Questões de História da IF PI

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O hermeneuta Paul Ricoeur, ao pontuar as interseções entre a narrativa historiográfica e a ficcional, fez a seguinte colocação:

“O problema será, então, mostrar como a refiguração do tempo pela história e pela ficção se concretiza graças a empréstimos que cada modo narrativo toma do outro. Esses empréstimos consistirão no fato de que a intencionalidade histórica só se efetua incorporando à sua intenção os recursos de ficcionalização que dependem do imaginário narrativo, ao passo que a intencionalidade da narrativa de ficção só produz os seus efeitos de detecção e de transformação do agir e do padecer assumindo simetricamente os recursos de historicização que lhe oferecem as tentativas de reconstrução do passado efetivo. Desses intercâmbios íntimos entre historicização na narrativa de ficção e ficcionalização da narrativa histórica, nasce o que chamamos de tempo humano, e que é senão o tempo narrado.”

(RICOEUR, Paul. Tempo e narrativa. Tomo III. Campinas, SP: Papirus, 1997, p. 176-177). A partir do pensamento exposto e das discussões travadas nas últimas décadas no âmbito da historiografia, julgue os itens e assinale a alternativa correta:

I Hoje há um consenso entre os historiadores de que a narrativa historiográfica não se diferencia da narrativa ficcional, logo a produção acadêmica de um historiador tem o mesmo estatuto e objetivos da produção de um literato.

II Divergências à parte, é cada vez mais comum a aceitação de que as narrativashistoriográfica e ficcional, embora mantendo as suas respectivas particularidades, se aproximam em muitos aspectos e tomam “emprestados”, uma da outra, recursos narrativos para melhor sustentar seus enunciados e dialogar com seus públicos.

III Fenômeno essencialmente histórico, o tempo, ou seus efeitos sobre os homens, só pode ser entendido e descrito pela historiografia. Desse modo, entende-se o porquê da ficção, em termos de capacidade de narrativização de experiências e sentimentos humanos, continuar a manter um estatuto inferior em relação às narrativas historiográficas.

Está(ão) correta(s) a(s) alternativa(s)

  • A.

    Apenas a alternativa I.

  • B.

    Apenas a alternativa II.

  • C.

    Apenas a alternativa IIII.

  • D.

    As alternativas I e II.

  • E.

    As alternativas II e III.

O texto a seguir serve de parâmetro para pensar o fenômeno de vendas em que se transformaram os livros com temáticas históricas. Após a leitura, marque a alternativa INCORRETA.

  • A.

    Segundo a crítica da autora, a produção da dita história “não acadêmica” encontra acolhida entre o grande público devido, entre outros motivos, ao seu diálogo com fórmulas de explicação simplistas, já há algum tempo criticadas na Academia.

  • B.

    Se, por um lado, essa “história de massas” simplifica processos históricos complexos na tentativa de construir uma veia explicativa que possa ser entendida pelo grande público, por outro, força uma reflexão no sentido de tornar, na medida do possível, o conhecimento historiográfico acessível a uma parcela maior de leitores.

  • C.

    Levando-se em consideração que a modalidade “não acadêmica” da história se orienta pelas crenças e curiosidades comuns ao seu tempo, entende-se o porquê de, por volta dos anos 2000 e 2008, ter havido, no Brasil, um boom editorial de livros cujas temáticas envolveram, respectivamente, a chegada dos portugueses à América e a transferência da família real portuguesa para o Brasil.

  • D.

    Adotando um princípio teleológico de explicação, onde todos os fatos estariam ligados entre si e levariam a um desfecho inevitável, a produção “não acadêmica” da história possibilita, ao leitor não especializado, um entendimento confortável do passado.

  • E. Sem ligação com questões de ordem comercial, o sucesso de vendas de livros com temática histórica se deve às iniciativas bem sucedidas de historiadores, das mais variadas correntes, no sentido de transpor os muros das Universidades e alcançar o grande público.

“A reconstrução e a interpretação do passado é um fazer valer o passado para o presente, o converter o passado num acontecimento do presente [...]. A experiência do passado, portanto, não é um passatempo, um mecanismo de evasão do mundo real e do eu real. E não se reduz, tampouco, a um meio para adquirir conhecimentos sobre o que aconteceu. No primeiro caso, o passado não nos afeta [...], dado que transcorre num tempo-espaço separado. No segundo caso, o passado tampouco nos afeta [...], dado que aquilo que sabemos mantém-se exterior a nós mesmos e ao mundo em que vivemos. A interpretação do passado só é experiência quando tomamos o passado como algo ao qual devemos atribuir um sentido em relação a nós mesmos”.

(LARROSA, Jorge. Pedagogia profana: danças, piruetas e mascaradas. Belo Horizonte: Autêntica, 2004, p. 135).Sobre a relação entre historiografia e o ensino de História, pode-se afirmar:

I O ensino de História tem como função abolir a distância temporal que separa o aluno das sociedades e culturas do passado. Quanto mais os alunos abolem essa distância, mais próximos eles ficam de construir uma experiência histórica concreta e significativa.

II Ao fazer valer o passado para o presente, o ensino de História tem a função de possibilitar aos educandos a experiência de reviver eventos passados como se fossem contemporâneos seus. Nesse sentido, uma boa problematização deve tentar reconstruir os fatos passados tal como teriam ocorrido.

III Fazer valer o passado para o presente não significa deixar de perceber as rupturas queexistem entre diferentes temporalidades, pois, através do estranhamento em relação a outras experiências históricas, os alunos podem reconhecer sua própria temporalidade.

Está(ão) correta(s) a(s):

  • A.

    Apenas a alternativa I.

  • B.

    Apenas a alternativa II.

  • C.

    Apenas a alternativa IIII.

  • D.

    As alternativas I e II.

  • E.

    As alternativas II e III.

O texto a seguir deve servir como motivador para uma reflexão acerca da historiografia produzida no Brasil nas últimas décadas: “A formação colonial brasileira entre os séculos XVI e XIX é uma realidade histórica que chegou até nós por sucessivas interpretações, de modo que não podemos ter a pretensão de conhecê-la “como realmente foi”. A imagem que dela fazemos é resultado dessas interpretações, as quais, como acontece com qualquer ciência, frequentemente “corrigem” e refutam explicações e pontos de vista anteriores, que pareciam solidariamente assentados”.

(WEBLING, Arno e WEBLING, Maria José C. M. Como se pensou a formação colonial brasileira? In: Formação do Brasil Colonial. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2005, p. 13).

I A crítica feita pelos historiadores caminha no sentido de perceber como a produção historiográfica responde às problemáticas e expectativas postas por determinadas configurações histórico-culturais. Isso explica o porquê de eventos singulares do passado colonial brasileiro ser interpretados e vistos de perspectivasdiferentes ao sabor dos interesses que movem as pesquisas no Brasil.

II Um grande ponto de inflexão na historiografia brasileira que aborda temáticas ligadas ao passado colonial acontece em um de seus mais importantes e delicados temas: a escravidão. A partir da década de 1980 a historiografia buscou relativizar as dicotomias senhor x escravo, explorador x explorado, e passou a perceber, também, as relações de afetividade e acomodações individuais que marcaram o sistema escravista brasileiro.

III Estando em defasagem com relação à historiografia praticada em países como França, Inglaterra e Estados Unidos da América, a produção acadêmica brasileira continua a desconsiderar temáticas ligadas às minorias sociais e às práticas culturais populares.

IV Partindo do pressuposto de que a História busca responder aos anseios do tempo em que age o historiador, compreende-se a valorização de temáticas como vida privada, sexualidade, gênero, religiosidade e minorias sociais na historiografia que trata do passado colonial brasileiro.

Está(ão) INCORRETA(S) a(s)

  • A.

    Apenas a alternativa I.

  • B.

    Apenas a alternativa II.

  • C.

    Apenas a alternativa III.

  • D.

    Apenas a alternativa IV.

  • E.

    As alternativas II e III.

“A República encontrou o movimento republicano piauiense na sua fase de organização partidária e quase nenhum peso teve nas decisões futuras. Os liberais e conservadores nenhuma reação esboçaram no sentido de defender o Império, que a todos havia agraciado; no ano seguinte seus membros encontravam-se, com toda desenvoltura, no movimento de fundação dos partidos republicanos”.

(FILHO, Alcebíades Costa. Aspectos da política no Piauí Provincial (1855 – 1899). In: Revista Espaço-Tempo. V. 1. nº 4. Teresina, Ed. Gráfica da UFPI. p. 14) Julgue os itens como verdadeiros ou falsos, assinalando a sequência correta:

I A política piauiense do final do Império e início da República era acentuadamente controlada por grupos familiares. Os dois partidos existentes, o Liberal e o Conservador, embora teoricamente opostos e por vezes envolvidos em disputas violentas, tinham posturas semelhantes ao assumir o governo.

II O movimento republicano do Piauí na década de 1880 foi marcado pela fundação do primeiro Clube Republicano da Província. Esse clube serviu como palco para a atuação política dos bacharéis formados na Escola de Direito do Recife.

III Apenas em março de 1890, foram criados os primeiros partidos republicanos do Piauí: o Partido Republicano Federal (PRF) e o Partido Democrata (PD). Nesses dois partidos foram agrupados tanto republicanos como monarquistas históricos, que se uniram para a manutenção de seu poder e prestígio junto ao novo governo.

IV O novo governo republicano assumiu, no Piauí, uma proposta administrativa que assegura a participação de parte significativa da população no processo eleitoral, como queriam Clodoaldo Freitas e Higino Cunha.

  • A.

    F-V-V-F

  • B.

    V-V-V-V.

  • C.

    V-V-V-F

  • D.

    F-F-V-V.

  • E.

    V-F-V-V.

“Consciente da necessidade de clareza frente à postura pedagógica e às particularidades da disciplina que ministro, elejo o que acredito serem as habilidades e competências a desenvolver junto aos alunos [...]. No eleger dessas habilidades e competências [...], estão implícitas concepções de História e do ensino de História. Vejamos: 1) a aceitação de que a História, mesmo se pretendendo uma ciência, não está imune à falibilidade; 2) a submissão do conhecimento historiográfico a um regime de historicidade, ou seja, pensar o próprio conhecimento como algo relacionado a uma dada configuração que o torna possível; 3) a necessidade de pôr à prova a própria ideia de verdade sem, contudo, confundir esse questionamento com o niilismo que nega a possibilidade de reflexões coerentes num campo de saber; 4) construir uma cultura que faça perceber que a escrita da história, como bem explicou Certeau, está circunscrita a uma operação historiográfica e que, por isso, deve reconhecer seus sujeitos, suas questões, seus métodos e suas fontes.

(SILVA, José Luís de Oliveira e. Pensando o ofício do historiador no ambiente escolar: práticas pedagógicas e a incorporação do xadrez nas aulas de Idade Média. In: Anais do V Simpósio Nacional de História Cultural. Brasília: UNB, 2010).

Segundo o texto, o ensino de História deve:

  • A.

    Levar os alunos a compreender, sobretudo, os grandes eventos políticos que marcaram a construção histórica do seu país.

  • B.

    Focar a atenção no papel e na formação do professor, haja vista que ele é o principio e o fim do processo de ensino-aprendizagem.

  • C.

    Possibilitar aos alunos um arcabouço teórico-metodológico que possibilite uma leitura crítica e coerente dos processos histórico e historiográfico.

  • D.

    Desconfiar das informações vinculadas pela mídia, submetendo-as a uma fonte de conhecimento verdadeiramente segura: os livros de história.

  • E.

    Preocupar-se em submeter os fatos históricos a uma operação historiográfica como forma de alcançar um saber verídico e isento de subjetividade.

Através desse fragmento, os PCNs estão criticando o seguinte, EXCETO:

A organização curricular tradicional da História, disseminada na maior parte das escolas, destaca alguns acontecimentos considerados como marcos, para, a partir deles, construir um quadro didático em que os acontecimentos são inseridos numa continuidade espaço–temporal linear, ordenado por uma lógica de causas e consequências. Assim, por exemplo, a Independência do Brasil, pautada como item importante do conteúdo programático, é explicada por suas conexões causais com uma série de acontecimentos políticos imediatamente anteriores, ordenados em sequência linear, como se a própria sucessão cronológica contivesse, em si mesma, a força explicativa. Essa organização se baseia numa noção de processo histórico como mudança linear, que destaca os acontecimentos singulares ou particulares, o que resulta num conhecimento fragmentado.

Parâmetros Curriculares Nacionais: Ciências Humanas e suas Tecnologias, p. 77.

  • A.

    Uma concepção de tempo histórico utilizado, especificamente, para a compreensão da História do Brasil.

  • B.

    O modelo de ensino da História alicerçado sob uma concepção cronológica do tempo.

  • C.

    A supervalorização dos acontecimentos históricos em detrimento de uma visão mais ampla acerca dos processos que os envolvem.

  • D.

    A utilização de eventos oficiais como pedra angular para o ensino de História.

  • E.

    Um tipo de explicação histórica em que um episódio estaria ligado, irremediavelmente, a uma cadeia de episódios anteriores e posteriores.

O texto a seguir faz parte do depoimento dado por Joana Pereira de Abreu, mestiça residente em Oeiras, acusada de feitiçaria em 1758: “ Um mês antes, me contou a dita Mãe Cecília que o demônio tinha torpeza com as mulheres. E que se eu queria falar e ter com ele, ela me ensinaria. Aceitei eu, como rapariga de nenhuns miolos e por outra parte de costumes de pouca ou nenhuma boa educação. Então me disse ela que eu havia de ir nua à porta da igreja da mesma vila da Mocha [...], que ali havia de bater com as partes prepósteras assim nua umas três vezes na porta da igreja [...]. E que dali havia de endireitar nua para umas covas de defunto que estão a um lado da vila, aonde chamam o Enforcado, por se ali ter enforcado algumas vezes alguns moleques delinqüentes. E ali me havia de aparecer um moleque e que eu pondo-me na postura de quatro pés, ele me havia de conhecer pela parte próspera”.

(Arquivo Nacional da Torre do Tombo. Inquisição de Lisboa, Caderno do Promotor, n.121, Livro 31, fls.125- 127. Apud MOTT, Luiz. A Inquisição no Piauí. IN: NASCIMENTO, Francisco Alcides e VAINFAS, Ronaldo (orgs). História e Historiografia. Recife: Bagaço, 2006. p. 211-212).

Assinale a alternativa INCORRETA:

  • A.

    As práticas e denúncias de feitiçarias verificadas na América Portuguesa podem ser interpretadas como sendo originárias da coexistência de uma grande quantidade de crenças religiosas que se verificaram no então território português após o contato entre europeus, indígenas e africanos.

  • B.

    A adoração ao demônio e a crença na possibilidade de com ele manter “relações torpes”, tão comuns na Europa Medieval, migraram para a América Portuguesa, chegando também ao Piauí.

  • C.

    As práticas de feitiçaria eram atribuídas exclusivamente às mulheres, por este motivo, nos inquéritos desse tipo de crime, não consta a presença de denunciados homens.

  • D.

    Já no século XVIII, mesmo não abandonando as regiões interioranas, os representantes da Inquisição Portuguesa passaram a dar maior atenção às regiões urbanas, em especial as de São Paulo e Minas Gerais, à época mais propícias a esses desvios.

  • E.

    Além das denúncias envolvendo práticas de feitiçaria, também ocorreram no Piauí a delação de outros crimes, sendo os mais comuns a bigamia e o abuso de poder praticado por membros do clero.

As imagens a seguir são, respectivamente, reproduções das bandeiras do Império Brasileiro, da primeira bandeira republicana brasileira – que teve a vigência de três dias – e da atual bandeira nacional (para o auxilio do(a) candidato(a), observa-se que as cores predominantes em todas elas são o verde e o amarelo).

Partindo do pressuposto de que um símbolo nacional traz muito das ideologias de um país, pode-se afirmar o seguinte, EXCETO:

  • A.

    Há um certo grau de continuidade ideológica entre o novo governo republicano e o governo imperial que o antecedeu.

  • B.

    A troca prematura de símbolos nacionais demonstra a falta de clareza ideológica do novo regime republicano no Brasil.

  • C.

    Entre as correntes ideológicas que povoavam a cena política na passagem do Império para a República esteve presente o liberalismo, nos moldes do existente na República Norte Americana.

  • D.

    Embora tenha havido grandes disputas em torno do perfil do novo regime republicano, percebe-se que houve uma predileção pala concepção positivista de governo.

  • E.

    O modelo da atual bandeira brasileira demonstra uma preocupação dos envolvidos no processo de proclamação da República de instituir um novo governo independente de antigas ideologias e modelos políticos.

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