Se levarmos a sério o significado da palavra psicopatologia discurso (logos, logia) da paixão, do afeto (pathos) psíquico seremos, imediatamente, remetidos ao método clínico: espaço percorrido a caminho da palavra representante desse sofrimento. O método assim entendido contém uma lógica que não é formal e se revela pela narrativa construída pelo médico e o paciente na situação clínica. A psicopatologia é, portanto, discurso resultante de caminho visando um objetivo, ou seja, ela se realiza por meio da prática clínica. A prática clínica é, por sua vez, caminho que se percorre e seu resultado, sempre precário, quando posto em palavra, chama-se psicopatologia, assim é INCORRETO afirmar que:
A) Psicopatologia é uma área do conhecimento que objetiva estudar os estados psíquicos relacionados ao sofrimento não só mental, mas físico também. É a área de estudos que está na base da psiquiatria, da filosofia e da sociologia cujo enfoque é clínico.
B) Psicopatologia é uma área do conhecimento que objetiva estudar os estados psíquicos relacionados ao sofrimento mental. É a área de estudos que está na base da psiquiatria, cujo enfoque é clínico.
C) O espaço da psicopatologia é composto por várias perspectivas teórico e práticas acerca do psicopatológico. É lícito expressar que a referência ao corpo como realidade da doença, cujo diagnóstico é pautado pelo grau de oposição ao normal, constitui o tema crucial sob cujo domínio se posiciona os vários projetos clínicos. Assim, a psicopatologia, como um terreno circunscrito do saber médico sobre os transtornos psíquicos, caracteriza-se por uma diversidade de teorias que abordam a problemática da especificidade do psicopatológico e de suas relações com o normal.
D) Freud em A interpretação de sonhos (1900/1996a) e A psicopatologia da vida cotidiana (1901/1996c) estabelece identidade entre os fenômenos psíquicos sob o argumento de que são realizações de desejo. Nessa perspectiva, as noções de normal e patológico não apontam para uma descontinuidade absoluta entre experiências psíquicas, porquanto, nos sonhos, esquecimentos corriqueiros, paralisias histéricas e delírios, por exemplo, o que está em jogo é o desejo do sujeito.