Questões de História da Fundação de Amparo e Desenvolvimento da Pesquisa (FADESP)

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A partir da década de 60 do século XIX, a atuação do Estado brasileiro conferiu às ações cotidianas dos cativos um caráter cada vez mais político, no sentido de reconhecer legalmente alguns direitos, como a

  • A. escolha, pelo cativo, do novo proprietário, por ocasião da transação de compra e venda, o que de certo impedia a possibilidade de fuga.
  • B. manutenção de núcleos familiares, que variavam de acordo com a chegada da etnia ao Brasil por meio do tráfico internacional.
  • C. liberdade de escolher o local da fazenda para onde seria levado após o leilão, conforme estabeleciam os últimos decretos imperiais daquela década.
  • D. não-separação de famílias por ocasião da venda e o direito ao pecúlio e à autocompra, especialmente para aqueles negociados no tráfico interno.

A pressão pela obtenção da alforria era mais freqüente entre os escravos crioulos negociados no tráfico interno do que entre os cativos recém-chegados da África, porque os

  • A. escravos crioulos tinham concepções preestabelecidas do que era castigo justo ou injusto, dos ritmos de trabalho aceitáveis ou não aceitáveis, das condições que deveriam dar acesso ao pecúlio e à alforria, que podiam ser distintas das encontradas nas fazendas de café do Sudeste.
  • B. africanos recém-chegados tinham outra noção de liberdade e, para eles, a alforria era um mecanismo não muito seguro em relação à vontade do senhor, dada a ausência de leis para amparar o cativo recém-chegado da África.
  • C. crioulos não acreditavam na possibilidade de alforria, sobretudo por não conhecerem o jogo político estabelecido na relação entre o Estado brasileiro e os cafeicultores, após a Lei dos Sexagenários.
  • D. cativos com maiores recursos comunitários obtinham com mais facilidade a alforria, por serem temidos pela violência com que conseguiam abrir frestas na ordem escravocrata, especialmente nas fazendas de café do vale do Paraíba.

Leia o relato de um funeral africano feito pelo historiador João Reis:

Esse relato de uma prática cotidiana na ordem escravocrata revela que

  • A. as cerimônias fúnebres de reis e imperadores africanos eram corriqueiras, demonstrando a hegemonia da nação Nagô, a que havia chegado ao Brasil e se estabelecido na Bahia há mais tempo.
  • B. os ex-escravos também tinham direito a um funeral pomposo como um aristocrata africano, desde que pertencessem a uma irmandade, especialmente a de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos.
  • C. persistiam, na comunidade africana do Brasil, hierarquias políticas e religiosas que se expressavam em vários momentos, como por ocasião de um funeral de um aristocrata africano.
  • D. o funeral pomposo de um aristocrata ou sacerdote africano ocorria somente na corte do Rio de Janeiro, por ser uma prática respeitada e admirada pela nobreza imperial e pelos homens letrados da corte.

Leia, abaixo, o relato de outra prática religiosa da cultura africana no Brasil Imperial:

Esse relato faz referência ao (à)

  • A. surgimento de formas de expressão de religiosidade como a dos africanos, cuja divindade maior era o deus da terra cultuado nas cachoeiras
  • B. aparecimento de uma série de práticas mágicas dispersas, que tornaram os africanos respeitados pelas curas que realizavam, inclusive pelos membros do clero católico.
  • C. nascimento de práticas mágicas, sobretudo as trazidas pelos africanos, que foram toleradas pelo Santo Ofício, por isso ainda hoje são praticadas.
  • D. preservação da reverência a deuses que habitavam florestas e cursos d´água e à utilização desse mecanismo para gozar de privacidade e escapar da repressão dos donos do poder.

Durante a fase colonial, um dos mecanismos de arregimentação de mão-de-obra indígena na Região Amazônica era o resgate, que ocorria paralelamente ao descimento e sempre com a presença de um missionário. O resgate consistia na

  • A. captura de índios de diversas etnias, geralmente após guerras intertribais, que posteriormente poderiam ser vendidos como escravos.
  • B. obtenção de mão-de-obra de índios livres, que não poderiam servir aos moradores contra a sua vontade, sob pena de expulsão dos missionários da região.
  • C. captura de índios por tropas bandeirantes, os quais seriam vendidos posteriormente, na condição de escravos, a qualquer missão religiosa, autorizada pelo Estado Metropolitano.
  • D. obtenção de mão-de-obra indígena por meio de um consórcio formado por missionários, colonos e agentes burocráticos da Coroa, com o objetivo de efetuar transações comerciais.

O ano que antecede 1835 e a eclosão da Cabanagem na província do Grão-Pará foi marcado por uma tentativa de reorganização administrativa e fiscal por parte de Lobo de Sousa, presidente da província. Dentre as medidas impopulares de Lobo de Sousa, que não agradaram os comerciantes locais destaca (m)-se o (a)

  • A. cumprimento da lei que abolia a cobrança do dízimo do pescado e a liberdade de circulação de canoas pelo interior da província.
  • B. pagamento de tributos pelo uso da terra usada para o cultivo da cana-de-açúcar e o fim do cativeiro na estrutura produtiva da cana.
  • C. estabelecimento de barreiras nos principais portos da região a fim de evitar o contrabando de drogas do sertão e o tráfico de escravos.
  • D. proibição de pagamento de soldados que serviam nas fronteiras e a substituição das moedas de cobre por papel-moeda impresso no Rio de Janeiro.

No dia 7 de janeiro de 1835, a cidade de Belém é tomada pelos cabanos, que pregam a liberdade. No contexto revolucionário cabano, liberdade significava o fim do (da)

  • A. regime escravocrata, porque as autoridades ignoravam certas conquistas dos cativos, como o direito à alforria, à autocompra e à liberdade religiosa.
  • B. exploração portuguesa e branca na província, pois se trava uma luta contra as autoridades civis e eclesiásticas e até contra os senhores de escravo.
  • C. domínio português no comércio local, o que obrigava os moradores a consumir apenas produtos importados da Europa.
  • D. exploração de índios e tapuios por comerciantes locais que os obrigavam a trabalhar em suas vendas sem nenhum direito trabalhista.

A Cabanagem, considerada um dos mais expressivos movimentos sociais do Brasil Imperial, tem suas raízes muito antes de 1835. É correto afirmar que esse movimento resultou da s)

  • A. insatisfação de vários setores da sociedade, desde gente abastada até índios e tapuios, o que denota o clima revolucionário da província.
  • B. carestia de gêneros alimentícios, que obrigava as camadas abastadas a consumir produtos importados e o pobre a consumir apenas enlatados vindos do hemisfério Norte.
  • C. medidas humanitárias de Lobo de Sousa, que mandou libertar os escravos da província, gerando uma ofensiva militar por parte dos senhores de escravos.
  • D. existência de inúmeros desertores que circulavam pelo interior da província, pregando o fim da escravidão e a separação do Grão-Pará do Império brasileiro.

A construção da ordem política imperial expressa-se nas relações ambíguas entre as idéias e as instituições do Estado. De fato, a sociedade brasileira

  • A. era governada por instituições liberais e representativas, mas, ao mesmo tempo, sua base era escravocrata, agrária e analfabeta, dirigida por uma elite cosmopolita voltada para o modelo europeu de civilização.
  • B. era controlada por uma elite burocrata que tinha no Poder Moderador a sua válvula de escape para evitar o choque com a nobreza imperial e os proprietários de terra.
  • C. desconhecia o poder do imperador para arbitrar os conflitos dos grupos dominantes, embora esses grupos reconhecessem a monarquia.
  • D. reconhecia a monarquia brasileira como símbolo de civilização no Brasil escravocrata, mas não reconhecia as pompas que davam visibilidade à figura real.

A construção do Estado Nacional brasileiro a partir da Independência está assentada na

  • A. imposição de uma ordem republicana baseada no privatismo e no militarismo, como forma de impedir as tentativas de secessão do território brasileiro.
  • B. manutenção da escravidão e do tráfico africano, a fim de garantir o poder a uma elite burocrata que se havia instalado no aparelho de Estado.
  • C. existência de uma elite homogênea que buscava manter a estabilidade da ex-colônia e a formação de um governo civil distante da monarquia européia.
  • D. manutenção da monarquia representativa, como uma das opções possíveis à época, a fim de manter unida a ex-colônia.
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