Questões de Português do ano 2020

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Cultura clonada e mestiçagem

    Levantar hoje a questão da cultura é colocar-se em uma encruzilhada para a qual convergem, embora também se oponham, o avanço da globalização e a persistência das identidades nacionais. Mas a cultura não pode mais, presentemente, construir-se sem uma tensão constitutiva, existencial e vital entre o universal, o regional, o nacional e o comunitário.

     Apesar de as culturas se manterem arraigadas em seus contextos nacionais, torna-se cada vez mais difícil acreditar que os conceitos tradicionais de identidade, povo ou nação sejam "intocáveis". De fato, jamais nossas sociedades conheceram ruptura tão generalizada com tradições centenárias. Devemos, porém, indagar se as evoluções contemporâneas, em geral apresentadas como possíveis ameaças a essas tradições, inclusive a do Estado-nação, não constituiriam terrenos férteis para a cultura, ou seja, favoráveis à coexistência das diversidades. Um duplo obstáculo seria então evitado: a coesão domesticada e a uniformização artificial.

      O primeiro obstáculo advém da fundamentação do modelo hegemônico de identificação em uma cultura única, total, dominante, integrativa. Esta era percebida como algo estático e definitivo. Era brandida como uma arma, cujos efeitos só hoje avaliamos: neste século, vimos as culturas mais sofisticadas curvarem-se à barbárie; levamos muito tempo até perceber que o racismo prospera quando faz da cultura algo absoluto. Conceber a cultura como um modo de exclusão conduz inevitavelmente à exclusão da cultura. Por isso, o tema da identidade cultural, que nos acompanha desde as primeiras globalizações, é coisa do passado.

        Mas a cultura não deve emancipar-se da identidade nacional deixando-se dominar pela globalização e pela privatização. As identidades pós-nacionais que estão surgindo ainda não demonstraram sua capacidade de resistir à desigualdade, à injustiça, à exclusão e à violência. Subordinar a cultura a critérios elaborados nos laboratórios da ideologia dominante, que fazem a apologia das especulações na bolsa, dos avatares da oferta e da demanda, das armadilhas da funcionalidade e da urgência, equivale a privá-la de seu indispensável oxigênio social, a substituir a tensão criativa pelo estresse do mercado. Neste sentido, dois grandes perigos nos ameaçam. O primeiro é a tendência atual a considerar a cultura um produto supérfluo, quando, na realidade, ela poderia representar para as sociedades da informação o que o conhecimento científico representou para as sociedades industriais. Frequentemente se esquece que reparar a fratura social exige que se pague a fatura cultural: o investimento cultural é também um investimento social.

     O segundo perigo é o "integrismo eletrônico". Das fábricas e dos supermercados culturais emana uma cultura na qual o tecnológico tem tanta primazia que se pode considerá-la desumanizada.

     Mas como "tecnologizar" a cultura reduzindo-a a um conjunto de clones culturais e pretender que ela continue a ser cultura? A cultura clonada é um produto abortado, porque, ao deixar de estabelecer vínculos, deixa de ser cultura. O vínculo é seu signo característico, sua senha de identidade. E esse vínculo é mestiçagem - portanto o oposto da clonagem. A clonagem é cópia; e a mestiçagem, ao contrário, cria um ser diferente, embora também conserve a identidade de suas origens. Em todas as partes onde se produziu, a mestiçagem manteve as filiações e forjou uma nova solidariedade que pode servir de antídoto à exclusão.

         Parafraseando Malraux, eu diria que o terceiro milênio será mestiço, ou não será.


PORTELLA, Eduardo. Texto apresentado na série Conferências do Século XXI, realizada em 1999, e publicado em O

Correio da Unesco, jun., 2000

Os itens abaixo apresentam informações corretas, com EXCEÇÃO da alternativa:

    A) Os verbos destacados no excerto “(...) para a qual convergem, embora também se oponham, o avanço da globalização e a persistência das identidades nacionais.” (1º parágrafo) poderiam estar flexionados no singular, mantendo-se a correção gramatical.

    B) O elemento destacado em “(...) construir-se sem uma tensão constitutiva, existencial e vital entre o universal, o regional, o nacional e o comunitário.” (1º parágrafo) deve ser classificado como um pronome apassivador em sua ocorrência textual.

    C) A oração “(...) que nos acompanha desde as primeiras globalizações (...)” (3º parágrafo) não poderia estar sem as vírgulas, no contexto em que se encontra, pois apresentaria grave prejuízo gramatical e semântico.

    D) O vocábulo “Esta” em “Esta era percebida como algo estático e definitivo.” (3º parágrafo) é um elemento de coesão com função catafórica.

    E) Os termos destacados nas passagens “Mas a cultura não deve emancipar-se da identidade nacional (...).” (4º parágrafo) e “(...) ela poderia representar para as sociedades da informação (...)” (4º parágrafo) constituem, em sua ocorrência textual, perífrases verbais.

Cultura clonada e mestiçagem

    Levantar hoje a questão da cultura é colocar-se em uma encruzilhada para a qual convergem, embora também se oponham, o avanço da globalização e a persistência das identidades nacionais. Mas a cultura não pode mais, presentemente, construir-se sem uma tensão constitutiva, existencial e vital entre o universal, o regional, o nacional e o comunitário.

     Apesar de as culturas se manterem arraigadas em seus contextos nacionais, torna-se cada vez mais difícil acreditar que os conceitos tradicionais de identidade, povo ou nação sejam "intocáveis". De fato, jamais nossas sociedades conheceram ruptura tão generalizada com tradições centenárias. Devemos, porém, indagar se as evoluções contemporâneas, em geral apresentadas como possíveis ameaças a essas tradições, inclusive a do Estado-nação, não constituiriam terrenos férteis para a cultura, ou seja, favoráveis à coexistência das diversidades. Um duplo obstáculo seria então evitado: a coesão domesticada e a uniformização artificial.

      O primeiro obstáculo advém da fundamentação do modelo hegemônico de identificação em uma cultura única, total, dominante, integrativa. Esta era percebida como algo estático e definitivo. Era brandida como uma arma, cujos efeitos só hoje avaliamos: neste século, vimos as culturas mais sofisticadas curvarem-se à barbárie; levamos muito tempo até perceber que o racismo prospera quando faz da cultura algo absoluto. Conceber a cultura como um modo de exclusão conduz inevitavelmente à exclusão da cultura. Por isso, o tema da identidade cultural, que nos acompanha desde as primeiras globalizações, é coisa do passado.

        Mas a cultura não deve emancipar-se da identidade nacional deixando-se dominar pela globalização e pela privatização. As identidades pós-nacionais que estão surgindo ainda não demonstraram sua capacidade de resistir à desigualdade, à injustiça, à exclusão e à violência. Subordinar a cultura a critérios elaborados nos laboratórios da ideologia dominante, que fazem a apologia das especulações na bolsa, dos avatares da oferta e da demanda, das armadilhas da funcionalidade e da urgência, equivale a privá-la de seu indispensável oxigênio social, a substituir a tensão criativa pelo estresse do mercado. Neste sentido, dois grandes perigos nos ameaçam. O primeiro é a tendência atual a considerar a cultura um produto supérfluo, quando, na realidade, ela poderia representar para as sociedades da informação o que o conhecimento científico representou para as sociedades industriais. Frequentemente se esquece que reparar a fratura social exige que se pague a fatura cultural: o investimento cultural é também um investimento social.

     O segundo perigo é o "integrismo eletrônico". Das fábricas e dos supermercados culturais emana uma cultura na qual o tecnológico tem tanta primazia que se pode considerá-la desumanizada.

     Mas como "tecnologizar" a cultura reduzindo-a a um conjunto de clones culturais e pretender que ela continue a ser cultura? A cultura clonada é um produto abortado, porque, ao deixar de estabelecer vínculos, deixa de ser cultura. O vínculo é seu signo característico, sua senha de identidade. E esse vínculo é mestiçagem - portanto o oposto da clonagem. A clonagem é cópia; e a mestiçagem, ao contrário, cria um ser diferente, embora também conserve a identidade de suas origens. Em todas as partes onde se produziu, a mestiçagem manteve as filiações e forjou uma nova solidariedade que pode servir de antídoto à exclusão.

         Parafraseando Malraux, eu diria que o terceiro milênio será mestiço, ou não será.


PORTELLA, Eduardo. Texto apresentado na série Conferências do Século XXI, realizada em 1999, e publicado em O

Correio da Unesco, jun., 2000

Todas as formas verbais destacadas nas opções abaixo estão flexionadas em tempos ou modos que são empregados discursivamente quando se quer expressar dúvida, desejo ou possibilidade; a EXCEÇÃO está apontada na alternativa:

    A) “é colocar-se em uma encruzilhada para a qual convergem, (...)” (1º parágrafo)

    B) “(...) que os conceitos tradicionais de identidade, povo ou nação sejam "intocáveis".” (2º parágrafo)

    C) “(...) não constituiriam terrenos férteis para a cultura, (...) (2º parágrafo)

    D) “Um duplo obstáculo seria então evitado: (...)” (2º parágrafo)

    E) “(...) ela poderia representar para as sociedades da informação (...)” (4º parágrafo)

Cultura clonada e mestiçagem

    Levantar hoje a questão da cultura é colocar-se em uma encruzilhada para a qual convergem, embora também se oponham, o avanço da globalização e a persistência das identidades nacionais. Mas a cultura não pode mais, presentemente, construir-se sem uma tensão constitutiva, existencial e vital entre o universal, o regional, o nacional e o comunitário.

     Apesar de as culturas se manterem arraigadas em seus contextos nacionais, torna-se cada vez mais difícil acreditar que os conceitos tradicionais de identidade, povo ou nação sejam "intocáveis". De fato, jamais nossas sociedades conheceram ruptura tão generalizada com tradições centenárias. Devemos, porém, indagar se as evoluções contemporâneas, em geral apresentadas como possíveis ameaças a essas tradições, inclusive a do Estado-nação, não constituiriam terrenos férteis para a cultura, ou seja, favoráveis à coexistência das diversidades. Um duplo obstáculo seria então evitado: a coesão domesticada e a uniformização artificial.

      O primeiro obstáculo advém da fundamentação do modelo hegemônico de identificação em uma cultura única, total, dominante, integrativa. Esta era percebida como algo estático e definitivo. Era brandida como uma arma, cujos efeitos só hoje avaliamos: neste século, vimos as culturas mais sofisticadas curvarem-se à barbárie; levamos muito tempo até perceber que o racismo prospera quando faz da cultura algo absoluto. Conceber a cultura como um modo de exclusão conduz inevitavelmente à exclusão da cultura. Por isso, o tema da identidade cultural, que nos acompanha desde as primeiras globalizações, é coisa do passado.

        Mas a cultura não deve emancipar-se da identidade nacional deixando-se dominar pela globalização e pela privatização. As identidades pós-nacionais que estão surgindo ainda não demonstraram sua capacidade de resistir à desigualdade, à injustiça, à exclusão e à violência. Subordinar a cultura a critérios elaborados nos laboratórios da ideologia dominante, que fazem a apologia das especulações na bolsa, dos avatares da oferta e da demanda, das armadilhas da funcionalidade e da urgência, equivale a privá-la de seu indispensável oxigênio social, a substituir a tensão criativa pelo estresse do mercado. Neste sentido, dois grandes perigos nos ameaçam. O primeiro é a tendência atual a considerar a cultura um produto supérfluo, quando, na realidade, ela poderia representar para as sociedades da informação o que o conhecimento científico representou para as sociedades industriais. Frequentemente se esquece que reparar a fratura social exige que se pague a fatura cultural: o investimento cultural é também um investimento social.

     O segundo perigo é o "integrismo eletrônico". Das fábricas e dos supermercados culturais emana uma cultura na qual o tecnológico tem tanta primazia que se pode considerá-la desumanizada.

     Mas como "tecnologizar" a cultura reduzindo-a a um conjunto de clones culturais e pretender que ela continue a ser cultura? A cultura clonada é um produto abortado, porque, ao deixar de estabelecer vínculos, deixa de ser cultura. O vínculo é seu signo característico, sua senha de identidade. E esse vínculo é mestiçagem - portanto o oposto da clonagem. A clonagem é cópia; e a mestiçagem, ao contrário, cria um ser diferente, embora também conserve a identidade de suas origens. Em todas as partes onde se produziu, a mestiçagem manteve as filiações e forjou uma nova solidariedade que pode servir de antídoto à exclusão.

         Parafraseando Malraux, eu diria que o terceiro milênio será mestiço, ou não será.


PORTELLA, Eduardo. Texto apresentado na série Conferências do Século XXI, realizada em 1999, e publicado em O

Correio da Unesco, jun., 2000

Nos itens abaixo, foram destacados elementos coesivos que se referem a algum termo já expresso no texto, com EXCEÇÃO de:

    A) “(...) em geral apresentadas como possíveis ameaças a essas tradições, (...)” (2º parágrafo)

    B) “(...) cujos efeitos só hoje avaliamos: (...)” (3º parágrafo)

    C) “(...) neste século, vimos as culturas mais sofisticadas curvarem-se à barbárie; (...)” (3º parágrafo)

    D) “(...) equivale a privá-la de seu indispensável oxigênio social, (...)” (4º parágrafo)

    E) “(...) o que o conhecimento científico representou para as sociedades industriais.” (4º parágrafo)

TEXTO IV
O senão do livro 


Começo a arrepender-me deste livro. Não que ele me canse; eu não tenho que fazer; e, realmente, expedir alguns magros capítulos para esse mundo sempre é tarefa que distrai um pouco da eternidade. Mas o livro é enfadonho, cheira a sepulcro, traz certa contração cadavérica; vício grave, e aliás ínfimo, porque o maior defeito deste livro és tu, leitor. Tu tens pressa de envelhecer, e o livro anda devagar; tu amas a narração direta e nutrida, o estilo regular e fluente, e este livro e o meu estilo são como os ébrios, guinam à direita e à esquerda, andam e param, resmungam, urram, gargalham, ameaçam o céu, escorregam e caem... E caem! – Folhas misérrimas do meu cipreste, heis de cair, como quaisquer outras belas e vistosas; e, se eu tivesse olhos, dar-vos-ia uma lágrima de saudade. Esta é a grande vantagem da morte, que, se não deixa boca para rir, também não deixa olhos para chorar... Heis de cair.

ASSIS, Machado. Memórias Póstumas de Brás Cubas.
Quanto a aspectos sintáticos do texto IV, pode-se afirmar que:

    A) Os termos destacados em “Mas o livro é enfadonho, cheira a sepulcro, traz certa contração cadavérica; (...)” apresentam mesmo papel sintático.

    B) O uso do acento grave indicativo de crase está correto em “(...) guinam à direita e à esquerda, (...)”, no entanto não está correto o uso do mesmo acento grave em “A disciplina naquela escola poderia ser comparada à dos militares.”

    C) Funciona como um complemento verbal o pronome relativo destacado na passagem “(...) é tarefa que distrai um pouco da eternidade.”

    D) Os verbos do excerto “(...) guinam à direita e à esquerda, andam e param, resmungam, urram, gargalham, ameaçam o céu, escorregam e caem...”, salvo um, apresentam a mesma predicação.

    E) O termo oracional em destaque em “Tu tens pressa de envelhecer, (...)” é um complemento verbal de natureza direta.

TEXTO IV
O senão do livro 


Começo a arrepender-me deste livro. Não que ele me canse; eu não tenho que fazer; e, realmente, expedir alguns magros capítulos para esse mundo sempre é tarefa que distrai um pouco da eternidade. Mas o livro é enfadonho, cheira a sepulcro, traz certa contração cadavérica; vício grave, e aliás ínfimo, porque o maior defeito deste livro és tu, leitor. Tu tens pressa de envelhecer, e o livro anda devagar; tu amas a narração direta e nutrida, o estilo regular e fluente, e este livro e o meu estilo são como os ébrios, guinam à direita e à esquerda, andam e param, resmungam, urram, gargalham, ameaçam o céu, escorregam e caem... E caem! – Folhas misérrimas do meu cipreste, heis de cair, como quaisquer outras belas e vistosas; e, se eu tivesse olhos, dar-vos-ia uma lágrima de saudade. Esta é a grande vantagem da morte, que, se não deixa boca para rir, também não deixa olhos para chorar... Heis de cair.

ASSIS, Machado. Memórias Póstumas de Brás Cubas.
O texto IV, de Machado de Assis, apresenta aspectos estruturais e linguísticos muito peculiares a sua poética; tendo isso em vista, assinale o item INCORRETO:

    A) Machado de Assis é considerado um dos maiores representantes da estética realista no Brasil, cujo fragmento acima reproduzido faz parte da obra inaugural do Realismo brasileiro, pois sua obra se mantém fiel, tanto na estrutura quanto na abordagem temática, aos grandes realistas europeus como Eça de Queirós e Stendhal, grandes influências para o autor de Memórias póstumas de Brás Cubas.

    B) Machado de Assis apresenta algumas inovações em sua poética, subvertendo as características tradicionais do Realismo, já que apresenta enunciação em primeira pessoa, criação de capítulos curtos e passagens digressivas em seus textos, como é exemplo o capítulo acima reproduzido.

    C) Pode-se afirmar que sobressai no texto IV a metalinguagem, característica recorrente na obra de Machado de Assis, pois há momentos em que o narrador interrompe a diegese para refletir sobre o próprio livro, para, depois, voltar ao fio condutor da narrativa.

    D) Há marcas linguísticas explícitas de interpelação ao leitor nessa passagem acima reproduzida, o que também é uma característica muito peculiar de Machado de Assis.

    E) Transparece nessa passagem uma crítica à estética romântica presente na referência à “narração direta e nutrida”, ao “estilo regular e fluente”, fazendo clara alusão aos romances urbanos do Romantismo, cheios de aventuras e peripécias, sem uma análise mais detida da psique humana, como é uma das propostas do Realismo.

TEXTO III
Casa no Campo


Eu quero uma casa no campo
Onde eu possa compor muitos rocks rurais
E tenha somente a certeza
Dos amigos do peito e nada mais

Eu quero uma casa no campo
Onde eu possa ficar do tamanho da paz
E tenha somente a certeza
Dos limites do corpo e nada mais

Eu quero carneiros e cabras pastando
Solenes no meu jardim
Eu quero o silêncio das línguas cansadas

Eu quero a esperança de óculos
E um filho de cuca legal
Eu quero plantar e colher com a mão,
A pimenta e o sal

Eu quero uma casa no campo
Do tamanho ideal, pau a pique e sapê
Onde eu possa plantar meus amigos
Meus discos e livros e nada mais

RODRIX, Zé e Tavito: In: https://www.letras.mus.br
O texto III é uma letra de canção que alude a uma determinada estética literária do século XVIII – o Arcadismo ou Neoclassicismo; nesse sentido, aponte a alternativa que apresenta conteúdo correto sobre tal estética e/ou sobre a letra de canção de Zé Rodrix e Tavito:

    A) Os ideias arcádicos propõem, entre outras coisas, a valorização de uma vida simples, um retorno ao ambiente natural representado pela vida bucólica; assim, há uma rejeição à vida na corte em detrimento da vida no campo.

    B) Levando-se em consideração os aspectos arcádicos e as suas máximas latinas, ficam claras, na canção acima, ressonâncias da máxima carpe diem, principalmente.

    C) A oração “(...) pastando / Solenes no meu jardim” (3ª estrofe) classifica-se como oração subordinada adjetiva restritiva reduzida de gerúndio.

    D) Como se trata de uma letra de canção, portanto um texto literário, o registro linguístico empregado no texto todo é a variante mais prestigiada da língua, ou seja, a variante padrão.

    E) Pode-se afirmar que sobressaem no texto III os recursos estilísticos metáfora e personificação próprios do estilo setecentista.

TEXTO I
Poética


Estou farto do lirismo comedido Do lirismo bem comportado
Do lirismo funcionário público com livro de ponto expediente protocolo
                                                 [e manifestações de apreço ao sr. diretor
Estou farto do lirismo que para e vai averiguar no dicionário

                        [o cunho vernáculo de um vocábulo

Abaixo os puristas

Todas as palavras sobretudo os barbarismos universais
Todas as construções sobretudo as sintaxes de exceção
Todos os ritmos sobretudo os inumeráveis

Estou farto do lirismo namorador
Político
Raquítico
Sifilítico
De todo lirismo que capitula ao que quer que seja fora de si mesmo.

De resto não é lirismo
Será contabilidade tabela de cossenos
[secretário do amante exemplar com cem modelos de cartas
[e as diferentes maneiras de agradar às mulheres, etc. Quero antes o lirismo dos loucos O lirismo dos bêbados O lirismo difícil e pungente dos bêbados O lirismo dos clowns de Shakespeare

- Não quero mais saber do lirismo que não é libertação.

MANUEL, Bandeira. Estrela da vida inteira. 5ª ed. Livraria José Olympio: Rio de Janeiro, 1974. 

TEXTO II
Nova Poética


Vou lançar a teoria do poeta sórdido.
Poeta sórdido:
Aquele em cuja poesia há a marca suja da vida.
Vai um sujeito.
Sai um sujeito de casa com a roupa de brim branco muito
                [bem engomada, e na primeira esquina
                [passa um caminhão, salpica-lhe o paletó
                 [ou a calça de uma nódoa de lama:

É a vida.

O poema deve ser como a nódoa no brim:
Fazer o leitor satisfeito de si dar o desespero.
Sei que a poesia é também orvalho.
Mas este fica para as menininhas, as estrelas alfas,

[as virgens cem por cento e as amadas
[que envelheceram sem maldade.

MANUEL, Bandeira. Estrela da vida inteira. 5ª ed. Livraria José Olympio: Rio de Janeiro, 1974.
Sobre aspectos estruturais dos textos I e II, assinale a opção com informação correta:

    A) Os termos preposicionados destacados nas passagens seguintes retiradas do texto I “Estou farto do lirismo comedido / Do lirismo bem comportado” (1ª estrofe) e “Quero antes o lirismo dos loucos / O lirismo dos bêbados” (7ª estrofe) apresentam o mesmo papel sintático.

    B) Os vocábulos “Político”, “Raquítico”, “Sifilítico” e “secretário”, retirados do texto I podem atender a uma mesma regra de acentuação gráfica.

    C) Percebe-se, nos dois textos, a quase ausência de pontuação – o que reforça o aspecto de liberdade formal da estética modernista; assim, poder-se-ia acrescentar uma vírgula, garantindo-se a correção gramatical, após o vocábulo “amadas” em “Mas este fica para as menininhas, as estrelas alfas, as virgens cem por cento e as amadas que envelheceram sem maldade.” (texto II)

    D) No texto II, o morfema derivacional posposto ao radical do vocábulo “menininhas” assume, no levando-se em consideração o contexto em que se insere no poema, um valor apreciativo.

    E) A última estrofe do texto I apresenta três orações em sua estruturação interna: uma oração principal, uma oração de natureza substantiva e uma oração de natureza adjetiva.

TEXTO I
Poética


Estou farto do lirismo comedido Do lirismo bem comportado
Do lirismo funcionário público com livro de ponto expediente protocolo
                                                 [e manifestações de apreço ao sr. diretor
Estou farto do lirismo que para e vai averiguar no dicionário

                        [o cunho vernáculo de um vocábulo

Abaixo os puristas

Todas as palavras sobretudo os barbarismos universais
Todas as construções sobretudo as sintaxes de exceção
Todos os ritmos sobretudo os inumeráveis

Estou farto do lirismo namorador
Político
Raquítico
Sifilítico
De todo lirismo que capitula ao que quer que seja fora de si mesmo.

De resto não é lirismo
Será contabilidade tabela de cossenos
[secretário do amante exemplar com cem modelos de cartas
[e as diferentes maneiras de agradar às mulheres, etc. Quero antes o lirismo dos loucos O lirismo dos bêbados O lirismo difícil e pungente dos bêbados O lirismo dos clowns de Shakespeare

- Não quero mais saber do lirismo que não é libertação.

MANUEL, Bandeira. Estrela da vida inteira. 5ª ed. Livraria José Olympio: Rio de Janeiro, 1974. 

TEXTO II
Nova Poética


Vou lançar a teoria do poeta sórdido.
Poeta sórdido:
Aquele em cuja poesia há a marca suja da vida.
Vai um sujeito.
Sai um sujeito de casa com a roupa de brim branco muito
                [bem engomada, e na primeira esquina
                [passa um caminhão, salpica-lhe o paletó
                 [ou a calça de uma nódoa de lama:

É a vida.

O poema deve ser como a nódoa no brim:
Fazer o leitor satisfeito de si dar o desespero.
Sei que a poesia é também orvalho.
Mas este fica para as menininhas, as estrelas alfas,

[as virgens cem por cento e as amadas
[que envelheceram sem maldade.

MANUEL, Bandeira. Estrela da vida inteira. 5ª ed. Livraria José Olympio: Rio de Janeiro, 1974.
Analise atentamente as proposições abaixo feitas sobre os textos I e II e assinale o item em que há informação correta

    A) A estética modernista propõe, em sua fase heroica, uma ruptura com todo o tradicionalismo anterior; assim, percebem-se, em meio ao gênero lírico, traços característicos da tipologia narrativa nos dois textos, como está claro nas seguintes passagens: “Estou farto do lirismo que para e vai averiguar no dicionário o cunho vernáculo de um vocábulo / Abaixo os puristas” (texto I) e “Vai um sujeito. / Sai um sujeito de casa com a roupa de brim branco muito bem engomada, e na primeira esquina passa um caminhão, salpica-lhe o paletó ou a calça de uma nódoa de lama:” (texto II).

    B) Sobressai, nos dois textos, a função metalinguística da linguagem, o que se justifica pela preocupação com a forma – principalmente no uso dos versos livres – presente em ambos os textos, já que é uma característica central desse tipo de função da linguagem.

    C) No texto I, há apenas contestação à estética romântica, foco principal de ataques dos primeiros modernistas, como se constata no seguinte excerto “Estou farto do lirismo que para e vai averiguar no dicionário o cunho vernáculo de um vocábulo”.

    D) No texto II, o sujeito poético cria a metáfora do “poema orvalho”, presente na última estrofe, com o intuito de fazer uma clara referência à poética parnasiana, muito criticada pelos modernistas da primeira fase.

    E) Mesmo distantes no tempo, em relação aos seus momentos de produção – “Poética” (Libertinagem - 1930); “Nova poética” (Belo belo - 1948) –, os dois poemas mantêm pontos de convergência no plano da forma e do conteúdo, revelando marcas próprias do Modernismo da primeira fase: liberdade formal e contestação a estéticas literárias anteriores.

TEXTO II


O menino está fora da paisagem

                                                                                                                                Arnaldo Jabor

    O menino parado no sinal de trânsito vem em minha direção e pede esmola. Eu preferia que ele não viesse. A miséria nos lembra que a desgraça existe e a morte também. Como quero esquecer a morte, prefiro não olhar o menino. Mas não me contenho e fico observando os movimentos do menino na rua. Sua paisagem é a mesma que a nossa: a esquina, os meios-fios, os postes. Mas ele se move em outro mapa, outro diagrama. Seus pontos de referência são outros.

     Como não tem nada, pode ver tudo. Vive num grande playground, onde pode brincar com tudo, desde que “de fora”. O menino de rua só pode brincar no espaço “entre” as coisas. Ele está fora do carro, fora da loja, fora do restaurante. A cidade é uma grande vitrine de impossibilidades. O menino mendigo vê tudo de baixo. Está na altura dos cachorros, dos sapatos, das pernas expostas dos aleijados. O ponto de vista do menino de rua é muito aguçado, pois ele percebe tudo que lhe possa ser útil ou perigoso. Ele não gosta de ideias abstratas. Seu ponto de vista é o contrário do intelectual: ele não vê o conjunto nem tira conclusões históricas – só detalhes interessam. O conceito de tempo para ele é diferente do nosso. Não há segunda-feira, colégio, happy hour. Os momentos não se somam, não armazenam memórias. Só coisas “importantes”: “Está na hora do português da lanchonete despejar o lixo...” ou “estão dormindo no meu caixote...” 

    Se pudéssemos traçar uma linha reta de cada olhar do menino mendigo, teríamos bilhões de linhas para o lado, para baixo, para cima, para dentro, para fora, teríamos um grande painel de imagens. E todas ao rés-do-chão: uma latinha, um riozinho na sarjeta, um palitinho de sorvete, um passarinho na árvore, uma pipa, um urubu circulando no céu. Ele é um espectador em 360 graus. O menino de rua é em cinemascope. O mundo é todo seu, o filme é todo seu, só que não dá para entrar na tela. Ou seja, ele assiste a um filme “dentro” da ação. Só que não consta do elenco. Ele é um penetra; é uma espécie de turista marginal. Visto de fora, seria melhor apagá-lo. Às vezes, apagam.

    Se não sentir fome ou dor, ele curte. Acha natural sair do útero da mãe e logo estar junto aos canos de descarga pedindo dinheiro. Ele se acha normal; nós é que ficamos anormais com a sua presença.

    Antigamente não o víamos, mas ele sempre nos viu. Depois que começou o medo da violência, ele ficou mais visível. Ninguém fica insensível a ele. Mesmo em quem não o olha, ele nota um fremir quase imperceptível à sua presença. Ele percebe que provoca inquietação (medo, culpa, desgosto, ódio). Todos preferiam que ele não estivesse ali. Por quê? Ele não sabe.

    Evitamos olhá-lo; mas ele tenta atrair nossa atenção, pois também quer ser desejado. Mas os olhares que recebe são fugidios, nervosos, de esguelha.

    Vejo que o menino se aproxima de um grupo de mulheres com sacolas de lojas. Ele avança lentamente dando passos largos e batendo com uma varinha no chão. Abre-se um vazio de luz por onde ele passa, entre as mulheres – mães e filhas. É uma maneira de pertencer, de existir naquela família ali, mesmo que “de fora”, como uma curiosidade. Assim, ele entra na família, um anti-irmãozinho que chega. As mães não têm como explicar aos filhos quem ele é, “por que” eles não são como “ele” (análise social) ou por que “ele” não é como nós (analise política). Porém, normalmente, mães e pais evitam explicações, para não despertar uma curiosidade infantil que poderia descer até as bases da sociedade – que os pais não conhecem, mas que se lhes afigura como algo sagrado, em que não se deve mexer.

    O menino de rua nos ameaça justamente pela fragilidade. Isso enlouquece as pessoas: têm medo do que atrai. Mais tarde, ele vai crescer... e aí?

    O menino de rua tem mais coragem que seus lamentadores; ele não se acha símbolo de nada, nem prenúncio, nem ameaça. Está em casa, ali, na rua. Olhamos o pobrezinho parado no sinal fazendo um tristíssimo malabarismo com três bolinhas e sentimos culpa, pena, indignação.

    Então, ou damos uma esmola que nos absolva ou pensamos que um dia poderá nos assaltar. Ele nos obriga ao raríssimo sentimento da solidariedade, que vai contra todos os hábitos de nossa vida egoísta de hoje. E não podemos reclamar dele. É tão pequeno... O mendigo velho, tudo bem: “Bebeu, vai ver a culpa é dele, não soube se organizar, é vagabundo”. Tudo bem. Mas o mendigo menino não nos desculpa porque ele não tem piedade de si mesmo.

    Todas nossas melhores recordações costumam ser da infância. Saudades da aurora da vida. O menino de rua estraga nossas memórias. Ele estraga a aurora de nossas vidas. Por isso, tentamos ignorá-lo ou o exterminamos. Antes, todos fingiam que ele não existia. Depois das campanhas da fome, surgiram olhares novos. Já sabemos que ele é um absurdo dentro da sociedade e que de alguma forma a culpa é nossa.

    Ele tem ao menos uma utilidade: estragando nossa paisagem presente, pode melhorar nosso futuro. O menino de rua denuncia o ridículo do pensamento – genérico-crítico –, mostra-nos que uma crítica à injustiça tem de apontar soluções positivas. Ele nos ensina que a crítica e o lamento pelas contradições (como estou fazendo agora) só servem para nos “enobrecer” e “absolver”. Para ele, nossos sentimentos não valem nada. E não valem mesmo. Mesmo não sabendo nada, ele sabe das coisas.

    Disponível em: https://www.otempo.com.br/opiniao/arnaldo-jabor/omenino-esta-fora-da-paisagem-1.887105

Sobre o texto II, é correto afirmar:

    A) O tema gira em torno de criticar o menino de rua enquanto categoria social, demonstrando como isso incomoda o bem-estar da sociedade, uma vez que essa situação nos obriga à solidariedade, ofertando a esmola, na maioria das vezes.

    B) Instaura-se uma discussão central dos efeitos que a situação de abandono do menino de rua causa na sociedade, ficando claro como existe uma preocupação por parte dessa mesma sociedade em erradicar tal situação, clamando por igualdade e justiça social.

    C) O autor busca despertar uma análise crítica e consciente na sociedade, apresentando um olhar caridoso tanto para o mendigo menino quanto para o mendigo velho, na medida em que ambos estão em situação de privação e abandono.

    D) Há uma tentativa de mostrar, de alguma forma, como o menino de rua pertence ao mesmo cenário que o restante da sociedade e, por isso, deve ser respeitado, visto que a sociedade demonstra sentimentos de empatia para com essa categoria marginalizada, o que é percebido pelo menino de rua e valorizado por ele.

    E) Trata-se de uma crítica às desigualdades sociais, direcionada à sociedade de uma forma ampla, já que o autor também se inclui, a partir de uma narrativa que tem como personagem principal o menino de rua.

TEXTO I

A pandemia entre dois presidentes: o eleito e o pato manco

Resistência de Trump a aceitar vitória de Biden aumenta temor de que combate à doença que se agrava nos EUA caia no limbo
Por Sandra Cohen

    Enquanto Joe Biden era declarado presidente eleito, os EUA registravam no sábado 126.742 novos infectados por Covid-19, o maior número de casos num só dia e o agravamento da doença em 42 dos 50 estados. Com o presidente Donald Trump no fim do mandato transformado em “pato manco” e ainda sem reconhecer a derrota, cresceu o temor de que o combate à doença caia definitivamente no limbo.
    A vitória democrata está associada também ao comportamento negligente do presidente para coibir a pandemia, que causou mais de 270 mil mortes no país. Biden já disse a que veio. No discurso em que aceitou ser o 46º presidente dos EUA, deixou claro que o tema será prioritário na transição.
    Ele vai nomear nesta segunda-feira uma força-tarefa de 12 pessoas contra novo coronavírus. E consultar o epidemiologista Anthony Fauci, maior especialista dos EUA em doenças infecciosas, que Trump ameaçou demitir após quase quatro décadas de trabalho na Casa Branca. Note-se que a atual força-tarefa, comandada pelo vice-presidente Mike Pence, não se reúne há mais de um mês.
    Ainda não está claro, porém, como será o “mandato de ação” anunciado por Biden, enquanto o presidente se mantém aferrado ao cargo e ameaça sabotar a transição. Sem influência, já que seu sucessor está eleito, Trump se transforma automaticamente em “pato manco”, no período entre a eleição e a posse de Biden.
    Por lei, o acesso a documentos, relatórios e agências federais devem ser facilitados pelo governo ao presidente eleito enquanto não toma posse. A equipe de Biden acelerou os planos para a transição, que vêm sendo traçados desde o início do semestre, e estão descritos no site "BuildBackBetter.com". As outras questões prioritárias para o Dia 1 da próxima Presidência são recuperação econômica, igualdade racial e mudança climática.
    No que diz respeito ao novo coronavírus, a proposta de Biden prevê o trabalho junto a governadores e prefeitos de forma a tornar obrigatório o uso de máscaras faciais. E também o aumento de testes de diagnóstico - “confiáveis e gratuitos” - enquanto uma vacina não estiver disponível.     
    A distribuição de imunizantes contra o novo coronavírus - prometida por Trump para antes das eleições - certamente será atribuição do novo governo. Biden prometeu reatar, no mesmo dia em que assumir o cargo, as relações do país com a Organização Mundial de Saúde, rotulada pelo atual presidente como marionete da China.
    O agravamento da doença levanta ainda dúvidas sobre os rituais da cerimônia de posse, no dia 20 de janeiro: se Biden fará o juramento de máscara, se o número de convidados será limitado e se os animados bailes, por onde o novo presidente e a primeira-dama peregrinam durante a noite, resistirão às restrições impostas pela pandemia.
    Assim como a campanha, a eleição e a transição de poder, a posse de Biden também caminha para o insólito. Sinal dos tempos.

https://g1.globo.com/mundo/blog/sandracohen/post/2020/11/09/a-pandemia-entre-dois-presidenteso-eleito-e-o-pato-manco.ghtml
O valor semântico estabelecido pelo conectivo destacado no primeiro período do primeiro parágrafo “Enquanto Joe Biden era declarado presidente eleito, os EUA registravam no sábado 126.742 novos infectados por Covid-19, o maior número de casos num só dia e o agravamento da doença em 42 dos 50 estados.” indica eventos que ocorreram em um tempo:

    A) posterior;

    B) anterior;

    C) imediato;

    D) concomitante;

    E) distanciado.

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