Para Hannah Arendt (1996), embora a qualificação profissional seja indispensável para o exercício da autoridade docente na sala de aula, a qualificação, por maior que seja, nunca engendra por si só autoridade. Nesta ótica, defende que:
- A. a qualificação do professor consiste em conhecer o mundo e ser capaz de instruir os outros acerca deste, porém, sua autoridade se assenta na responsabilidade que ele assume por este mundo. Em face da criança, é como se ele fosse um representante de todos os habitantes adultos, apontando os detalhes e dizendo à criança: - Isso é o nosso mundo.
- B. a questão da autoridade, para além da qualificação stricto sensu do professor, passa a se configurar como o ponto nevrálgico da ética docente, reguladora primordial do trabalho pedagógico e, portanto, condição fundamental à aprendizagem.
- C. a função da escola é ensinar às crianças como o mundo é, e não instruí-las na arte de viver. Dado que o mundo é velho, sempre mais que elas mesmas, a aprendizagem volta-se inevitavelmente para o futuro, não importa o quanto a vida seja transcorrida no presente.
- D. a crise da autoridade na educação guarda a mais estreita conexão com a crise da modernidade, ou seja, com a crise de nossa atitude perante o âmbito do futuro.
- E. é sobremodo difícil para o educador arcar com esse aspecto da crise moderna, pois é de seu ofício servir como mediador entre o velho e o novo, de tal modo que sua própria profissão lhe exige um respeito extraordinário pelo presente.