e dos homens demonstra não haver base para considerar tais aspectos comportamentais vinculados ao sexo. Essa conclusão seria reforçada pela inversão da posição de dominância entre os sexos no terceiro povo estudado.
(PISCITELLI, Adriana. Uma questão de gênero – Mente cérebro. São Paulo: Duetto Editorial, 2008. p. 24)
Pode-se firmar sobre o texto que:

    A) Os papéis relativos a homens e mulheres são determinados por sua natureza sexual, ou seja, de gênero, que se repete nas diversas civilizações, como chega à conclusão a autora.

    B) Cada cultura determina de algum modo os papéis dos homens e das mulheres em sua sociedade; assim os papéis não necessariamente se repetem nas diferentes sociedades por causa apenas do gênero.

    C) Os povos Arapesh e Tchambuli, segundo Margareth Mead, apresentavam características semelhantes: eram mais maternais; enquanto o povo Mundugumor era extremante viril, independente do sexo biológico.

    D) O povo Mundugumor apresentava características demasiado masculinas nos homens, que eram agricultores e pescadores, muito violentos, ao contrário de suas mulheres.

    E) O povo Tchambuli era extremamente sensível, tanto os homens quanto as mulheres, o que gerava uma dificuldade de relacionamento entre s gêneros.

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