Questões de Português do ano 2020

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Tenho doutorado e sou o chefe. Aqui quem manda sou eu. Então, por que não me entendem?


Manter um bom nível de comunicação dentro das empresas é de primordial importância para o andamento do trabalho. Uma boa comunicação com as chefias é também essencial para que o profissional possa dar o seu melhor, assim como entender o que lhe é requisitado. Porém, uma palavra, de apenas três sílabas, na frase anterior, é o que pode colocar tudo a perder, ou a ganhar: entender.

O entendimento humano passa pelo processo de comunicação, todavia quando existem ruídos entre o emissor e receptor, a mensagem não é transmitida, ou pior, ela é entendida de maneira errada. E isso vem acontecendo muito ainda no patamar das empresas nacionais, que, por não prezarem a área de comunicação ou mesmo a qualificação de seus gestores, acabam pecando na maneira de informar seus colaboradores.

Muitas vezes, os chefes são pessoas que não reconhecem sua falha na comunicação e, assim, vão tocando o negócio sem priorizar esse bem, achando que o erro está em seu subordinado. Normalmente, quem não está preparado para este cargo, que requer o poder de comunicar, não ouve o que seus funcionários têm a dizer e, ainda, julga estar sempre com a razão. Isso acontece pelo desconhecimento que os chefes têm do poder da comunicação no ambiente empresarial.

Em uma organização, é preciso deixar claro quem são os líderes, e estes precisam deixar mais claro ainda para seus colaboradores que estão ali para guiar, orientar e apoiar. Os chefes devem entender que a comunicação em suas empresas, além de necessária, é um exercício de gentileza e respeito, por isso, não é só mandar, mas liderar de forma ampla, envolvendo e cativando os colaboradores de uma organização. E nada melhor para isso do que o uso devido da comunicação.


(TENHO doutorado e sou o chefe. Aqui quem manda sou eu. Então, por que não me entendem? Adaptado. Revisão linguística. Disponível em: https://bit.ly/3j3MyZD. Acesso em: mar 2020) 

Leia o texto 'Tenho doutorado e sou o chefe. Aqui quem manda sou eu. Então, por que não me entendem?' e, em seguida, analise as afirmativas abaixo:
I. É possível deduzir, a partir do texto, que, mesmo estando em uma posição hierárquica superior, a efetiva comunicação não depende somente dos líderes, isto é, como os comandos partem de uma relação horizontal, os colaboradores também precisam ter o poder de comunicar. II. O texto atribui certa responsabilidade à figura do chefe (líder) pelo uso devido da comunicação, visto que ele é o responsável por guiar, orientar e apoiar seus colaboradores.
Marque a alternativa CORRETA:

    A) As duas afirmativas são verdadeiras.

    B) A afirmativa I é verdadeira, e a II é falsa.

    C) A afirmativa II é verdadeira, e a I é falsa.

    D) As duas afirmativas são falsas.

Tenho doutorado e sou o chefe. Aqui quem manda sou eu. Então, por que não me entendem?


Manter um bom nível de comunicação dentro das empresas é de primordial importância para o andamento do trabalho. Uma boa comunicação com as chefias é também essencial para que o profissional possa dar o seu melhor, assim como entender o que lhe é requisitado. Porém, uma palavra, de apenas três sílabas, na frase anterior, é o que pode colocar tudo a perder, ou a ganhar: entender.

O entendimento humano passa pelo processo de comunicação, todavia quando existem ruídos entre o emissor e receptor, a mensagem não é transmitida, ou pior, ela é entendida de maneira errada. E isso vem acontecendo muito ainda no patamar das empresas nacionais, que, por não prezarem a área de comunicação ou mesmo a qualificação de seus gestores, acabam pecando na maneira de informar seus colaboradores.

Muitas vezes, os chefes são pessoas que não reconhecem sua falha na comunicação e, assim, vão tocando o negócio sem priorizar esse bem, achando que o erro está em seu subordinado. Normalmente, quem não está preparado para este cargo, que requer o poder de comunicar, não ouve o que seus funcionários têm a dizer e, ainda, julga estar sempre com a razão. Isso acontece pelo desconhecimento que os chefes têm do poder da comunicação no ambiente empresarial.

Em uma organização, é preciso deixar claro quem são os líderes, e estes precisam deixar mais claro ainda para seus colaboradores que estão ali para guiar, orientar e apoiar. Os chefes devem entender que a comunicação em suas empresas, além de necessária, é um exercício de gentileza e respeito, por isso, não é só mandar, mas liderar de forma ampla, envolvendo e cativando os colaboradores de uma organização. E nada melhor para isso do que o uso devido da comunicação.


(TENHO doutorado e sou o chefe. Aqui quem manda sou eu. Então, por que não me entendem? Adaptado. Revisão linguística. Disponível em: https://bit.ly/3j3MyZD. Acesso em: mar 2020) 

Leia o texto 'Tenho doutorado e sou o chefe. Aqui quem manda sou eu. Então, por que não me entendem?' e, em seguida, analise as afirmativas abaixo:
I. Pode-se inferir do texto que o chefe lança a culpa do equívoco na comunicação aos subordinados, pois não reconhece sua própria falha ao interagir. Essa atitude revela despreparo para a função de liderança e desconhecimento do poder da comunicação no ambiente empresarial. II. Está comprovado no texto que os subordinados é que são culpados por não conseguirem entender os comandos de seus líderes. Como não priorizam a área de comunicação ou mesmo a qualificação de seus colaboradores, as empresas nacionais perdem muito ao não praticarem a efetiva comunicação.
Marque a alternativa CORRETA:

    A) As duas afirmativas são verdadeiras.

    B) A afirmativa I é verdadeira, e a II é falsa.

    C) A afirmativa II é verdadeira, e a I é falsa.

    D) As duas afirmativas são falsas.

Analise as afirmativas a seguir:
I. Locução adjetiva é a expressão formada de preposição e substantivo ou equivalente com função de adjetivo. Um exemplo de locução adjetiva é: Homem de coragem = homem corajoso. II. Algumas palavras na Língua Portuguesa possuem a escrita ou pronúncia idênticas, mas carregam significados distintos. Esse é o caso dos parônimos “descrição” e “distração”.
Marque a alternativa CORRETA:

    A) As duas afirmativas são verdadeiras.

    B) A afirmativa I é verdadeira, e a II é falsa.

    C) A afirmativa II é verdadeira, e a I é falsa.

    D) As duas afirmativas são falsas.

Analise as afirmativas a seguir:
I. Pronomes pessoais são aqueles que substituem os substantivos, indicando indiretamente as pessoas do discurso. Quem fala ou escreve assume os pronomes eu ou nós, usa os pronomes tu, vós, você ou vocês para designar a quem se dirige e ele, ela, eles ou elas para fazer referência à pessoa ou às pessoas de quem fala. II. O acento circunflexo é utilizado no trecho “Precisou de muito tempo para pôr ordem no escritório” pelo mesmo motivo que no trecho “Ele viajou pôr países que não conhecia”.
Marque a alternativa CORRETA:

    A) As duas afirmativas são verdadeiras.

    B) A afirmativa I é verdadeira, e a II é falsa.

    C) A afirmativa II é verdadeira, e a I é falsa.

    D) As duas afirmativas são falsas.

Analise as afirmativas a seguir:
I. Substantivo próprio é o que se aplica a um objeto ou a um conjunto de objetos, mas sempre individualmente. Isso significa que o substantivo próprio se aplica a esse objeto ou a esse conjunto de objetos, considerando-os como indivíduos. II. Substantivo é a classe de lexema que se caracteriza por significar o que convencionalmente chamamos objetos substantivos, isto é, em primeiro lugar, substâncias (homem, casa, livro) e, em segundo lugar, quaisquer outros objetos mentalmente apreendidos como substâncias, quais sejam qualidades (bondade, brancura), estados (saúde, doença), processos (chegada, entrega, aceitação).
Marque a alternativa CORRETA:

    A) As duas afirmativas são verdadeiras.

    B) A afirmativa I é verdadeira, e a II é falsa.

    C) A afirmativa II é verdadeira, e a I é falsa.

    D) As duas afirmativas são falsas.

Analise as afirmativas a seguir:
I. Nos verbos derivados de TER e VIR, o acento ocorre obrigatoriamente, exceto no singular. Distingue-se o plural do singular mudando o acento de agudo para circunflexo. II. O adjetivo destacado em letras maiúsculas na frase seguinte é pátrio: Os escritores BRASILEIROS também são responsáveis pela mudança linguística.
Marque a alternativa CORRETA:

    A) As duas afirmativas são verdadeiras.

    B) A afirmativa I é verdadeira, e a II é falsa.

    C) A afirmativa II é verdadeira, e a I é falsa.

    D) As duas afirmativas são falsas.

Analise as afirmativas a seguir:
I. Conjugar um verbo é dizê-lo, de acordo com um sistema determinado, um paradigma, em todas as suas formas, nas diversas pessoas, números, tempos, modos e vozes. II. O atual entendimento sobre os pronomes na Língua Portuguesa permite classificá-los em quatro categorias: pessoais (abarcando o artigo definido), demonstrativos (abarcando o artigo indefinido), interrogativos e relativos.
Marque a alternativa CORRETA:

    A) As duas afirmativas são verdadeiras.

    B) A afirmativa I é verdadeira, e a II é falsa.

    C) A afirmativa II é verdadeira, e a I é falsa.

    D) As duas afirmativas são falsas.

João Cabral de Melo Neto e a tradição do romance de 30
Por CARVALHO, 2009 (trecho de artigo adaptado).

Quando João Cabral de Melo Neto começou a escrever poesia no Recife do final dos anos 1930, perdia fôlego a vigorosa produção de romances de autores nordestinos que caracterizou um momento decisivo da literatura brasileira: Rachel de Queiroz, depois de O quinze (1930) e mais três romances, (1) passaria a se dedicar ao jornalismo; José Lins do Rego já criara o seu “ciclo da cana-de-açúcar”, (2) antes de chegar à obra-prima Fogo morto (1943); e Graciliano Ramos encerrara com Vidas secas (1938) a sua série de “ficções” para explorar a “confissão” das memórias. O grupo que Cabral frequentava, liderado por Willy Lewin, preferia cultivar uma poesia inspirada pelas sugestões do sonho, em lugar dos estímulos da terra que provocaram poetas da região durante a década de 1920, como Jorge de Lima, Ascenso Ferreira, Joaquim Cardozo e Jorge Fernandes. Não era mais tempo do Primeiro Congresso Regionalista do Nordeste, no qual, em 1926, Gilberto Freyre lançara seu célebre manifesto de valorização de temas regionais, mas sim do Congresso de Poesia do Recife, no qual, em 1941, Cabral apresentaria sua tese “Considerações sobre o poeta dormindo”.
Embora a obra de estreia Pedra do sono (1942) muito deva a esse contexto inicial, nada regionalista, Cabral desde cedo se tornou leitor dos romancistas nordestinos da década anterior. Mas seu caminho rumo a uma poesia cada vez mais centrada em seu aspecto construtivo, culminando em Psicologia da composição (1947), não incluía, em suas paisagens solares e desérticas, o Sertão e a Zona da Mata do Nordeste evocado por aqueles autores. Já em Os três mal-amados, de 1943, reconhecia, por meio do monólogo “devorador” de Joaquim, essa ausência:
O amor comeu meu Estado e minha cidade. Drenou a água morta dos mangues, aboliu a maré. Comeu os mangues crespos e de folhas duras, comeu o verde ácido das plantas de cana cobrindo os morros regulares, cortados pelas barreiras vermelhas, pelo trenzinho preto, pelas chaminés. Comeu o cheiro de cana cortada e o cheiro de maresia. Comeu até essas coisas de que eu desesperava por não saber falar delas em verso. (Melo Neto, 1997a, p.26)
Na tentativa de descrição, reconhecemos o cenário de mais de um romance de José Lins do Rego, que no máximo poderia ser expurgado e logo descartado na fala prosaica de Joaquim, interrompida pelo silêncio. Se não fosse mais um romance na esteira de Zé Lins e companhia, a poesia parece que não daria conta de todo um mundo que fora tão bem representado, inclusive em ensaios. 
É justamente fora do país, na Espanha, que Cabral retornou à sua região. Motivado por ideias marxistas e pela necessidade de denúncia social na obra de arte, mas sem prejuízo da sua dimensão estética, escreveu seu primeiro poema centrado na paisagem e no homem nordestino, O cão sem plumas (1951), metáfora para o Rio Capibaribe de Pernambuco. Além disso, para cumprir o ideal de comunicação com o público, a partir de uma linguagem mais prosaica, as obras seguintes - O rio (1954) e Morte e vida Severina (1954-1955) -, baseadas em elementos da poesia medieval espanhola e da literatura popular nordestina, fincam a terra natal na poesia cabralina.

(CARVALHO, Ricardo Souza de. João Cabral de Melo Neto e a tradição do romance de 30. Estud. av, São Paulo, v. 23, n. 67, p. 269-278, 2009.)
Leia o texto 'João Cabral de Melo Neto e a tradição do romance de 30' e, em seguida, analise as afirmativas abaixo:
I. Sem prejuízo da sua dimensão estética, João Cabral de Melo Neto escreveu seu primeiro poema centrado na paisagem e no homem nordestino, obra essa denominada “Morte e Vida Severina”, de 1951, nome esse que representa uma metáfora para o Rio Capibaribe de Pernambuco, como se pode concluir a partir da leitura cuidadosa das informações do texto. II. De acordo com as informações do texto, pode-se inferir que, em 1926, Gilberto Freyre lançou seu célebre manifesto de valorização de temas regionais no Primeiro Congresso Regionalista do Nordeste.
Marque a alternativa CORRETA:

    A) As duas afirmativas são verdadeiras.

    B) A afirmativa I é verdadeira, e a II é falsa.

    C) A afirmativa II é verdadeira, e a I é falsa.

    D) As duas afirmativas são falsas.

João Cabral de Melo Neto e a tradição do romance de 30
Por CARVALHO, 2009 (trecho de artigo adaptado).

Quando João Cabral de Melo Neto começou a escrever poesia no Recife do final dos anos 1930, perdia fôlego a vigorosa produção de romances de autores nordestinos que caracterizou um momento decisivo da literatura brasileira: Rachel de Queiroz, depois de O quinze (1930) e mais três romances, (1) passaria a se dedicar ao jornalismo; José Lins do Rego já criara o seu “ciclo da cana-de-açúcar”, (2) antes de chegar à obra-prima Fogo morto (1943); e Graciliano Ramos encerrara com Vidas secas (1938) a sua série de “ficções” para explorar a “confissão” das memórias. O grupo que Cabral frequentava, liderado por Willy Lewin, preferia cultivar uma poesia inspirada pelas sugestões do sonho, em lugar dos estímulos da terra que provocaram poetas da região durante a década de 1920, como Jorge de Lima, Ascenso Ferreira, Joaquim Cardozo e Jorge Fernandes. Não era mais tempo do Primeiro Congresso Regionalista do Nordeste, no qual, em 1926, Gilberto Freyre lançara seu célebre manifesto de valorização de temas regionais, mas sim do Congresso de Poesia do Recife, no qual, em 1941, Cabral apresentaria sua tese “Considerações sobre o poeta dormindo”.
Embora a obra de estreia Pedra do sono (1942) muito deva a esse contexto inicial, nada regionalista, Cabral desde cedo se tornou leitor dos romancistas nordestinos da década anterior. Mas seu caminho rumo a uma poesia cada vez mais centrada em seu aspecto construtivo, culminando em Psicologia da composição (1947), não incluía, em suas paisagens solares e desérticas, o Sertão e a Zona da Mata do Nordeste evocado por aqueles autores. Já em Os três mal-amados, de 1943, reconhecia, por meio do monólogo “devorador” de Joaquim, essa ausência:
O amor comeu meu Estado e minha cidade. Drenou a água morta dos mangues, aboliu a maré. Comeu os mangues crespos e de folhas duras, comeu o verde ácido das plantas de cana cobrindo os morros regulares, cortados pelas barreiras vermelhas, pelo trenzinho preto, pelas chaminés. Comeu o cheiro de cana cortada e o cheiro de maresia. Comeu até essas coisas de que eu desesperava por não saber falar delas em verso. (Melo Neto, 1997a, p.26)
Na tentativa de descrição, reconhecemos o cenário de mais de um romance de José Lins do Rego, que no máximo poderia ser expurgado e logo descartado na fala prosaica de Joaquim, interrompida pelo silêncio. Se não fosse mais um romance na esteira de Zé Lins e companhia, a poesia parece que não daria conta de todo um mundo que fora tão bem representado, inclusive em ensaios. 
É justamente fora do país, na Espanha, que Cabral retornou à sua região. Motivado por ideias marxistas e pela necessidade de denúncia social na obra de arte, mas sem prejuízo da sua dimensão estética, escreveu seu primeiro poema centrado na paisagem e no homem nordestino, O cão sem plumas (1951), metáfora para o Rio Capibaribe de Pernambuco. Além disso, para cumprir o ideal de comunicação com o público, a partir de uma linguagem mais prosaica, as obras seguintes - O rio (1954) e Morte e vida Severina (1954-1955) -, baseadas em elementos da poesia medieval espanhola e da literatura popular nordestina, fincam a terra natal na poesia cabralina.

(CARVALHO, Ricardo Souza de. João Cabral de Melo Neto e a tradição do romance de 30. Estud. av, São Paulo, v. 23, n. 67, p. 269-278, 2009.)
Leia o texto 'João Cabral de Melo Neto e a tradição do romance de 30' e, em seguida, analise as afirmativas abaixo:
I. Após a análise do texto, é possível inferir que Rachel de Queiroz foi a autora de “O quinze”, em 1930, e de mais três romances antes de se dedicar ao jornalismo. II. O grupo que João Cabral de Melo Neto frequentava, liderado por Willy Lewin, preferia cultivar uma poesia inspirada pelas sugestões do sonho, conforme se pode inferir a partir dos dados do texto.
Marque a alternativa CORRETA:

    A) As duas afirmativas são verdadeiras.

    B) A afirmativa I é verdadeira, e a II é falsa.

    C) A afirmativa II é verdadeira, e a I é falsa.

    D) As duas afirmativas são falsas.

João Cabral de Melo Neto e a tradição do romance de 30
Por CARVALHO, 2009 (trecho de artigo adaptado).

Quando João Cabral de Melo Neto começou a escrever poesia no Recife do final dos anos 1930, perdia fôlego a vigorosa produção de romances de autores nordestinos que caracterizou um momento decisivo da literatura brasileira: Rachel de Queiroz, depois de O quinze (1930) e mais três romances, (1) passaria a se dedicar ao jornalismo; José Lins do Rego já criara o seu “ciclo da cana-de-açúcar”, (2) antes de chegar à obra-prima Fogo morto (1943); e Graciliano Ramos encerrara com Vidas secas (1938) a sua série de “ficções” para explorar a “confissão” das memórias. O grupo que Cabral frequentava, liderado por Willy Lewin, preferia cultivar uma poesia inspirada pelas sugestões do sonho, em lugar dos estímulos da terra que provocaram poetas da região durante a década de 1920, como Jorge de Lima, Ascenso Ferreira, Joaquim Cardozo e Jorge Fernandes. Não era mais tempo do Primeiro Congresso Regionalista do Nordeste, no qual, em 1926, Gilberto Freyre lançara seu célebre manifesto de valorização de temas regionais, mas sim do Congresso de Poesia do Recife, no qual, em 1941, Cabral apresentaria sua tese “Considerações sobre o poeta dormindo”.
Embora a obra de estreia Pedra do sono (1942) muito deva a esse contexto inicial, nada regionalista, Cabral desde cedo se tornou leitor dos romancistas nordestinos da década anterior. Mas seu caminho rumo a uma poesia cada vez mais centrada em seu aspecto construtivo, culminando em Psicologia da composição (1947), não incluía, em suas paisagens solares e desérticas, o Sertão e a Zona da Mata do Nordeste evocado por aqueles autores. Já em Os três mal-amados, de 1943, reconhecia, por meio do monólogo “devorador” de Joaquim, essa ausência:
O amor comeu meu Estado e minha cidade. Drenou a água morta dos mangues, aboliu a maré. Comeu os mangues crespos e de folhas duras, comeu o verde ácido das plantas de cana cobrindo os morros regulares, cortados pelas barreiras vermelhas, pelo trenzinho preto, pelas chaminés. Comeu o cheiro de cana cortada e o cheiro de maresia. Comeu até essas coisas de que eu desesperava por não saber falar delas em verso. (Melo Neto, 1997a, p.26)
Na tentativa de descrição, reconhecemos o cenário de mais de um romance de José Lins do Rego, que no máximo poderia ser expurgado e logo descartado na fala prosaica de Joaquim, interrompida pelo silêncio. Se não fosse mais um romance na esteira de Zé Lins e companhia, a poesia parece que não daria conta de todo um mundo que fora tão bem representado, inclusive em ensaios. 
É justamente fora do país, na Espanha, que Cabral retornou à sua região. Motivado por ideias marxistas e pela necessidade de denúncia social na obra de arte, mas sem prejuízo da sua dimensão estética, escreveu seu primeiro poema centrado na paisagem e no homem nordestino, O cão sem plumas (1951), metáfora para o Rio Capibaribe de Pernambuco. Além disso, para cumprir o ideal de comunicação com o público, a partir de uma linguagem mais prosaica, as obras seguintes - O rio (1954) e Morte e vida Severina (1954-1955) -, baseadas em elementos da poesia medieval espanhola e da literatura popular nordestina, fincam a terra natal na poesia cabralina.

(CARVALHO, Ricardo Souza de. João Cabral de Melo Neto e a tradição do romance de 30. Estud. av, São Paulo, v. 23, n. 67, p. 269-278, 2009.)
Leia o texto 'João Cabral de Melo Neto e a tradição do romance de 30' e, em seguida, analise as afirmativas abaixo:
I. A obra “Pedra do sono”, de 1942, foi influenciada por um contexto fortemente regionalista, devido ao interesse de João Cabral de Melo Neto pelos romancistas nordestinos da Semana de Arte Moderna de 1922, como se pode concluir a partir da análise das informações do texto. II. As informações presentes no texto permitem inferir que Graciliano Ramos encerrou com “Vidas secas”, de 1938, a sua série de “ficções” para explorar a “confissão” das memórias.
Marque a alternativa CORRETA:

    A) As duas afirmativas são verdadeiras.

    B) A afirmativa I é verdadeira, e a II é falsa.

    C) A afirmativa II é verdadeira, e a I é falsa.

    D) As duas afirmativas são falsas.

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