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Libras
Tendo o português como primeira língua oficial, o Brasil também reconhece a Língua Brasileira de Sinais (Libras) como língua das comunidades surdas brasileiras desde 2002. Mesmo antes da oficialização, a Libras já era utilizada no Brasil, desde o século 19.
Detentora de características próprias e reconhecida em todos os aspectos linguísticos, como morfologia, sintaxe e pragmática, a Libras se diferencia do português na medida em que se apresenta na modalidade visuoespacial, ou seja, composta por um conjunto de movimentos e expressões captados pela visão.
Os surdos utilizam a língua de sinais, que é uma língua espaço-visual ou visuoespacial e, paralelamente, aprendem a escrita do português. Para os surdos, o português é aquilo que eles podem ver, uma vez que não têm acesso às propriedades sonoras.
A língua de sinais não é universal, já que cada comunidade tem seu idioma. No caso do Brasil, a Libras deriva da Língua de Sinais Francesa (LSF), trazida ao país por um professor francês que, em 1857, participou da fundação da primeira escola brasileira para surdos do país. Com o tempo, houve a adaptação e fusão da língua francesa com sinais já utilizados informalmente pelos brasileiros.
É importante que a sociedade discuta a importância e a inclusão da Libras na sociedade como um todo, para que seja cada vez mais inclusiva e possa compreender e construir espaços sociais para os surdos ocuparem. As pessoas com deficiência têm um canal diferente de ver o mundo, tão importante e singular que só contribui para a valorização da diversidade humana. O fato de a maioria da população brasileira não utilizar a língua de sinais é um desafio permanente que contempla todas as minorias. A Libras é uma língua que tem uma comunidade minoritária, mas é nessa língua que os surdos se comunicam com o mundo e constroem conhecimento sobre ele. Então, deve ser muito respeitada e priorizada na educação.
Adaptado. Fonte: https://bit.ly/37yVR0p.
Leia o texto 'Libras' e, em seguida, analise as afirmativas a seguir:
I. As informações presentes no texto permitem inferir que o Brasil reconhece a Língua Brasileira de Sinais (Libras) como língua das comunidades surdas brasileiras desde 2002, juntamente com o português, língua oficial do país.
II. O texto leva o leitor a inferir que o fato de a maioria da população brasileira não utilizar a língua de sinais é um desafio, mas é um desafio permanente que irá ocorrer com todas as minorias.
Marque a alternativa CORRETA:
O falso dilema entre o Renda Cidadã e o Teto dos Gastos
A pandemia reacendeu a discussão sobre pobreza e desigualdade de renda no Brasil. O isolamento social secou a fonte de renda de milhões de brasileiros informais, autônomos e donos de pequenos negócios. Em geral, os mais ricos executivos ou funcionários de empresas sólidas, servidores públicos, investidores conseguiram se sustentar melhor, ainda que com perda de renda, em alguns casos.
Nesse ambiente, o governo, o legislativo e a sociedade parecem convictos da necessidade de reforçar programas de transferências de renda.
A busca pela melhor distribuição de renda não é nova nem monopólio de uma linha política. Em 1973, o economista Carlos Langoni, egresso da Universidade de Chicago, apontou o caminho no clássico ensaio Distribuição de Renda e Desenvolvimento Econômico no Brasil: o capital humano é a chave para unir crescimento e distribuição.
De lá para cá, avançamos na universalização do ensino, mas com pouco resultado em melhorar a qualificação.
Ainda que começássemos uma revolução na educação no país, o efeito não seria imediato. É preciso completar com programas sociais que produzam resultado de curto prazo.
O Bolsa Família cumpre esse papel. É uma transferência financeira direta, desvinculada (pode ser gasta com qualquer coisa), com contrapartidas em educação e focada nos mais pobres. E sua extensão é determinada pela dotação orçamentária disponível. Ou seja, é sustentável ao longo do tempo.
Pouco adianta um novo programa que gaste muito por um ou dois anos, mas provoque um desarranjo econômico à frente, levando a uma incerteza fiscal que pressiona os juros e a inflação, afastando o investimento. Nesse cenário, a economia cresce menos e o desemprego aumenta. Em momentos de crise como esses, os ricos têm acesso a instrumentos financeiros para se proteger, mas os pobres veem sua renda corroída, ou perdem o trabalho. O resultado é mais concentração de renda, não menos.
O debate entre aumentar o Bolsa Família (ou criar o Renda Cidadã) versus manter o teto de gastos é, portanto, um falso dilema.
Por Caio Megale, em 2 de outubro de 2020. Disponível em: https://bit.ly/3eDTrio. Com adaptações.
Leia o texto 'O falso dilema entre o Renda Cidadã e o Teto dos Gastos' e, em seguida, analise as afirmativas a seguir:
I. Seria necessário iniciar uma revolução na educação no Brasil para que os programas sociais possam produzir algum resultado de curto prazo, defende o texto. Assim, esses programas devem compreender, sempre, uma contrapartida em termos de educação e ensino, de acordo com as informações do texto.
II. Nas últimas décadas, o Brasil avançou na universalização do ensino, com amplos e evidentes resultados na melhora da qualificação dos profissionais e com um forte crescimento nos setores de pesquisa e novas tecnologias, como se pode concluir a partir da análise das informações do texto.
III. O debate entre aumentar o Bolsa Família (ou criar o Renda Cidadã) versus manter o teto de gastos é, na perspectiva do texto, um dilema evidente, pois as implicações de longo prazo decorrentes de um desajuste fiscal tornam essa decisão estratégica para o Brasil.
Marque a alternativa CORRETA:
LUFADA DE ÉTICA NA CORTE
Certa vez presenciei uma divertida conversa entre o senador Darcy Ribeiro, recém-chegado ao Senado, e o então deputado constituinte Florestan Fernandes.
Darcy dizia em tom de brincadeira a Florestan que na eleição seguinte ele devia deixar a câmara baixa (Câmara dos Deputados) e se candidatar à câmara alta (Senado Federal).
Venha pra cá, Florestan! Isso aqui é um pedaço da corte! No Brasil, o lugar mais próximo do céu é o Senado da República. Aqui a gente tem tudo que quer. Basta desejar alguma coisa que aparece um funcionário para lhe servir. Os dois estavam impressionados com os ares monárquicos da Praça dos Três Poderes.
O professor Florestan dizia que, apesar de tudo, um dos pontos mais interessantes para se observar o Brasil era o Congresso Nacional e que no Plenário chegavam fragmentos políticos, sociais e culturais do país trazidos por cada parlamentar.
Disciplinado, cumpria rigorosamente os horários das sessões. Sentava-se na mesma cadeira e prestava atenção nos discursos de cada um com o devido respeito, apesar da grande maioria das intervenções serem de baixíssimo nível. Às vezes pedia aparte e debatia os assuntos com a erudição do cientista social que era, cumprindo sua função parlamentar. O burburinho do Plenário abrandava para ouvir o mestre.
Ao mesmo tempo era um homem despojado, almoçava todos os dias no restaurante dos funcionários. Não costumava ir ao mais frequentado pelos parlamentares.
Ele era tão cuidadoso com a própria conduta que certo dia, em São Paulo, passou mal em casa à noite, chamou um táxi e foi para o hospital do servidor. Dona Myriam, mulher dele, preocupada, ligou para Florestan Fernandes Júnior, que estava na TV e pediu para que ele fosse ao hospital acompanhar o pai.
Quando o filho chegou, o professor Florestan estava numa fila enorme para ser atendido. Ele sofria de hepatite C, doença que havia se agravado e lhe causava crises muito fortes.
Florestan Júnior perguntou por que ele, como deputado, não procurou o hospital Albert Einstein, o Sírio Libanês, ou outro que pudesse atendê-lo com rapidez e em melhores condições. Ele respondeu que era servidor público e que aquele era o hospital que teria que cuidar dele.
Perguntou também por que ele estava na fila, em vez de procurar diretamente o atendimento de emergência. Ele disse que estava na fila porque tinha fila e que todas as pessoas estavam ali em situação semelhante à dele, com algum problema de saúde, e que ele não tinha direito de ser atendido na frente de ninguém.
Percebendo a gravidade da situação, o filho foi ao plantonista. O professor Florestan só saiu da fila depois que o médico insistiu para que ele entrasse, deitasse numa maca e fosse medicado.
Na parede onde a maca estava encostada havia um quadro de avisos. Enquanto tomava soro na veia, olhando ao redor, viu afixado no canto do quadro um recorte de jornal amarelado pelo tempo.
Apontou o dedo e disse ao filho:
Olha, é um artigo meu, publicado no jornal Folha de S. Paulo. Nesse eu defendo a saúde pública.
Como nos meses seguintes as crises tornaram-se cada vez mais fortes e frequentes, os médicos que cuidavam dele decidiram fazer transplante do fígado.
Na época, Fernando Henrique Cardoso, seu ex-aluno na USP e amigo pessoal de muitos anos, era presidente da República e ficou sabendo que o professor Florestan faria a cirurgia.
Imediatamente ligou para ele, ofereceu traslado e a realização do transplante no melhor hospital de Cleveland, nos Estados Unidos. Florestan tinha alta comenda do país, a Ordem de Rio Branco, que lhe facultava certas prerrogativas.
Florestan agradeceu a gentileza de Fernando Henrique e disse que não poderia aceitar o privilégio. Que aceitaria se ele fizesse o mesmo com todos os brasileiros em situação mais grave do que a dele.
Em seguida ele fez o transplante em São Paulo e morreu no hospital por complicações pós-operatórias provocadas por erro humano.
Nesse momento de indigência moral e de decadência institucional do país, em que autoridades como magistrados, procuradores, parlamentares, ministros, o presidente da República, posam com exuberantes imposturas, usam e abusam dos cargos e funções públicas que ocupam para tirar proveitos próprios, lembrar de homens públicos e intelectuais de grandeza ética como o professor Florestan Fernandes e o professor Darcy Ribeiro talvez ajude a arejar o ambiente degradado da sociedade brasileira pelo golpe de Estado.
(CERQUEIRA, Laurez. Lufada de ética na corte. 2018. Disponível em: http://bit.ly/32n1YiU)
Com base no texto 'LUFADA DE ÉTICA NA CORTE', leia as afirmativas a seguir:
I. A fala de Florestan ao filho, em um hospital, reforça o ponto de vista apresentado no último parágrafo do texto de que o professor se utilizou da máquina pública em seu próprio benefício.
II. A ideia central do texto está presente no fragmento Ao mesmo tempo era um homem despojado, almoçava todos os dias no restaurante dos funcionários. Ou seja, para o professor Florestan, estar entre o povo é uma maneira de agir eticamente, considerando o cargo que ocupava.
Marque a alternativa CORRETA:
(Disponível em: https://claudia.abril.com.br/estilo-de-vida/obsessao-feliz-tornando-ansiosas-depressivas/ texto adaptado especialmente para esta prova.)
Recordo ainda
Recordo ainda E nada mais me importa
Aqueles dias de uma luz tão mansa
Que me deixavam, sempre de lembrança,
Algum brinquedo novo à minha porta
Mas veio um vento de desesperança
Soprando cinzas pela noite morta!
E eu pendurei na galharia torta
Todos os meus brinquedos de criança
Estrada afora após segui Mas ai,
Embora idade e senso que aparente,
Não vos iluda o velho que aqui vai:
Eu quero meus brinquedos novamente!
Sou um pobre menino acreditai
Que envelheceu, um dia, de repente!
QUINTANA, Mário. Poesias. Porto Alegre: Globo, 1962.
Analise as afirmativas abaixo:
1. O poema traz uma mensagem nostálgica.
2. O poema nega toda uma existência.
3. No 12° verso do poema (12ª linha) o poeta afirma seu desejo de voltar aos tempos de menino.
4. O sétimo verso (7ª linha) mostra a tranquilidade com que o poeta passou a sua infância.
5. O poeta mostra-se um velho com alma de menino.
Assinale a alternativa que indica todas as afirmativas corretas.
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