Questões de Direito Penal do ano 2016

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O conceito de funcionário público para fins penais não se confunde com o conceito para outros ramos do Direito. Em sendo crime próprio praticado por funcionário público contra a Administração, aplica-se o artigo 327 do Código Penal, que apresenta um conceito amplo de funcionário público para efeitos penais. Por outro lado, o artigo respeita o princípio da legalidade, disciplinando expressamente em que ocasiões determinado indivíduo será considerado funcionário público para fins de definição do sujeito ativo de crimes próprios. Sobre o tema ora tratado e de acordo com o dispositivo acima mencionado, é correto afirmar que:

  • A. exige-se o requisito da permanência para que seja reconhecida a condição de funcionário público no campo penal;
  • B. somente pode ser considerado funcionário público aquele que recebe qualquer tipo de remuneração no exercício de cargo, emprego ou função pública;
  • C. aquele que exerce cargo em autarquias, entidades paraestatais ou fundações públicas, não é considerado funcionário público para efeitos penais;
  • D. o perito judicial não é considerado funcionário público para efeitos penais, já que apenas exerce a função transitoriamente;
  • E. é equiparado a funcionário público, para efeitos penais, aquele que trabalha para empresa contratada para a execução de atividade típica da Administração Pública.

Matheus, funcionário público, recebe em razão do exercício de sua função junto ao Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro, diariamente, uma grande quantidade de dinheiro em espécie. Verificando que a vigilância não era significativa, decide se apropriar de parte dos valores, e, para tanto, solicita a ajuda de seu amigo Bruno, que não era funcionário público, mas tinha conhecimento de todo o plano delitivo de Matheus. Considerando a situação narrada e as características do delito de peculato, é correto afirmar que:

  • A. o crime de peculato somente pode ser praticado em sua modalidade dolosa;
  • B. por ser crime próprio, somente Matheus poderá ser denunciado pelo mesmo, já que funcionário público, enquanto Bruno não responderá por qualquer crime;
  • C. apesar de ser crime praticado contra a Administração Pública, no crime de peculato os valores ou bens apropriados podem ser públicos ou particulares;
  • D. se a apropriação for de dinheiro recebido, no exercício do cargo, por erro de outrem, o crime será comum e não especial de funcionário contra a Administração, já que o particular é quem foi lesado;
  • E. no crime de peculato-furto, o funcionário tem a posse do dinheiro em razão do cargo e o desvia em proveito próprio ou alheio.

João foi aprovado em concurso público para ingresso no quadro de funcionários do Ministério Público, sendo nomeado e tendo tomado posse, e, apesar de não ter assumido sua função por razões burocráticas, já foi informado de que seria designado para atuar junto à Promotoria de Justiça Criminal de Duque de Caxias. Ciente da existência de investigação para apurar ilícitos fiscais que estariam sendo praticados por empresário da cidade, colega de seu pai, procura o advogado do investigado e narra que será designado para atuar na Promotoria com atribuição para o caso, passando a solicitar a quantia de 50 mil reais para, de alguma forma, influenciar naquela investigação de maneira favorável ao indiciado. Considerando a situação narrada, é correto afirmar que a conduta de João, em tese:

  • A. configura crime de corrupção passiva;
  • B. configura crime de prevaricação;
  • C. configura crime de advocacia administrativa;
  • D. configura crime de exercício funcional ilegalmente antecipado ou prolongado;
  • E. é atípica, já que nem mesmo havia iniciado o exercício de sua função.

Caio ocupa cargo em comissão em órgão da administração direta, tendo se apoderado, indevidamente e em proveito próprio, de um laptop pertencente ao órgão por ele dirigido e do qual tinha a posse em razão do cargo. Diante do fato narrado, Caio deverá responder por:

  • A. crime comum, mas não próprio, já que não pode ser considerado funcionário público;
  • B. peculato-furto, com o aumento de pena em razão do cargo comissionado ocupado;
  • C. peculato apropriação, com o aumento de pena em razão do cargo comissionado ocupado;
  • D. peculato apropriação, com direito à extinção da punibilidade se devolvida a coisa ou reparado o dano antes do recebimento da denúncia;
  • E. peculato-furto, com a redução da pena pela metade se devolvida a coisa antes do recebimento da denúncia.

Técnico de notificação do Ministério Público recebe documentos sigilosos oriundos de determinando procedimento para cumprimento de diligência. De maneira negligente, porém, joga-os no lixo juntamente com outros papéis de contas pessoais, causando, assim, o sumiço do importante documento público. Considerando a situação narrada, a conduta do técnico de notificação, sob o ponto de vista penal:

  • A. configura crime de excesso de exação;
  • B. configura crime de extravio, sonegação ou inutilização de livro ou documento público;
  • C. configura crime de violação do sigilo funcional;
  • D. é atípica;
  • E. configura crime de modificação ou alteração não autorizada de sistema de informações.

Em relação aos crimes contra a Administração pública, é correto assegurar que

  • A. puníveis apenas condutas dolosas.
  • B. cabível a retratação nos crimes de falso testemunho e denunciação caluniosa.
  • C. a condição de funcionário público é elementar do tipo de peculato e, por isso, não se comunica, em qualquer situação, ao coautor ou partícipe particular.
  • D. não constitui crime de concussão, tipificado no Código Penal, a exigência, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes de iniciar seu exercício, mas em razão dela, de vantagem indevida para deixar de lançar ou cobrar tributo ou contribuição social.
  • E. não se equipara a funcionário público, para efeitos penais, quem trabalha para empresa prestadora de serviço contratada ou conveniada para a execução de atividade típica da Administração Pública.

Funcionários públicos estão executando um ato legal. Mediante violência, um indivíduo opõe-se à execução do ato, e acaba causando lesão corporal leve em um particular que prestava auxílio aos funcionários públicos. Em que pese a oposição o ato se executa. O indivíduo

  • A. comete crime de resistência e também responderá pela violência (lesão corporal).
  • B. comete crime de desobediência, o qual terá sua pena aumentada por conta da violência (lesão corporal).
  • C. apenas responderá pela violência (lesão corporal), não havendo porque se cogitar de outro crime, pois o ato foi executado.
  • D. apenas comete crime de resistência, não havendo porque se cogitar de outro crime, uma vez que a vítima de violência (lesão corporal) não se trata de funcionário público.
  • E. não comete crime algum.

A conduta de iludir, no todo ou em parte, o pagamento de direito ou imposto devido pela entrada, pela saída ou pelo consumo de mercadoria constitui

  • A. crime de contrabando.
  • B. crime de descaminho.
  • C. crime de sonegação de contribuição previdenciária.
  • D. mero ilícito fiscal-aduaneiro, sem repercussão na esfera penal.
  • E. mero ilícito fiscal-tributário que sujeita a respectiva mercadoria a perdimento, sem repercussão na esfera penal.

NÃO é Pena Restritiva de Direito, em conformidade com o Decreto Lei n.º 2.848, de 7 de dezembro de 1940, Código Penal:

  • A. Prestação pecuniária.
  • B. Prestação de serviço à comunidade.
  • C. Interdição temporária de direitos.
  • D. Detenção.

No tocante à jurisprudência sumulada pelo STJ quanto ao direito penal, assinale a opção correta.

  • A. A extinção da punibilidade pela prescrição da pretensão punitiva, com fundamento em pena hipotética, é admitida, independentemente da existência ou do resultado do processo penal.
  • B. Fixada a pena-base no mínimo legal, a decisão, fundamentada na gravidade abstrata do delito, poderá estabelecer ao sentenciado regime prisional mais gravoso do que o cabível em razão da sanção imposta.
  • C. A contagem do prazo para a progressão de regime de cumprimento de pena será interrompida pela prática de falta grave e se reiniciará a partir do cometimento dessa infração.
  • D. A falta grave interrompe o prazo para a obtenção de livramento condicional.
  • E. A prática de falta grave interrompe o prazo para o fim de comutação de pena ou indulto.
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