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O pensamento ético-cristão, nomeadamente em Agostinho e Tomás, retoma a ética platônico-aristotélica, mas a redimensiona no horizonte da compreensão bíblica. Considerando esse assunto, assinale a opção correta acerca da referida ética cristã.
A felicidade é o fim último do homem; e a virtude, o meio para o homem alcançar a felicidade. Além disso, a felicidade suprema pode ser alcançada nesta vida.
O homem é imagem e semelhança de Deus, dotado de inteligência, livre-arbítrio e de domínio sobre os seus atos. Ele abraçará não somente as virtudes naturais, mas também as virtudes sobrenaturais da graça, como fé, esperança e caridade.
Virtude é uma questão de dever e, dessa forma, não possui relação com felicidade, visto que o cumprimento do dever é penoso para o homem, e a felicidade é um sentimento de contentamento pleno.
A justiça e a prudência são as virtudes supremas; além destas virtudes, que estão ao alcance do homem, não há outras.
A felicidade consiste no prazer e no bem-estar material.
Com relação à ética kantiana, assinale a opção correta.
A vontade é boa quando o homem age movido por suas paixões, e não quando quer e age movido apenas pela consideração ou pelo respeito ao dever.
A boa vontade é um meio para um fim, valendo tanto quanto os resultados efetivos que ela alcança.
A boa vontade pode ser entendida a partir do dever e do querer autônomo. Dever é a necessidade de uma ação feita por respeito à lei moral. A lei moral, porém, é dada pela racionalidade prática do sujeito. Ter boa vontade é seguir o imperativo categórico da razão.
Submissão ao dever e autonomia do querer se contradizem. Logo, são incompatíveis para funcionar como princípios éticos ao mesmo tempo.
O homem não pode conhecer objetivamente, do ponto de vista da Crítica da razão pura, nem a liberdade, nem a imortalidade da alma, nem a existência de Deus. Logo, esses três temas devem ser excluídos da ética, na perspectiva de uma Crítica da razão prática.
Considerando o significado histórico (civilizatório-cultural) da ciência moderna, assinale a opção correta.
A ciência moderna é uma forma de poder, de domínio do real. A vontade de conhecimento que move a ciência expressa uma vontade de poder, em que nada deve permanecer velado.
A ciência é pura teoria do real, entendendo-se a teoria em sentido desinteressado. A ciência não tem nenhum interesse na dominação do mundo.
A ciência, em sua vigência no modo de ser moderno, é uma pura contemplação da realidade. Seu escopo é teorético, no sentido de descrever a realidade como ela é objetivamente.
Ciência é uma forma de consciência fixa e imutável, desprovida de historicidade.
Se há uma historicidade na ciência, essa consiste apenas no aumento de conhecimento; suas formas e sua essência permanecem intactas no decurso da história.
Assinale a opção correta acerca do racionalismo.
No racionalismo, entende-se que os sentidos fornecem ao homem um conhecimento certo e indubitável do real.
No racionalismo, considera-se mais a matéria do conhecimento que a sua forma.
No racionalismo, nega-se que haja ideias inatas, ou formas a priori no conhecimento humano e que se deva partir de axiomas para se construir a ciência.
Do ponto de vista metafísico, no racionalismo afirma-se que nem tudo tem a sua razão de ser, ou seja, que há algo de não inteligível na realidade.
No tocante à questão da origem do conhecimento, o racionalismo é a doutrina que ensina que todo conhecimento certo provém, necessariamente, de princípios a priori, irrecusáveis e evidentes, e que, por si sós, os sentidos não podem fornecer senão uma ideia confusa e provisória da verdade.
Tendo em vista a compreensão da técnica como forma de verdade dominante na experiência histórica do homem contemporâneo, segundo Heidegger, assinale a opção correta.
Para Heidegger, a ciência e a técnica se fundam em uma compreensão do ser como efetividade ou funcionalidade. A partir dessa compreensão do ser, subjetividade e objetividade se configuram como momentos funcionais, como energia e matéria, como insumo e recurso, empregados e processados na realização do real, cuja realidade vigora como produção, isto é, como causação e efetivação.
No pensamento de Heidegger, a teoria científica é uma simples contemplação e descrição objetiva do real.
No pensamento de Heidegger, ciência e técnica são coisas separadas. A técnica é a mera aplicação da ciência. A ciência vem antes da técnica, pois a ciência é teoria, e a técnica é prática.
Para Heidegger, ciência e técnica não abrigam em si nenhuma metafísica, pois são formas de pensar e agir antimetafísicas.
Na concepção de Heidegger, a técnica é somente um meio ou instrumento de ação a serviço do homem. Com esse meio, o homem pode fazer o bem ou o mal.
Para Heidegger, a ciência e a técnica constituem não somente se funda sobre uma compreensão do ser do ente, mas constitui mesmo uma experiência de verdade, ou seja, de desencobrimento do ente no seu ser. O desencobrimento que domina a técnica moderna possui como característica o pôr, no sentido de explorar (...). Essa exploração acontece em um múltiplo movimento: a energia escondida na natureza é extraída; o extraído é transformado; o transformado, estocado; o estocado, distribuído; o distribuído, reprocessado. Extrair, transformar, estocar, distribuir, reprocessar são todos modos de desencobrimento. Todavia, esse desencobrimento não se dá simplesmente. Tampouco, perde-se no indeterminado. Pelo controle, o desencobrimento abre para si mesmo suas próprias pistas, entrelaçadas numa trança múltipla e diversa. Por toda parte, assegura-se o controle, pois controle e segurança constituem até as marcas fundamentais do desencobrimento explorador. Entretanto, o perigo ou a ameaça da técnica não vem propriamente do uso que o homem faz dos artefatos técnicos, mas do totalitarismo dessa experiência de verdade: A ameaça que pesa sobre o homem não vem, em primeiro lugar, das máquinas e dos equipamentos técnicos, cuja ação pode ser eventualmente mortífera. A ameaça, propriamente dita, já atingiu a essência do homem. O predomínio da com-posição arrasta consigo a possibilidade ameaçadora de se poder vetar ao homem a possibilidade de voltar-se para um descobrimento mais originário e fazer assim a experiência de uma verdade mais inaugural.
Tendo em vista a compreensão da técnica como forma de verdade dominante na experiência histórica do homem contemporâneo, assinale a opção correta.Heidegger parte da definição tradicional de verdade como adequação do intelecto e da coisa.
Para Heidegger, o maior perigo inserido no domínio da técnica sobre a vida do homem contemporâneo provém do uso mortífero ou destrutivo que o homem pode fazer das máquinas e dos equipamentos técnicos.
Na concepção de Heidegger, a maior ameaça da técnica reside no fato de ela ser uma experiência de verdade, dominante de modo totalitário na existência do homem contemporâneo, de tal maneira que o homem passa a desconhecer outras formas de verdade, mais originárias, mais inaugurais.
Segundo Heidegger a essência da técnica moderna e a da tekhne (arte) antiga são a mesma coisa: a produção, a poiesis.
Para Heidegger, só há a verdade em sentido predicativo, a verdade do juízo, a verdade do conhecimento. A técnica é um meio ou uma forma de ação do homem. Logo, ela não tem relação com verdade.
Além da crítica de Heidegger, há outras críticas à racionalidade técnica no pensamento contemporâneo. Há toda uma tradição crítica que vai de Max Weber aos principais nomes da Escola de Frankfurt. Um ano antes de sua morte, em 1919, o sociólogo Max Weber (1864-1920) saudava o novo espírito da modernidade, mas advertia que o sutil manto da racionalização, que inicialmente estava a serviço do mundo da vida, tornara-se uma jaula de aço, na qual os filhos da modernidade, no ápice da civilização ocidental, corriam o risco de se tornarem especialistas sem espírito e hedonistas sem coração. O Nada seria o estado normal do último homem. A racionalização científica produzira um irreversível desencanto. Tendo comido do fruto da árvore do conhecimento, a humanidade tornava-se incapaz de fundar racionalmente valores últimos e escolhas de vida: É o destino de nossa época com a sua característica racionalização e intelectualização e, sobretudo, com o seu desencanto do mundo, pois justamente os valores últimos e mais sublimes são retirados da esfera pública para refugiar-se no reino extramundano da vida mística ou da fraternidade de relações imediatas entre os indivíduos.
Com referência a essa crítica de Max Weber, assinale a opção correta.Segundo Weber, o domínio da racionalidade técnica leva a um encantamento do mundo, pois o homem se encontra cada vez mais fascinado com suas invenções e suas possibilidades de dominação e exploração do real.
Segundo Weber, o predomínio da racionalidade técnicocientífica torna o homem mais esclarecido e lhe favorece a consciência dos valores éticos e, por conseguinte, as tomadas de decisão, tanto na vida privada quanto na vida pública.
Weber entende que a racionalização do mundo da vida é fundamental para o progresso e que esse progresso é o sentido último da história do homem.
Weber analisa que a modernidade é regida por uma racionalidade formal: o que interessa acima de tudo é o perfeito funcionamento do sistema, da máquina social. O indivíduo desencantado resigna-se: cada um deve fazer a sua parte, a totalidade lhe foge. Nesse contexto, o indivíduo pode ser presa fácil de líderes carismáticos, de ditadores e de totalitarismos.
Para Weber, o progresso da racionalidade técnico-científica é uma libertação para o homem contemporâneo.
Em seu último escrito, Teses sobre o conceito de história (1940), Walter Benjamin propõe um método de análise da história, que, ao contrário do marxismo ortodoxo, não visa estabelecer, por meio da estrutura, as leis que dominam a história, mas antes a percorrer os seus desvios, a interrogar o que, sendo superestrutural, é também marginal, para ver nesses restos desfeitos a força explosiva que pode fazer que a história dê o salto da revolução, aquele salto que a livra dos vínculos de um continuum que tudo nivela, porque progride sem nunca poder salvar. Nessa perspectiva, ele afirma: Marx diz que as revoluções são locomotivas da história. Talvez seja exatamente o contrário. Talvez as revoluções sejam o cabo do freio de emergência da humanidade que viaja nesse trem.
Acerca das ideias expressas acima, assinale a opção correta.Na concepção de W. Benjamin, o que é fragmentário não tem importância na leitura da história, pois o que importa é a visão do todo.
Na visão de W. Benjamin, é preciso ver o todo no fragmento. O todo no contínuo é uma visão distorcida produzida pelos vencedores.
O que é essencial na leitura da história de Walter Benjamin é a continuidade do processo histórico, o progresso que se dá em nível de estruturas fundamentais da realidade social.
Walter Benjamin considera que o que move a história são as revoluções.
Para Walter Benjamin, é importante narrar a história a partir dos vencedores, e não dos vencidos.
Em 1947, é publicado um livro fundamental da Escola de Frankfurt, ligada ao Instituto de Pesquisa Social: Dialética do iluminismo, de Max Horkheimer (1895-1973) e Theodor Adorno (1903-1969). Essa obra consiste justamente nessa contradição: que a ciência e a técnica, nascidas como instrumento da emancipação do homem, tenham se tornado fatores de opressão e alienação. Para Adorno, se a ideia da ciência é a pesquisa, a da filosofia é a interpretação.
A propósito dessas informações, assinale a opção correta.Adorno e Horkheimer não partilham de uma concepção messiânica da história.
Por ser interpretação, a filosofia é desprovida de método.
Para os autores, a interpretação da realidade histórica deve privilegiar o que é contínuo, estrutural, forte, aquilo que é triunfante e racional; outro tipo de interpretação forja uma imagem distorcida da realidade histórica.
Para Adorno e Horkheimer, filosofia é construção de um conhecimento científico que abrange a totalidade da realidade histórica de maneira objetiva.
A concepção da história, em Adorno e Horkheimer, privilegia a negatividade, isto é, o que é fraco, sofrido e considerado como louco como elementos decisivos em que se pode insinuar algo como uma redenção.
A violência do princípio saber é poder (Francis Bacon), ou seja, a imposição da técnica social, da razão funcional, instrumental, tecnológica, com o seu afã de disponibilizar tudo, homens e coisas, perpassa totalmente a sociedade de nosso tempo, nas análises de Herbert Marcuse (1898-1979). A sociedade se torna um sistema funcional autoconstituído. É uma nova forma de ditadura ou totalitarismo. Agora, o totalitarismo já não provém deste ou daquele partido ou Estado, não tem cor, é anônimo. Mesmo a democracia é apenas uma aparência. Aparentemente, trata-se da soberania do povo, mas, em verdade, o que está em questão é a regência dos mecanismos estabelecidos pelo sistema. A dominação se tornou racional e a racionalidade, dominadora. Ninguém mais governa e todos são dominados. Dessa situação histórica surge o Homem unidimensional, título de um livro de Marcuse, de 1964. Assim, o mundo fica chato, isto é, plano (e monótono). A dominação ocorre não só por meio da tecnologia, mas como tecnologia. Paradoxalmente, a sociedade racional enterra, de vez, a ideia da razão.
Com relação às ideias expostas no texto acima, assinale a opção correta.Marcuse vê no triunfo da razão instrumental e no surgimento do homem unidimensional a forma mais extrema de totalitarismo, que suprime a liberdade e o prazer da vida dos homens.
Marcuse considera o triunfo da razão instrumental como uma conquista da humanidade moderna, ou seja, como um processo que traz aos homens a plena satisfação de seus desejos, pois possibilita a eles participarem da fruição dos bens de consumo produzidos na civilização tecnológica.
Segundo Marcuse, a civilização tecnológica é a civilização da liberdade.
Na concepção de Marcuse, a forma de totalitarismo mais ameaçadora é a do Estado.
Para Marcuse, a democracia é uma das conquistas fundamentais dos Estados modernos.
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