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Entre as diferentes conquistas dos movimentos sociais no final do século XX podemos citar as demarcações de Terras Indígenas e a criação de Unidades de Conservação da Natureza. A primeira ação incide diretamente sobre a proteção e ao direito de auto-determinação dos povos indígenas, a segunda contribui para a proteção ao meio-ambiente, determinante para a sustentabilidade do país e do planeta para as presentes e futuras gerações. Entretanto, estas conquistas geram também novos desafios especialmente para os movimentos sociais e para os poderes públicos. Entre eles, estão os problemas causados pela sobreposição entre as Terras Indígenas e as Unidades de Conservação que podem ser resumidos da seguinte forma:
Para a antropóloga Dominique Gallois, o contato coloca um grupo indígena diante de lógicas espaciais diferentes da sua e que passam a ser expressas também em termos territoriais. (...) o contato é um contexto de confronto entre lógicas espaciais. Por este motivo, as diversas formas de regulamentar a questão territorial indígena implementadas pelos Estados Nacionais não podem ser vistas apenas do ângulo do reconhecimento do direito à terra, mas como tentativa de solução deste confronto. Na base deste pensamento está o argumento de que:
Povos indígenas, quilombolas e populações tradicionais são categorias muito presentes hoje nos discursos de antropólogos, biólogos, engenheiros florestais e de outros profissionais da área socioambiental. A categoria populações tradicionais abrange um grupo social muito amplo e que vem ganhando cada vez mais expressão em políticas públicas de conservação ambiental, incluindo seringueiros, castanheiros, babaçueiros, caiçaras, pescadores artesanais. Entretanto, há um aspecto importante que distingue esta categoria das categorias de quilombolas e povos indígenas:
No campo das políticas públicas, a área do patrimônio vem demonstrando especial vitalidade com o surgimento de novas categorias de bens de interesse difuso ou público, que despertam hoje a atenção de organismos nacionais e internacionais e cujo valor reside fundamentalmente na possibilidade e na necessidade de seu uso coletivo, garantindo o mais amplo possível acesso da população a eles, posto que constituem recursos essenciais para a garantia de vida digna da população humana, inclusive as futuras gerações. Entre estas novas modalidades de patrimônio destacam-se:
Luiz Roberto Cardoso de Oliveira, quando presidente da Associação Brasileira de Antropólogos ABA escreveu uma nota em maio de 2008, onde se posicionava com relação ao conflito instaurado na Terra Indígena Raposa Serra do Sol. Segundo ele, ter-se-ia desencadeado uma inesperada avalanche de declarações anti-indígenas no país que se faziam valer de argumentos centrados na idéia de que os indígenas estariam sendo privilegiados e de que as políticas indigenistas poderiam estar representando ameaças à segurança nacional. Segundo Oliveira, uma verdadeira onda de desinformação se alastra pelos canais de comunicação, criando na opinião pública a impressão de que tudo se resume a um conflito de opiniões. De acordo com a nota da ABA, o Governo, através do Decreto Presidencial de 2005, oficializou a demarcação continuada da Terra Indígena Raposa Serra do Sol depois que os interesses e argumentos dos arrozeiros e do governo de Roraima foram ouvidos e examinados, tanto no processo administrativo, quanto em múltiplas ações judiciais, cumprindo minuciosamente uma importante fase do processo. A nota da ABA está se referindo neste caso a fase do(a):
João Pacheco de Oliveira compara os povos indígenas que estão na região Nordeste com aqueles que estão na região da Amazônia. Segundo ele, dadas as características e a cronologia da expansão das fronteiras na Amazônia, os povos indígenas detém parte significativa de seus territórios e nichos ecológicos, enquanto no Nordeste tais áreas foram incorporadas por fluxos colonizadores anteriores, não diferindo muito as suas posses atuais do padrão camponês e estando entremeadas à população regional. Dadas as diferenças entre estes dois pólos de ocupação indígena, o desafio da ação indigenista particularmente no caso da região Nordeste tem se caracterizado por:
Nos últimos trinta anos, os índios no Brasil deixaram de ser uma categoria social em extinção, meras vítimas dos impactos inevitáveis do desenvolvimento, para alcançar a condição de importantes parceiros potenciais do chamado desenvolvimento sustentável. Neste contexto, o antropólogo Beto Ricardo do Instituto Socioambiental sustenta que um dos grandes desafios para as sociedades indígenas consiste em:
Em dezembro de 2002, foi conferido o titulo de Patrimônio Cultural do Brasil à arte kusiwa pintura corporal e arte gráfica wajãpi , o primeiro bem cultural indígena registrado no Livro dos Saberes do patrimônio imaterial. De acordo com o Decreto 3551 de 4 de agosto de 2000 que institui o registro de bens culturais de natureza imaterial que constituem o patrimônio cultural brasileiro, a arte kusiwa mereceu esta distinção por
Na Amazônia brasileira, há pelo menos 46 evidências de índios isolados. Não se sabe ao certo quem são, onde estão, quantos são e que línguas falam. A preocupação com a situação de risco desses grupos fez com que fosse organizado um Encontro sobre índios isolados e de contato recente. Mais tarde foi criado um órgão específico dentro da FUNAI, a Coordenadoria de Índios Isolados, para cuidar da questão. Nesta categoria índios isolados estão incluídos os índios
Adam Kuper em seu ensaio Cultura, Diferença, Identidade chama a atenção para o surgimento, nas décadas de 1980 e 1990, no contexto dos Estados Unidos, de uma teoria popular da cultura. Kuper assinala que os antropólogos contemporâneos estão apreensivos com o essencialismo implícito nessa teoria popular da cultura. Segundo esta teoria, uma pessoa tem uma identidade essencial, que deriva do caráter essencial da coletividade à qual pertence. No entendimento dos antropólogos contemporâneos, os conceitos de cultura e identidade são
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