Questões de Português

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Sabe-se que um artigo de opinião é um gênero textual que parte da observância de fatos cotidianos para enriquecê-los com reflexões predominantemente de caráter social.

Nesse sentido, e a partir da situação-problema presente no artigo, analise as afirmativas a seguir.

I. A utilização da primeira pessoa do singular confere uma abordagem temática evidentemente subjetiva e apelativa em muitas passagens do artigo, como se percebe em: “O espanto com essa situação absurda me levou a investigar o quadro atual, após a Covid-19. Preparem-se.” (L. 42-43)

II. O argumento a partir de dados estatísticos, como ocorre em: “O fechamento das escolas em nível nacional foi adotado em 144 países. Em outros, as escolas fecharam apenas em algumas unidades regionais. O mapa atualiza a situação do Brasil: em 22 de junho, quase 53 milhões de estudantes sem aulas.” (L. 53-56) corrobora a gravidade das situações articuladas sobre o tema.

III. A defesa do ponto de vista do autor em: “Um dos grandes desafios após a pandemia já não será mais alcançar o Objetivo 4 da Agenda 2030. Será garantir a volta à escola dos alunos mais pobres, aqueles cujas famílias perderam emprego e renda com a crise econômica que chegou com a Covid-19.” (L. 71-75) parte de um fato evidentemente comprovado para chegar a uma conclusão pertinente sobre o tema.


Assinale:

    A) se somente a afirmativa I estiver correta.

    B) se somente a afirmativa II estiver correta.

    C) se somente a afirmativa III estiver correta.

    D) se somente as afirmativas I e II estiverem corretas.

    E) se todas as afirmativas estiverem corretas.

Analise as afirmativas a seguir:
I. Substantivo próprio é o que se aplica a um objeto ou a um conjunto de objetos, mas sempre individualmente. Isso significa que o substantivo próprio se aplica a esse objeto ou a esse conjunto de objetos, considerando-os como indivíduos. II. Substantivo é a classe de lexema que se caracteriza por significar o que convencionalmente chamamos objetos substantivos, isto é, em primeiro lugar, substâncias (homem, casa, livro) e, em segundo lugar, quaisquer outros objetos mentalmente apreendidos como substâncias, quais sejam qualidades (bondade, brancura), estados (saúde, doença), processos (chegada, entrega, aceitação).
Marque a alternativa CORRETA:

    A) As duas afirmativas são verdadeiras.

    B) A afirmativa I é verdadeira, e a II é falsa.

    C) A afirmativa II é verdadeira, e a I é falsa.

    D) As duas afirmativas são falsas.

Libras


Tendo o português como primeira língua oficial, o Brasil também reconhece a Língua Brasileira de Sinais (Libras) como língua das comunidades surdas brasileiras desde 2002. Mesmo antes da oficialização, a Libras já era utilizada no Brasil, desde o século 19.

Detentora de características próprias e reconhecida em todos os aspectos linguísticos, como morfologia, sintaxe e pragmática, a Libras se diferencia do português na medida em que se apresenta na modalidade visuoespacial, ou seja, composta por um conjunto de movimentos e expressões captados pela visão. 

Os surdos utilizam a língua de sinais, que é uma língua espaço-visual ou visuoespacial e, paralelamente, aprendem a escrita do português. Para os surdos, o português é aquilo que eles podem ver, uma vez que não têm acesso às propriedades sonoras.

A língua de sinais não é universal, já que cada comunidade tem seu idioma. No caso do Brasil, a Libras deriva da Língua de Sinais Francesa (LSF), trazida ao país por um professor francês que, em 1857, participou da fundação da primeira escola brasileira para surdos do país. Com o tempo, houve a adaptação e fusão da língua francesa com sinais já utilizados informalmente pelos brasileiros. 

É importante que a sociedade discuta a importância e a inclusão da Libras na sociedade como um todo, para que seja cada vez mais inclusiva e possa compreender e construir espaços sociais para os surdos ocuparem. As pessoas com deficiência têm um canal diferente de ver o mundo, tão importante e singular que só contribui para a valorização da diversidade humana. O fato de a maioria da população brasileira não utilizar a língua de sinais é um desafio permanente que contempla todas as minorias. A Libras é uma língua que tem uma comunidade minoritária, mas é nessa língua que os surdos se comunicam com o mundo e constroem conhecimento sobre ele. Então, deve ser muito respeitada e priorizada na educação.

Adaptado. Fonte: https://bit.ly/37yVR0p. 

Leia o texto 'Libras' e, em seguida, analise as afirmativas a seguir:


I. De acordo com as informações do texto, pode-se concluir que os surdos utilizam a língua de sinais, que é uma língua espaço-visual ou visuoespacial e, paralelamente, aprendem a escrita do português.

II. Após a análise do texto, é possível concluir que a Libras se diferencia do português na medida em que se apresenta na modalidade visuoespacial, ou seja, composta por um conjunto de movimentos e expressões captados pela visão.


Marque a alternativa CORRETA:

    A) As duas afirmativas são verdadeiras.

    B) A afirmativa I é verdadeira, e a II é falsa.

    C) A afirmativa II é verdadeira, e a I é falsa.

    D) As duas afirmativas são falsas.

Acolhimento psicológico

Por E. F. Lima e S. A. Cunha, em 2020.


O saber psicológico se expandiu ao longo dos anos e passou a ocupar muitos espaços, fazendo com que os psicólogos realizassem seu trabalho de variadas formas e atendendo a um múltiplo campo de necessidades ao qual são submetidos.

Apesar de ser uma área que já existe há algum tempo, ainda existem atribuições do profissional de psicologia que são pouco esclarecidas perante a sociedade atual. O exemplo disso concerne à prática nas instituições hospitalares, onde o psicólogo desempenha um papel indispensável e imprescindível quando se pensa no bem-estar do indivíduo como um todo.

O serviço oferecido pelos psicólogos nos hospitais tem como objetivo principal a minimização do sofrimento que o paciente apresenta no processo de hospitalização.

Adoecer interrompe um processo visto como natural e traz uma confusão de sentimentos negativos frente ao desconhecido. O paciente é surpreendido por uma crise por vezes acidental e agora é forçado a lidar com as mudanças que ocorrem, com o medo e as angústias que o adoecer e a nova vivência dentro de um ambiente hospitalar trazem consigo.

Viver uma experiência de internação não é algo que faz parte do cotidiano dos indivíduos, quando isso acontece, e principalmente quando é algo que chega de surpresa, há uma ruptura, uma quebra da realidade de rotinas e uma inserção em um ambiente novo, desconhecido e, muitas vezes, hostil. Por essa razão, não existe um preparo para estar submetido a isso, o que pode acarretar, além do problema físico que levou o paciente à internação, uma desestruturação emocional diante das novas vivências que lhe são apresentadas.

É neste momento que a intervenção psicológica surge como um aparato para esse paciente que se sente confuso diante de sua nova realidade e precisa compreender e desenvolver mecanismos que o auxiliem no enfrentamento desse processo de doença. O psicólogo surge como facilitador que irá promover uma estada menos dolorosa nessa internação, seja com intervenções com esse indivíduo, com familiares e até mesmo com a equipe que, por vezes, também necessita desse aparato psicológico.

Adaptado. Disponível em: https://bit.ly/3fy2MIj. 

Leia o texto 'Acolhimento psicológico' e, em seguida, analise as afirmativas a seguir:


I. O texto relata que a psicologia é a mais antiga das ciências humanas.

II. O psicólogo sempre determina o tratamento medicamentoso para os pacientes de câncer, afirma o texto.

III. Cabe aos profissionais de psicologia realizar o diagnóstico das enfermidades físicas dos seus pacientes, de acordo com o texto.


Marque a alternativa CORRETA:

    A) Nenhuma afirmativa está correta.

    B) Apenas uma afirmativa está correta.

    C) Apenas duas afirmativas estão corretas.

    D) Todas as afirmativas estão corretas.

Prever para prover


Ricardo Essinger

Presidente da Fiepe


Ano passado, economistas e futurólogos faziam previsões otimistas do que estava por vir. O respeitado Ipea, por exemplo, indicava aceleração de crescimento do PIB, em 2,3%. Entretanto, ninguém previu a tragédia que vem se abatendo sobre a humanidade, ceifando vidas, tolhendo o esforço dos empreendedores, aqui e em todo o mundo. Em 2021, não deve ser muito diferente. A recessão global vai continuar e a extrema cautela deve prosperar entre investidores internos e externos. Cabe, portanto, a todos os nossos segmentos produtivos, trabalhar ativamente para superar as perdas e danos. É exatamente essa a atitude que está sendo tomada pela indústria pernambucana e, nesse contexto, o Sistema Fiepe vem participando, particularmente, no atendimento à crescente demanda tecnológica, que gera um avanço indispensável para se reinventar produtos e serviços. Assim, o Sistema Fiepe oferece cursos profissionalizantes, nas modalidades de ensino a distância ou presencial com segurança, para garantir a competitividade das empresas do estado.

A boa notícia é que a produção industrial de Pernambuco voltou a crescer. Em julho deste ano, se comparado ao ano anterior, o aumento foi de 17%, levando o estado a ter o maior crescimento entre as 14 federações pesquisadas. O resultado também foi superior à média nacional (-3,0%) e à do Nordeste (0,9%), em julho de 2020. 

Os números podem oscilar neste final de ano, mas vários fatores contribuíram para esses resultados positivos alcançados em Pernambuco. O papel agregador que o Sistema Fiepe vem fazendo há anos, integrando sindicatos e pequenas e grandes empresas; e a formação de profissionais altamente qualificados, pelo Senai, tiveram participação relevante. Por isso, a satisfação dos clientes dos nossos serviços de tecnologia e inovação (consultorias, laboratórios etc.) tem 85% de aprovação; e a preferência das indústrias pelos concluintes dos cursos técnicos do Senai atinge o extraordinário índice de 100%.

O Sesi matriculou mais de 6,6 mil alunos nos cursos básicos, em Pernambuco, sendo um quarto deles, ou 1.530, de forma gratuita, mantendo os cuidados ampliados com a saúde, com foco nos cuidados preventivos com a pandemia. Saúde e economia devem seguir vencendo os desafios, saindo desta crise com a certeza de que todos os setores do desenvolvimento devem atuar em permanente sintonia.

Tudo isso vai contribuir para enfrentar a gravidade do momento. Vamos trabalhar para a superação. Senai, Sesi e IEL formam o triângulo de atuação da Fiepe, e o número de vagas deve permanecer o mesmo em 2021. Estamos trabalhando e muito para isso. Vamos prever para prover.


(Adaptado. Revisão linguística. Disponível em: https://bit.ly/3mqoNw1. Acesso em 20 nov. 2020)
Leia o texto 'Prever para prover' e, em seguida, analise as afirmativas abaixo:

I. Apesar de ser um artigo de opinião, o autor se utiliza de uma linguagem conotativa em alguns excertos, valendo-se da metonímia: “tolhendo o esforço dos empreendedores.” e “Os números podem oscilar neste final de ano”.

II. No último parágrafo do texto, as palavras “contribuir”, “enfrentar”, “gravidade” e “momento” são formadas, respectivamente, do seguinte modo: por prefixação; parassíntese; prefixação e sufixação; sufixação.

III. Nos trechos “Em 2021, não deve ser muito diferente” e “Cabe, portanto, a todos os nossos segmentos produtivos...”, as vírgulas foram usadas pelo mesmo motivo que nos enunciados a seguir, respectivamente: I. O médico, em seu último relatório, analisou amplamente o caso; II. É, pois, imprescindível que sejam tomadas todas as medidas.

Marque a alternativa CORRETA:

    A) Nenhuma afirmativa está correta.

    B) Apenas uma afirmativa está correta.

    C) Apenas duas afirmativas estão corretas.

    D) Todas as afirmativas estão corretas.

LUFADA DE ÉTICA NA CORTE


Certa vez presenciei uma divertida conversa entre o senador Darcy Ribeiro, recém-chegado ao Senado, e o então deputado constituinte Florestan Fernandes.

Darcy dizia em tom de brincadeira a Florestan que na eleição seguinte ele devia deixar a câmara baixa (Câmara dos Deputados) e se candidatar à câmara alta (Senado Federal).

“Venha pra cá, Florestan! Isso aqui é um pedaço da corte! No Brasil, o lugar mais próximo do céu é o Senado da República. Aqui a gente tem tudo que quer. Basta desejar alguma coisa que aparece um funcionário para lhe servir”. Os dois estavam impressionados com os ares monárquicos da Praça dos Três Poderes.

O professor Florestan dizia que, apesar de tudo, um dos pontos mais interessantes para se observar o Brasil era o Congresso Nacional e que no Plenário chegavam fragmentos políticos, sociais e culturais do país trazidos por cada parlamentar.

Disciplinado, cumpria rigorosamente os horários das sessões Sentava-se na mesma cadeira e prestava atenção nos discursos de cada um com o devido respeito, apesar da grande maioria das intervenções serem de baixíssimo nível. Às vezes pedia aparte e debatia os assuntos com a erudição do cientista social que era, cumprindo sua função parlamentar. O burburinho do Plenário abrandava para ouvir o mestre.

Ao mesmo tempo era um homem despojado, almoçava todos os dias no restaurante dos funcionários. Não costumava ir ao mais frequentado pelos parlamentares.

Ele era tão cuidadoso com a própria conduta que certo dia, em São Paulo, passou mal em casa à noite, chamou um táxi e foi para o hospital do servidor. Dona Myriam, mulher dele, preocupada, ligou para Florestan Fernandes Júnior, que estava na TV e pediu para que ele fosse ao hospital acompanhar o pai.

Quando o filho chegou, o professor Florestan estava numa fila enorme para ser atendido. Ele sofria de hepatite C, doença que havia se agravado e lhe causava crises muito fortes. 

Florestan Júnior perguntou por que ele, como deputado, não procurou o hospital Albert Einstein, o Sírio Libanês, ou outro que pudesse atendê-lo com rapidez e em melhores condições. Ele respondeu que era servidor público e que aquele era o hospital que teria que cuidar dele.

Perguntou também por que ele estava na fila, em vez de procurar diretamente o atendimento de emergência. Ele disse que estava na fila porque tinha fila e que todas as pessoas estavam ali em situação semelhante à dele, com algum problema de saúde, e que ele não tinha direito de ser atendido na frente de ninguém.

Percebendo a gravidade da situação, o filho foi ao plantonista. O professor Florestan só saiu da fila depois que o médico insistiu para que ele entrasse, deitasse numa maca e fosse medicado.

Na parede onde a maca estava encostada havia um quadro de avisos. Enquanto tomava soro na veia, olhando ao redor, viu afixado no canto do quadro um recorte de jornal amarelado pelo tempo.

Apontou o dedo e disse ao filho:

– Olha, é um artigo meu, publicado no jornal Folha de S. Paulo. Nesse eu defendo a saúde pública.

Como nos meses seguintes as crises tornaram-se cada vez mais fortes e frequentes, os médicos que cuidavam dele decidiram fazer transplante do fígado. 

Na época, Fernando Henrique Cardoso, seu ex-aluno na USP e amigo pessoal de muitos anos, era presidente da República e ficou sabendo que o professor Florestan faria a cirurgia.

Imediatamente ligou para ele, ofereceu traslado e a realização do transplante no melhor hospital de Cleveland, nos Estados Unidos. Florestan tinha alta comenda do país, a Ordem de Rio Branco, que lhe facultava certas prerrogativas. 

Florestan agradeceu a gentileza de Fernando Henrique e disse que não poderia aceitar o privilégio. Que aceitaria se ele fizesse o mesmo com todos os brasileiros em situação mais grave do que a dele. 

Em seguida ele fez o transplante em São Paulo e morreu no hospital por complicações pós-operatórias provocadas por erro humano.

Nesse momento de indigência moral e de decadência institucional do país, em que autoridades como magistrados, procuradores, parlamentares, ministros, o presidente da República, posam com exuberantes imposturas, usam e abusam dos cargos e funções públicas que ocupam para tirar proveitos próprios, lembrar de homens públicos e intelectuais de grandeza ética como o professor Florestan Fernandes e o professor Darcy Ribeiro talvez ajude a arejar o ambiente degradado da sociedade brasileira pelo golpe de Estado.

(CERQUEIRA, Laurez. Lufada de ética na corte. 2018. Disponível em: http://bit.ly/32n1YiU)

Com base no texto 'LUFADA DE ÉTICA NA CORTE', leia as afirmativas a seguir:


I. A fala de Florestan ao filho, em um hospital, reforça o ponto de vista apresentado no último parágrafo do texto de que o professor se utilizou da máquina pública em seu próprio benefício.

II. A ideia central do texto está presente no fragmento “Ao mesmo tempo era um homem despojado, almoçava todos os dias no restaurante dos funcionários”. Ou seja, para o professor Florestan, estar entre o povo é uma maneira de agir eticamente, considerando o cargo que ocupava.


Marque a alternativa CORRETA:

    A) As duas afirmativas são verdadeiras.

    B) A afirmativa I é verdadeira, e a II é falsa.

    C) A afirmativa II é verdadeira, e a I é falsa.

    D) As duas afirmativas são falsas.

Veja a tirinha:


Sobre o uso dos “porquês” a alternativa que completa corretamente a tirinha é:

    A) Porque, Porquê, Por que.

    B) Porquê, Por que, Por quê.

    C) Por quê, Porque, Por que.

    D) Por que, Por quê, Porque.

Considere o que se afirma sobre palavras do texto:

I. Em saudáveis e tamareira há ditongo oral decrescente.
II. Em Israel e iguarias há ditongo decrescente e crescente, respectivamente.
III. Tanto em Judeia como em construída há hiato.

Quais estão corretas?

    A) Apenas I.

    B) Apenas II.

    C) Apenas III.

    D) Apenas I e III.

    E) I, II e III.

Instrução: A questão refere-se ao texto abaixo.



(Disponível em https://www.contioutra.com/a-dor-de-se-sentir-invisivel/ – Texto adaptado especialmente para esta prova.)

O termo “diferente” (l. 37) é decorrente do processo de formação de palavras denominado derivação:

    A) Prefixal.

    B) Sufixal.

    C) Imprópria.

    D) Parassintética.

    E) Regressiva.

Atenção: Para responder à questão, considere o texto a seguir:


     O texto não deve ser entendido como um objeto computável. Seria vão tentar separar materialmente as obras dos textos. Em particular, não se deve ser levado a dizer: a obra é clássica, o texto é de vanguarda; não se trata de estabelecer, em nome da modernidade, um quadro de honra grosseiro e declarar certas produções literárias in e outras out em razão de sua situação cronológica: pode haver “Texto” numa obra muito antiga, e muitos produtos da literatura contemporânea não são em nada textos. A diferença é a seguinte: a obra é um fragmento de uma substância, ocupa alguma porção do espaço dos livros (por exemplo, numa biblioteca). Já o Texto é um campo metodológico. A oposição poderia lembrar (mas de modo algum reproduzir termo a termo) a distinção proposta por Lacan: a “realidade” se mostra, o “real” se demonstra; da mesma forma, a obra se vê (nas livrarias, nos fichários, nos programas de exame), o texto se demonstra, se fala segundo certas regras; a obra segura-se na mão, o texto mantémse na linguagem: ele só existe tomado num discurso (ou melhor, é o Texto pelo fato mesmo de o saber); o Texto não é a decomposição da obra, é a obra que é a cauda imaginária do Texto. Ou ainda: só se prova o Texto num trabalho, numa produção. A consequência é que o Texto não pode parar (por exemplo, numa prateleira de biblioteca); o seu movimento constitutivo é a travessia (ele pode especialmente atravessar a obra, várias obras).

(BARTHES, Roland. Da obra ao texto. In: O rumor da língua. São Paulo: WMF Martins Fontes, 2012, p. 67) 
A concepção de texto apresentada no trecho é:

    A) A decomposição imaginária de uma obra, oposta à realidade definida por Lacan, quando conceituou o real.

    B) O estudo metodológico das obras, organizadas cronologicamente das mais antigas às mais modernas.

    C) O espaço discursivo em que metodologicamente algo pode ser demonstrado, cuja linguagem é constituída de travessias.

    D) A vanguarda de tudo o que pode constar em uma biblioteca, podendo ser classificável e computável.

    E)

    O fragmento presente na literatura moderna, por isso tudo aquilo que em determinado tempo é in.



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