Cárie dentária em adolescentes de 15 a 19 anos de idade no Estado de São Paulo, Brasil, 2002
Por Lívia L. Gushi et al. (trecho de artigo adaptado)
Diversos estudos realizados a partir da década de 70 apontaram uma expressiva redução na prevalência da cárie dentária na maioria dos países desenvolvidos (1,2,3). Esse fato também foi observado no Brasil, em pesquisas epidemiológicas nacionais realizadas em 1986 e 1996 (4,5) e em várias investigações realizadas em municípios brasileiros (6,7,8,9).
Em 1986, o CPO-D de indivíduos com 12 anos de idade foi de 6,65, ou seja, uma prevalência muita alta segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). Já em 1996, um levantamento epidemiológico de saúde bucal realizado em todas as capitais brasileiras apontou um CPO-D médio de 3,06 aos 12 anos de idade, o qual estava bastante próximo da meta estabelecida para o ano 2000 pela OMS (CPO-D < 3,0), vinte anos antes. Atualmente, aproximadamente 70,0% dos países no mundo alcançaram a meta de CPO-D < 3,0 aos 12 anos de idade (10,11).
Os fatores apontados como prováveis responsáveis pelo declínio na prevalência de cárie no Brasil são: o aumento e a universalização da exposição das pessoas ao flúor em suas variadas formas de aplicação, com destaque especial para a água de abastecimento e os dentifrícios fluoretados, a maior ênfase nas atividades de promoção de saúde, a melhoria nas condições de saúde e qualidade de vida, além da mudança nos critérios de diagnóstico de cárie (6,12).
No entanto, certas comunidades brasileiras não foram beneficiadas da mesma maneira, pois a ausência de fluoretação da água de abastecimento, a falta de acesso a programas preventivos e o nível sócio-econômico-cultural baixo tornaram as pessoas suscetíveis a concentrarem níveis mais elevados da cárie, polarizando, dessa forma, a distribuição da doença (8). Esse fenômeno, conhecido como polarização, consiste na concentração da maior parte da doença ou das necessidades de tratamento em uma pequena parcela da população (13).
Como o índice CPO-D sozinho proporciona uma visão incompleta da situação da incidência da cárie na saúde bucal das pessoas em distribuições assimétricas, um novo índice, denominado Significant Caries Index (SiC Index), foi proposto no ano 2000 (14), calculando-se a média CPO-D para um terço do grupo com os maiores níveis da doença, a fim de focalizar a atenção nessa assimetria. Assim, o SiC Index pode fornecer informações adicionais importantes sobre o impacto da cárie naqueles mais afetados (15).
Apesar de a cárie dentária ser a doença bucal mais estudada em todo o mundo, a maioria das pesquisas concentra-se em crianças em idade escolar, não havendo dados suficientes na literatura sobre a prevalência de cárie dentária em adolescentes (16,17).
(Disponível em: http://bit.ly/3niawCa).