Questões de Português

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A questão dize respeito ao Texto. Leia-o atentamente antes de respondê-la.

(Texto)


“A equipe de Hampshire descobriu que, em alguns casos graves, [...]” (linhas 13 e 14).
O termo destacado exerce a seguinte função morfológica:

    A) Conjunção.

    B) Preposição.

    C) Pronome relativo.

    D) Pronome indefinido.


No trecho “Tal sentimento é uma via de mão dupla: beneficia não só quem o desenvolve, mas também o emissor” (R. 30 e 31), do texto CG1A2-I, a expressão “não só ... mas também” exprime uma relação de

    A) conclusão.

    B) consequência.

    C) comparação.

    D) oposição.

    E) adição.


Acerca da estrutura da oração e do período, é correto afirmar que a partícula “que” (linha 26) introduz uma:

    A) Oração subordinada substantiva completiva nominal.

    B) Oração subordinada substantiva predicativa.

    C) Oração subordinada adjetiva restritiva.

    D) Oração subordinada adjetiva explicativa.

Texto 1


Conectividade 




Eram umas nove mulheres entre primas e amigas! Um lanche presencial para reunir a conversa, era a intenção. Entrei em casa, um silêncio sepulcral! Até me assustei. Onde estarão as beldades? Para minha surpresa e alívio estavam na sala, todas conectadas no WhatsApp, conversando com outras amigas e acho que até mesmo entre elas. Nem me viram. Saí pé por pé para não interromper a “conversa”. Conversa de corpo presente com as ausentes e das ausentes com as de corpo presente. “Roucas” de tanto clicarem! Tempos modernos!


Joao Marcos Mallucelli. Disponível em https://paranaportal.uol.com.br/colunas/cronic as-de-sexta/conectividade/ Acesso em: 23/05/2020.




Analise as seguintes assertivas sobre o texto I de Joao Marcos Mallucelli, colunista do Paraná Portal da Uol:

I. Usando da injunção, o autor alerta para o tempo que as pessoas passam conectadas em redes sociais deixando de lado às que convivem presencialmente.
II. Emprega interjeições para indicar o espanto que o autor sentiu diante da situação presenciada.

III. O uso de pronome e verbos na primeira pessoa indica que o autor foi convidado para a conversa, mas desistiu de participar pela decepção de acontecer pelo WhatsApp.

IV. O uso das aspas nas palavras “conversa” e “roucas”, mostra que o autor faz inferências opinativas sobre a situação vivenciada.

    A) Apenas I e IV.

    B) Apenas II e III.

    C) Apenas II e IV.

    D) Apenas II, III e IV.

    E) Apenas I, III e IV.

Preço médio do etanol

Os preços médios do etanol hidratado subiram em 19 estados e no Distrito Federal na semana encerrada no sábado (04/07/2020), em comparação com a semana anterior (encerrada no sábado, dia 27/06/2020), de acordo com levantamento da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) compilado pelo AE-Taxas. A cotação do biocombustível caiu em outros 6 estados e ficou inalterada na Paraíba.

Nos postos pesquisados pela ANP em todo o Brasil, o preço médio do etanol subiu 1,03% entre a semana encerrada no dia 27/06/2020 e a semana encerrada no dia 04/07/2020, passando de R$ 2,709 para R$ 2,737, o litro. Ao longo do mês de junho de 2020, a alta foi de 7,67%, alcançando o valor médio de R$ 2,542 nos postos pesquisados por todo o país.

Em São Paulo, principal estado produtor, consumidor e com mais postos avaliados, a cotação média do etanol hidratado ficou em R$ 2,544 (na semana encerrada em 04/07/2020), representando, assim, uma alta de 0,83% ante a semana anterior, encerrada no dia 27/06/2020, quando o preço médio era de R$ 2,523. A média da semana de 04/07/2020 também representa uma elevação de 8,95% na comparação com o mês de junho de 2020, quando a cotação média era de R$ 2,335.

Ainda considerando apenas a semana encerrada no dia 04/07/2020, a maior alta porcentual foi registrada no Tocantins, com elevação de 3,84%. A maior queda nesse período foi verificada em Roraima, com redução de 6,04%. O preço mínimo registrado na referida semana para o etanol em um posto foi de R$ 2,059, o litro, em São Paulo; e o menor preço médio estadual, de R$ 2,437, foi registrado em Mato Grosso. O preço máximo individual na semana citada, de R$ 4,999, o litro, foi verificado em um posto do Rio Grande do Sul. O Rio Grande do Sul também teve o maior preço médio, de R$ 3,945.

Na comparação mensal (em relação a junho de 2020), os preços do etanol subiram em 18 estados e no Distrito Federal e cederam em outros 8 estados. O estado que registrou a maior alta porcentual na comparação mensal foi no Paraná, com elevação de 14,15% no preço do etanol hidratado. A queda mais expressiva foi verificada em Roraima (- 5,45%).

Por Agência Estado, em julho de 2020 (disponível em: https://bit.ly/32jbYww). Com adaptações. 
Leia o texto 'Preço médio do etanol' e, em seguida, analise as afirmativas abaixo: I. Nos postos pesquisados pela ANP em todo o Brasil, o preço médio do etanol subiu 1,03% entre a semana encerrada no dia 27/06/2020 e a semana encerrada no dia 04/07/2020, de acordo com as informações apresentadas pelo texto. II. O menor preço médio do etanol hidratado registrado na semana encerrada no dia 04/07/2020 foi de R$ 2,734, no estado do Mato Grosso, de acordo com o texto. Marque a alternativa CORRETA:

    A) As duas afirmativas são verdadeiras.

    B) A afirmativa I é verdadeira, e a II é falsa.

    C) A afirmativa II é verdadeira, e a I é falsa.

    D) As duas afirmativas são falsas.

Autoridade


Para compreendermos a questão da autoridade em nossos dias, devemos buscar na base histórica da formação de nossa sociedade contemporânea indícios que confirmam e influenciam as relações da nossa época atual, desde os primeiros indícios da sociedade Grega e, posteriormente, sua efetivação na vida pública/política no Império Romano, culminando na era cristã. 

O conceito e a prática da autoridade se estruturam de forma significativa nessas sociedades, onde reside toda estrutura da autoridade nos tempos modernos, desde sua solidificação no decorrer dos tempos até a sua crise nos dias atuais.

Na sociedade grega, se configurava um quadro social característico. Em sua intrincada estrutura, inexistia uma relação de autoridade no contexto da esfera pública/política. Os cidadãos gregos eram seus próprios governantes, que se autodenominavam de polis grega, ou um governo de muitos governantes, ou seja, os cidadãos exerciam a democracia no princípio da igualdade e na persuasão dos argumentos, só se verificando a relação de autoridade nos momentos de exceção, como exemplo, em períodos de guerra ou na relação com os seus escravos. 

Posteriormente, no Império Romano, apesar de forte influência da cultura grega, o conceito de autoridade se instala no fato político. A fundação romana continha um forte caráter sagrado, pois nessa sociedade a religião e a política eram consideradas idênticas, e o conceito de autoridade estava fortemente fincado na tradição e na religião.

Na sociedade cristã, aparentemente antagônica aos valores greco-romanos, o que se observa é a forte influência herdada das sociedades anteriores em relação à concepção de autoridade, pois os mesmos pilares de tradição e religião como parâmetros de autoridade foram mantidos e reforçados.

Portanto, analisando a formação de nossa sociedade pela história, passamos a entender a crise de autoridade que vivenciamos, porque o seu conceito está configurado na tradição e na religião, que não correspondem mais aos anseios de nossa sociedade atual.

(Adaptado. Revisão linguística. Trecho de SALVADOR, M.A. S. Disponível em: https://bit.ly/2x51aF2)

Leia o texto 'A Questão da Autoridade entre Professor e Aluno, um Desafio da Escola (trecho)' e, em seguida, analise as afirmativas abaixo:


I. Como sugere o texto, a questão da autoridade, durante séculos, esteve ligada à religião, por apresentar-se, muitas vezes, na figura de homens considerados “sagrados”.

II. O autor conclui que a crise de autoridade que vivemos atualmente está relacionada ao fato de que a religião e a tradição não correspondem mais aos anseios de nossa sociedade atual. Ou seja, elas mudaram de acordo com o tempo e o discurso religioso perdeu validade, pois mais pessoas se tornaram ateias.


Marque a alternativa CORRETA:

    A) As duas afirmativas são verdadeiras.

    B) A afirmativa I é verdadeira, e a II é falsa.

    C) A afirmativa II é verdadeira, e a I é falsa.

    D) As duas afirmativas são falsas.

COGNA

A empresa Cogna comunicou recentemente que realizou protocolo público para registro da oferta pública inicial de ações (IPO, na sigla em inglês) da sua subsidiária, a empresa Vasta Platform Limited. O procedimento foi realizado junto à Securities and Exchange Commission (SEC), nos Estados Unidos (EUA).

A Cogna Educação (anteriormente Kroton Educacional) é a segunda maior empresa do mundo relacionada à educação. Foi fundada em 1966, em Belo Horizonte (MG), a partir da criação de uma empresa de cursos pré-vestibular chamada Pitágoras. Ela atua em todos os níveis escolares, tais como: Ensino Fundamental e Médio, ensino básico para adultos, vestibular, cursos livres, educação superior e pós-graduação.

A Cogna conta com mais de 1,185 milhão de estudantes presenciais, 819.000 na modalidade de EaD, 290.000 estudantes na Educação Básica, 127 campi e 726 polos divididos entre 11 marcas educacionais que estão distribuídas em todos os estados brasileiros.

"A oferta [de ações] será realizada exclusivamente no exterior, tendo a Vasta Platform Limited pleiteado sua listagem na NASDAQ [uma bolsa de valores norteamericana], nos termos das disposições legais aplicáveis, sob a coordenação de determinadas instituições financeiras", afirmou a empresa.

De acordo com a Cogna, a Vasta irá consolidar as atividades do grupo relacionadas às soluções educacionais e digitais voltadas às escolas particulares que operam no segmento da Educação Básica. A oferta de ações foi aprovada em reunião do conselho de administração da Cogna.

A Cogna reforçou que a efetiva realização da oferta de ações e a definição sobre seu volume estão sujeitas, dentre outros fatores, à deliberação final da administração da companhia, à obtenção das aprovações societárias competentes, às condições políticas e macroeconômica favoráveis, entre outros fatores.

Por Paula Arend Laier, em 2020 (disponível em: https://bit.ly/3906gB9). Copyright © Thomson Reuters. Com adaptações. 
Leia o texto 'COGNA' e, em seguida, analise as afirmativas abaixo:
I. O texto procura deixar claro ao leitor a ideia de que a coordenação do processo de oferta de ações cabe a algumas instituições do setor de logística e agronegócios.
II. Uma das ideias presentes no texto é a de que a empresa Cogna comunicou que realizou protocolo público para registro da oferta pública inicial de ações (IPO, na sigla em inglês).
III. A oferta de ações da Securities and Exchange Commission será realizada exclusivamente no exterior, nas bolsas de valores da Europa e dos Estados Unidos, de acordo com a autora. Essa estratégia adquire destaque no terceiro parágrafo, quando a autora utiliza-se de um artigo indefinido para ressaltar a importância de se obter um consenso em relação à estratégia da empresa.
Marque a alternativa CORRETA:

    A) Nenhuma afirmativa está correta.

    B) Apenas uma afirmativa está correta

    C) Apenas duas afirmativas estão corretas.

    D) Todas as afirmativas estão corretas.

TELESCÓPIO ESPACIAL HUBBLE

O Telescópio Espacial Hubble será homenageado nos Estados Unidos (EUA) com uma moeda oficial de 1 dólar. A Casa da Moeda do país divulgou recentemente o design oficial da nova moeda, que estampa a imagem do telescópio sobrevoando a órbita terrestre, com parte do globo de nosso planeta logo abaixo. 

Essa moeda será um dos quatro dólares de ouro que serão emitidos este ano (2020) como parte de uma série especial de moedas para "homenagear a engenhosidade americana e celebrar os esforços pioneiros de indivíduos ou grupos de todos os 50 estados", de acordo com a Casa da Moeda dos EUA. O Hubble foi o selecionado para representar o estado de Maryland.

A moeda foi criada e esculpida por Joseph F. Menna, escultor e principal gravador da Casa da Moeda, que também trabalhou diversas mídias digitais e tradicionais de escultura. O logotipo da NASA está incluído na moeda, no corpo do telescópio. As inscrições na parte superior e inferior da moeda – "Estados Unidos da América", "O Telescópio Espacial Hubble" e "Maryland", foram desenhados em uma fonte com o mesmo estilo do logotipo da NASA.

Essa obra de arte que representa o Hubble foi recomendada à Casa da Moeda dos EUA pela Comissão de Belas Artes e pelo Comitê Consultivo para a Cunhagem dos Cidadãos. Além dela, havia outros 16 projetos candidatos ao tema da moeda, sendo seis deles focados no telescópio espacial Hubble. O Gabinete do Governador de Maryland também sugeriu o mapeamento do genoma humano como um possível tema.

Apesar de outros temas propostos terem sua importância, a escolha coincidiu com o aniversário do Hubble, que completou 30 anos no último mês de abril.


Disponível em: https://bit.ly/2ZvUMC7. Com adaptações. 
Leia o texto 'TELESCÓPIO ESPACIAL HUBBLE' e, em seguida, analise as afirmativas abaixo: I. O texto cita a existência de outros 16 projetos candidatos para o tema da moeda, sendo seis deles focados no telescópio espacial Hubble. II. A leitura do texto permite concluir que o Gabinete do Governador de Maryland sugeriu o mapeamento do genoma humano como um possível tema para a moeda. III. Uma das informações presentes no texto é a de que a escolha do tema para a moeda coincidiu com o aniversário do telescópio Hubble, que completou cinquenta anos em março de 2020.
Marque a alternativa CORRETA:

    A) Nenhuma afirmativa está correta.

    B) Apenas uma afirmativa está correta.

    C) Apenas duas afirmativas estão corretas.

    D) Todas as afirmativas estão corretas.

LUFADA DE ÉTICA NA CORTE

Certa vez presenciei uma divertida conversa entre o senador Darcy Ribeiro, recém-chegado ao Senado, e o então deputado constituinte Florestan Fernandes.

Darcy dizia em tom de brincadeira a Florestan que na eleição seguinte ele devia deixar a câmara baixa (Câmara dos Deputados) e se candidatar à câmara alta (Senado Federal).

“Venha pra cá, Florestan! Isso aqui é um pedaço da corte! No Brasil, o lugar mais próximo do céu é o Senado da República. Aqui a gente tem tudo que quer. Basta desejar alguma coisa que aparece um funcionário para lhe servir”. Os dois estavam impressionados com os ares monárquicos da Praça dos Três Poderes.

O professor Florestan dizia que, apesar de tudo, um dos pontos mais interessantes para se observar o Brasil era o Congresso Nacional e que no Plenário chegavam fragmentos políticos, sociais e culturais do país trazidos por cada parlamentar.

Disciplinado, cumpria rigorosamente os horários das sessões. Sentava-se na mesma cadeira e prestava atenção nos discursos de cada um com o devido respeito, apesar da grande maioria das intervenções serem de baixíssimo nível. Às vezes pedia aparte e debatia os assuntos com a erudição do cientista social que era, cumprindo sua função parlamentar. O burburinho do Plenário abrandava para ouvir o mestre.

Ao mesmo tempo era um homem despojado, almoçava todos os dias no restaurante dos funcionários. Não costumava ir ao mais frequentado pelos parlamentares.

Ele era tão cuidadoso com a própria conduta que certo dia, em São Paulo, passou mal em casa à noite, chamou um táxi e foi para o hospital do servidor. Dona Myriam, mulher dele, preocupada, ligou para Florestan Fernandes Júnior, que estava na TV e pediu para que ele fosse ao hospital acompanhar o pai.

Quando o filho chegou, o professor Florestan estava numa fila enorme para ser atendido. Ele sofria de hepatite C, doença que havia se agravado e lhe causava crises muito fortes.

Florestan Júnior perguntou por que ele, como deputado, não procurou o hospital Albert Einstein, o Sírio Libanês, ou outro que pudesse atendê-lo com rapidez e em melhores condições. Ele respondeu que era servidor público e que aquele era o hospital que teria que cuidar dele.

Perguntou também por que ele estava na fila, em vez de procurar diretamente o atendimento de emergência. Ele disse que estava na fila porque tinha fila e que todas as pessoas estavam ali em situação semelhante à dele, com algum problema de saúde, e que ele não tinha direito de ser atendido na frente de ninguém. 

Percebendo a gravidade da situação, o filho foi ao plantonista. O professor Florestan só saiu da fila depois que o médico insistiu para que ele entrasse, deitasse numa maca e fosse medicado. 

Na parede onde a maca estava encostada havia um quadro de avisos. Enquanto tomava soro na veia, olhando ao redor, viu afixado no canto do quadro um recorte de jornal amarelado pelo tempo.

Apontou o dedo e disse ao filho:

– Olha, é um artigo meu, publicado no jornal Folha de S. Paulo. Nesse eu defendo a saúde pública.

Como nos meses seguintes as crises tornaram-se cada vez mais fortes e frequentes, os médicos que cuidavam dele decidiram fazer transplante do fígado. 

Na época, Fernando Henrique Cardoso, seu ex-aluno na USP e amigo pessoal de muitos anos, era presidente da República e ficou sabendo que o professor Florestan faria a cirurgia.

Imediatamente ligou para ele, ofereceu traslado e a realização do transplante no melhor hospital de Cleveland, nos Estados Unidos. Florestan tinha alta comenda do país, a Ordem de Rio Branco, que lhe facultava certas prerrogativas.

Florestan agradeceu a gentileza de Fernando Henrique e disse que não poderia aceitar o privilégio. Que aceitaria se ele fizesse o mesmo com todos os brasileiros em situação mais grave do que a dele.

Em seguida ele fez o transplante em São Paulo e morreu no hospital por complicações pós-operatórias provocadas por erro humano.

Nesse momento de indigência moral e de decadência institucional do país, em que autoridades como magistrados, procuradores, parlamentares, ministros, o presidente da República, posam com exuberantes imposturas, usam e abusam dos cargos e funções públicas que ocupam para tirar proveitos próprios, lembrar de homens públicos e intelectuais de grandeza ética como o professor Florestan Fernandes e o professor Darcy Ribeiro talvez ajude a arejar o ambiente degradado da sociedade brasileira pelo golpe de Estado.

(CERQUEIRA, Laurez. Lufada de ética na corte. 2018. Disponível em: http://bit.ly/32n1YiU) 

Com base no texto 'LUFADA DE ÉTICA NA CORTE', leia as afirmativas a seguir:


I. A ironia contida no título do texto e presente nas atitudes do professor Florestan corresponde também à atitude do ex-presidente, elucidada no trecho “Imediatamente [Fernando Henrique Cardoso] ligou para ele, ofereceu traslado e a realização do transplante no melhor hospital de Cleveland, nos Estados Unidos”.

II. O texto tem como objetivo mostrar que, no Brasil, existem/existiram homens públicos e intelectuais de grandeza ética como o professor Florestan Fernandes e o professor Darcy Ribeiro. Estes são exemplos a serem seguidos, pois se destacaram no campo da saúde pública.


Marque a alternativa CORRETA:

    A) As duas afirmativas são verdadeiras.

    B) A afirmativa I é verdadeira, e a II é falsa.

    C) A afirmativa II é verdadeira, e a I é falsa.

    D) As duas afirmativas são falsas.

TEXTO I


                                     Para o futuro chegar mais rápido

É verdade: 15% de mulheres no Congresso é uma cifra constrangedora, e coloca o Brasil no rodapé dos rankings globais de participação feminina na política. Mas é motivo de orgulho o aumento de 50% registrado nas últimas eleições. [...]

Estaremos avançando? Na verdade, há bem pouco a se celebrar.

Se seguirmos no ritmo atual, ainda serão necessários 108 anos para que o mundo alcance a igualdade de gênero. A previsão – a maldição – é do Global Gender Report, estudo anual do Fórum Econômico Mundial. É uma projeção que precisa ser lida como um compêndio gigantesco de corpos estuprados – perto de 500.000 por ano só no Brasil, diz o IPEA –, de meninas sem acesso à educação básica, de barrigas de grávida em corpinhos ainda em formação, de noivas que deveriam estar brincando – de boneca ou de carrinho.

Cento e oito anos é muito tempo. É tempo demais. Mas há uma nova força entrando no tabuleiro. Uma palavra cujo novo significado ainda não foi compreendido pela geração que hoje está no poder: meninas.

Desde 2012, por iniciativa da ONU, 11 de outubro é o Dia Internacional da Menina. É uma palavra em transição, menina. Uma busca pelo termo no Google Images revela um sem fim de garotinhas maquiadas, quase sempre sozinhas e em um jogo de sedução com a câmera. Nada poderia estar mais distante do que vejo.

Sou a coordenadora nacional do Girl Up, um movimento global da Fundação ONU que treina, inspira e conecta meninas para que sejam líderes na mudança em direção a um mundo melhor, aqui definido pelos 17 Objetivos para o Desenvolvimento Sustentável da ONU. Se você está entre aqueles para quem o termo menina denota condescendência, permita-me contar o que elas andam aprontando.

Lia tem 16 anos e um dia me procurou com um contato dentro da Globosat na mão. Era Copa do Mundo e ela, que lidera o primeiro Clube Girl Up da capital fluminense, queria fazer um evento para algumas dezenas de meninas. Meia hora de Skype para pensar com ela o teor da reunião: foi tudo que ofereci. Os adultos da Globosat devem ter ficado embasbacados – como ficam os adultos que ainda não entenderam do que elas são capazes – quando um par de meninas sentou à sua frente para negociar os detalhes de uma tarde que envolveu tour pelos estúdios, jogo da Copa no telão da sede e bate-papo com Glenda Kozlowski, uma das maiores jornalistas esportivas do país.

Maria Antônia, 18 anos. Dinheiro da família para sair do país, nem em sonho. Assim mesmo, enfiou na cabeça que iria no Congresso de Liderança do Girl Up, que todos os anos reúne cerca de 400 meninas dos cinco continentes em Washington. Contando com uma rede enorme – elas aprendem cedo o poder das redes – Maria Antônia, idealizou e liderou o crowdfunding que viabilizou sua ida. Em setembro esteve entre os 78 estudantes selecionados para participar do Parlamento Jovem Brasileiro, sentando-se na cadeira da Presidência da Câmara.

Bruna, também 18. Me ligou em abril pra contar que havia agendado uma audiência pública na Câmara Municipal de Goiânia para discutir denúncias de assédio no ambiente escolar. O Clube que ela fundou na cidade tem particular interesse por advocacy, e essas meninas cavaram sozinhas o apoio da vereadora Dra. Cristina, que encampou o plano do Clube.

A Marina eu conheci no fim de agosto, quando ela nos procurou pelo Instagram pra falar de seu projeto. Ela preencheu com absoluta facilidade os requisitos que me permitiram justificar, à matriz americana do Girl Up, a viagem a São João Evangelista, cidadela de 14.000 habitantes a seis horas de ônibus ao norte de Belo Horizonte. Marina agendou visitas em cinco escolas públicas da região. Uma delas – a escola onde a Marina estudou – fica na zona rural. Ela tem 18 anos e a rotina espartana começa todos os dias às 3 da manhã com o estudo do inglês.

A diferença na renda familiar entre as quatro meninas é abismal. A cor da pele não é a mesma, e enquanto uma delas vive em um dos metros quadrados mais caros do país, outra não tinha energia elétrica em casa até cinco anos atrás. Mas não acredite nas imagens do Google: elas não estão sozinhas.

Lia, Maria Antônia, Bruna e Marina se conhecem e estão em um grupo de WhatsApp onde trocam informações sobre processos seletivos de universidades no exterior, um sonho partilhado pelas quatro. E elas são muitas, muito mais do que eu poderia contar. Quando garantimos às meninas uma vida livre de violências e asseguramos seus direitos básicos, todo o potencial que por séculos esteve enterrado aflora, originando um ciclo virtuoso benéfico para todos nós.

É hora de atualizar o navegador. A sueca de 16 anos que pode se tornar a pessoa mais jovem da História a ser laureada com o Nobel da Paz, se realizar o feito, ocupará o posto que hoje é de outra menina. Greta Thunberg e Malala não são exceções: são expoentes de uma onda poderosa, inteligente, conectada e crescente. Meninas: são elas a força capaz de acelerar os 108 anos que nos separam da igualdade de gênero.

Disponível em:<https://brasil.elpais.com/brasil/2019/10/10/opinion/1570715827_ 082487.html > . Acesso em: 14 out. 2019.

Assinale a alternativa que apresenta, entre parênteses, comentário incorreto acerca da opinião apresentada pela autora.

    A) “Nada poderia estar mais distante do que vejo.” (Referência às imagens de meninas estereotipadas apresentadas pelo navegador em comparação com as experiências atuais da autora em relação ao tema.)

    B) “É hora de atualizar o navegador.” (Referência à visão preconceituosa que o navegador da internet faz de meninas, motivado pela desigualdade de gêneros também presente na internet.)

    C) “[...] permita-me contar o que elas andam aprontando.” (Referência às ações das meninas relatadas no texto, que estiveram em contato com a autora.)

    D) “Mas não acredite nas imagens do Google: elas não estão sozinhas”.(Referência à capacidade de as meninas se reunirem em rede, diferentemente da imagem de solitárias encontradas em busca na internet.)

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