Questões de Filosofia do ano 2003

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Desde sempre o Iluminismo, no sentido mais abrangente de um pensar que faz progressos, perseguiu o objetivo de livrar os homens do medo e de fazer deles senhores. Mas, completamente iluminada, a terra resplandece sob o sígno do infortúnio triunfal. O programa do iluminismo era o de livrar o mundo do feitiço. Sua pretensão, a de dissolver os mitos e eliminar a imaginação, por meio do saber [...] O entendimento, que venceu a superstição, deve ter voz de comando sobre a natureza desenfeitiçada [...] O que os homens querem aprender da natureza é como aplicá-la para dominar completamente sobre ela e sobre os homens.

A partir do trecho acima é correto afirmar que, para Adorno e Horkheimer:

  • A.

    o desejo de dominação do homem sobre a natureza aboliu o mito e a magia e instaurou a racionalidade técnica e controladora.

  • B.

    o Iluminismo propiciou simultaneamente um progresso técnico e moral a partir da libertação das superstições e dos mitos.

  • C.

    a racionalidade moderna tende a, progressivamente, libertar os homens do medo e da dominação.

  • D.

    o infortúnio de nossa sociedade deve-se ao malogro do ideal iluminista de pleno desenvolvimento da razão.

  • E.

    somente a contínua desmistificação da natureza poderá nos livrar definitivamente da dominação do homem sobre o homem.

Verdade e falsidade podem ser predicados das proposições, nunca dos argumentos. Do mesmo modo, propriedades de validade ou invalidade só podem pertencer a argumentos dedutivos, mas nunca a proposições.

(I. Copi)

A partir desse esclarecimento de Copi é correto afirmar que:

  • A.

    a conclusão de um argumento será necessariamente um raciocínio inválido se as premissas forem falsas.

  • B.

    se as premissas e a conclusão de um argumento forem verdadeiras, a conclusão deve necessariamente ser resultado de um raciocínio válido.

  • C.

    um argumento pode conter exclusivamente proposições falsas e, apesar disso, seu raciocínio pode ser válido.

  • D.

    as premissas de um argumento podem ser todas verdadeiras e sua conclusão válida, mas falsa.

  • E.

    é possível determinar a verdade ou falsidade de uma premissa analisando-se a validade do raciocínio.

O conjunto das relações de produção (que corresponde ao grau de desenvolvimento das forças produtivas materiais) constitui a estrutura econômica da sociedade, a base concreta sobre a qual se eleva uma superestrutura jurídica e política à qual correspondem determinadas formas de consciência social. O modo de reprodução de vida material determina o desenvolvimento da vida social, política e intelectual em geral. Não é a consciência dos homens que determina seu ser; é seu ser social que, inversamente, determina sua consciência.

É correto afirmar que o texto acima apresenta uma visão característica:

  • A.

    do jusnaturalismo dos séculos XVII e XVIII.

  • B.

    do idealismo alemão do século XIX.

  • C.

    da economia política liberal.

  • D.

    do materialismo epicurista grego.

  • E.

    do materialismo histórico do século XIX.

O fim da filosofia é o esclarecimento lógico dos pensamentos. A filosofia não é uma teoria, mas uma atividade. Uma obra filosófica consiste essencialmente em elucidações. O resultado da filosofia não são proposições filosóficas, mas é tornar proposições claras. Cumpre à filosofia tornar claros e delimitar precisamente os pensamentos, antes como que turvos e indistintos.

(L. Wittgenstein)

A visão de filosofia acima expressa gerou uma corrente significativa de trabalhos cuja característica fundamental é

  • A.

    a fusão da filosofia com as ciências da natureza, trazendo à primeira um estatuto científico.

  • B.

    a ênfase em estudos voltados para as linguagens, analisando-as do ponto de vista da clareza dos conceitos e da força dos argumentos.

  • C.

    a separação entre as ciências e a metafísica, ficando esta última como tarefa eminentemente filosófica.

  • D.

    a ênfase na construção, por parte da filosofia, de sistemas éticos, já que as proposições sobre a natureza ficam ao encargo das ciências.

  • E.

    o abandono de qualquer pretensão de esclarecimento conceitual nos campos tradicionais da ética e da epistemologia.

Precisamos nos desfazer de todas as idéias, de todas as crenças recebidas, ou seja, libertarmo-nos de todas as tradições, de todas as autoridades, se quisermos alguma vez reencontrar a pureza nativa da nossa razão, chegar à certeza da verdade.

(A. Koyré)

É correto afirmar que, nessa passagem, Koyré se refere

  • A.

    à necessidade que tem o cético de permanecer em dúvida, por considerar impossível alcançar qualquer certeza.

  • B.

    à proposta de São Tomás de Aquino de integrar o costume à razão para obter o conhecimento das coisas.

  • C.

    ao momento em que Descartes precisou da dúvida para se desfazer de idéias pré-concebidas e fundar uma ciência inteiramente baseada na razão.

  • D.

    à continuidade do projeto renascentista de dominação da natureza que Bacon implementou no final do século XVI.

  • E.

    à origem da crítica da razão pura, promovida por Kant em resposta ao racionalismo do século XVII.

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