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O estudo sobre o episódio das sereias, concernente à Odisséia de Homero, é uma passagem emblemática da obra A dialética do esclarecimento, de Adorno e Horkheimer. Na Odisséia, Ulisses narra que, para sobreviver ao canto das sereias, tapou com cera os ouvidos dos marinheiros e mandou que o atassem ao mastro da nau sem, contudo, tapar seus próprios ouvidos. Amarrado, Ulisses ouviu o canto inebriante, mas não sucumbiu a ele. Seus nautas, por sua vez, não escutaram o canto e remaram incessantemente, surdos à beleza. Para Adorno e Horkheimer, as medidas tomadas por Ulisses quando seu navio se aproximou do território das sereias pressagiam alegoricamente a dialética do esclarecimento. Tendo o texto como referência inicial, assinale a opção correta com base na teoria de Adorno e Horkheimer.
Ulisses triunfa sobre as sereias, pois abdica do gozo de escutar seus cantos. No entanto, aos nautas é permitido o gozo desse canto, emblema do próprio gozo da arte.
Ulisses somente pode escutar o canto das sereias, porque escolheu sua própria prisão. Os remadores sabem que algo belo existe, mas também sabem que, para sobreviver, devem viver sem essa beleza.
Os remadores estão condenados a trabalhar sem o gozo completo da beleza, enquanto Ulisses, o chefe, tem direito ao gozo livre e completo do belo.
A atitude de Ulisses marca a libertação estética das classes sociais oprimidas, pois remando surdas sem parar, elas vencem as sereias.
O triunfo de Ulisses sobre as sereias constitui uma forma emergente de mito sobre a racionalidade, ou seja, representa a transformação da arte em magia.
Os professores de filosofia devem dedicar-se unicamente a ensinar a cultura clássica.
O ensino de filosofia facilita a articulação das disciplinas, podendo ser um vetor de promoção das atividades interdisciplinares na escola.
A filosofia é pouco adequada ao diálogo inter e transdisciplinar, dado ser uma disciplina altamente conceitual.
A interdisciplinaridade é uma característica intrínseca ao contexto escolar e, consequentemente, ao ensino de filosofia, visto que saberes são produzidos a despeito do engajamento dos professores.
O professor de filosofia deve ensinar conceitos filosóficos desconsiderando o contexto escolar e atendendo às necessidades atuais.
o professor de filosofia do ensino médio deve, obrigatoriamente, incluir a análise dos textos integrantes da tradição filosófica como conteúdo a ser ministrado.
a estratégia correta de ensino de filosofia consiste em antecipar o que será ministrado aos estudantes em contexto de formação do ensino superior.
os conteúdos de filosofia devem ser orientados exclusivamente pelo uso de textos didáticos que instruam sobre a história da filosofia.
os conteúdos de filosofia referentes ao ensino médio devem favorecer o desenvolvimento de capacidade crítica e de redação de textos dos alunos.
os professores de filosofia do ensino médio devem ter, na sua formação, contato com textos filosóficos, a fim de que, na prática docente, os conteúdos desses textos sejam adequados ao escopo do ensino médio.
nos temas que levam os alunos a filosofar, desconsiderando-se a história da filosofia.
nos manuais disponíveis.
na história da filosofia e no diálogo entre a sua perspectiva, a dos alunos e a dos textos.
na história da filosofia, composta pela maior quantidade possível de autores e obras.
em grandes teorias filosóficas previamente codificadas pelo professor, já que o aluno participa desse processo apenas como ouvinte.
O estabelecimento de reflexão e diálogo com os estudantes é fundamental para a construção de um ambiente de aprendizado propício ao ensino de filosofia.
É possível construir uma didática universal para o ensino de filosofia, a despeito da perspectiva filosófica adotada.
O professor de filosofia deve ser o protagonista da construção do espaço filosófico, uma vez que os estudantes ainda não compreendem a dinâmica desse espaço.
A proposta didática de um curso independe das realidades do segmento ao qual se dirige, devendo vincular-se apenas aos níveis de compreensão e aos interesses dos estudantes.
O o que e o como ensinar estão fundamentalmente imbricados, o que implica a existência de uma didática universal para o ensino da filosofia.
Em O que é isto: a filosofia, Heidegger declara: A palavra philosophia diz-nos que a filosofia é algo que, pela primeira vez e antes de tudo, vinca a existência do mundo grego (...): A filosofia é, nas origens de sua essência, de tal natureza que ela primeiro se apoderou do mundo grego e só dele, usando-o para se desenvolver. Esse assenhoreamento ocorreu pelo despertar do espanto ou da admiração (thaumadzo) com o ser: precisamente isto, que o ente permaneça recolhido no ser, que no fenômeno do ser se manifesta o ente; isto jogava os gregos, e a eles primeiro unicamente, no espanto. Ente no ser: isto se tornou para os gregos o mais espantoso. O thaumadzo é atestado como princípio (arkhé) da filosofia por Platão e Aristóteles. Primeiramente, Platão (no Teeteto 155d) afirma: É verdadeiramente de um filósofo esse pathos o espanto (thaumadzein); pois não há outra origem imperante (arkhé) da filosofia do que este. E Aristóteles (na Metafísica A 2, 982b 12ss) confirma o dito de Platão: Pelo espanto, os homens chegaram agora e chegaram antigamente à origem imperante do filosofar.
Acerca do tema abordado no texto acima, assinale a opção correta.Os primeiros filósofos podem ser considerados como primitivos cientistas da natureza, cujo thaumadzo decorria da precariedade de sua ciência.
Para os gregos, o espanto filosófico ocorria em relação ao mistério do ser, que abrangia e recolhia a totalidade do ente.
A filosofia é atemporal e, dessa forma, estranha à historicidade do ser humano.
O pathos que está no princípio da filosofia grega é a dúvida.
Para Platão e Aristóteles, o thaumadzo é apenas o início da filosofia, ou seja, ele deixa de valer em estágios mais avançados do filosofar.
Considerando o contexto histórico da democracia ateniense, assinale a opção correta.
A concepção ateniense de democracia na antiguidade grega atribuía a todos os habitantes da cidade o título de cidadãos.
A ideia de justiça, sobre a qual se funda a democracia, exigia que todos fossem considerados iguais. Seguindo esse ideário igualitário, a sociedade ateniense esforçava-se para que não houvesse estratificação social na sua população.
A concepção de democracia na Atenas do século VIII a.C. não pode ser identificada com a concepção de democracia moderna nem pode ser identificada com um igualitarismo social tomado em sentido moderno.
A ideia de liberdade, sobre a qual também se funda a democracia, exigia que todos fossem considerados como cidadãos livres. Portanto, faziam-se esforços para que os escravos fossem reconhecidos em sua dignidade de seres humanos e fossem libertados do regime de escravidão.
Os trabalhadores eram respeitados como sujeitos de direito civis e políticos e exaltados como agentes de transformação social.
Na visão de Péricles, a igualdade democrática exige excluir como injustas todas as diferenças entre os cidadãos.
A democracia, segundo Péricles, caracteriza-se pelo jogo de interesses entre partidos. Consiste em fazer passar a visão do próprio partido como a melhor para o todo da polis.
Democracia é o estado político em que a soberania pertence somente aos nobres por nascimento ou à elite dos mais ricos e visa servir aos interesses desses dois segmentos.
Segundo Péricles, a democracia exclui o mérito como princípio para avaliar a capacidade de os cidadãos prestarem seu serviço ao público.
Na concepção de Péricles, democracia implica compartilhar o cuidado pela polis entre todos os cidadãos, buscando em todas as decisões favorecer a maioria; entretanto, possuir iguais direitos em relação às leis não exclui o princípio do mérito, ou seja, que os cidadãos mais virtuosos tenham papéis mais destacados na condução da vida em comum.
A justiça é um dos temas fundamentais da investigação política de Aristóteles. No capítulo 12 do livro III da Política (1282 b 14-22), ele afirma: Uma vez que, em todas as ciências e em todas as artes, o fim é um bem, mas o bem maior e no sentido mais pleno é aquele que serve de fim na arte ou ciência é que é a mais soberana de todas, e essa é a capacidade política, mas o bem político é o justo (to dikaion), essa é, portanto, a vantagem comum que nos interessa. Para Aristóteles, a justiça é a ordem da comunidade política. Aristóteles, nesse contexto político, vê a justiça como justiça distributiva, aquela que vigora na relação do todo (polis) com as partes (cidadãos), tem por princípio permitir e promover a participação dos cidadãos na promoção do bem comum da polis ou de forma absolutamente igual ou de forma proporcionalmente igual. A justiça vigora mais propriamente ali onde os homens são livres e iguais e, entre eles, subsistem relacionamentos regulados pela lei. Faz parte dessa liberdade os cidadãos poderem participar de maneira alternada do governo e das funções públicas, governando não em favor de si mesmos, mas em favor dos governados. A justiça na polis, portanto, culmina em uma convivência pacífica, baseada na philia (amizade em sentido amplo, solidariedade).
Com relação às ideias apresentadas no texto acima, assinale a opção correta.Para Aristóteles, justiça é o resultado de um acordo entre os homens, que estabelece o meio-termo entre fazer injustiça sem ser penalizado e sofrer injustiça sem poder se defender ou vingar.
Na concepção de Aristóteles, a política não possui relação com felicidade nem com amizade, mas unicamente com a justiça.
A justiça é o bem comum em devir, como constante exigência histórica de uma convivência social ordenada segundo os valores da liberdade e da igualdade.
O governo mais justo é aquele em que os governantes visam ao seu bem em primeiro lugar, e não ao bem dos governados.
Do ponto de vista político, Aristóteles considera a justiça eminentemente como justiça corretiva, isto é, como modo de se conseguir que um cidadão seja punido por um delito que ele tenha cometido.
Da democracia grega fazia parte a isonomia, que é entendida, fundamentalmente, como a igualdade de todos perante a lei ou a igualdade da lei para todos os cidadãos.
Para os gregos, os escravos e bárbaros eram seres sem o domínio da palavra porque não eram seres humanos, mas meros animais.
Na vida política dos gregos, isonomia é entendida como isegoria, ou seja, liberdade de falar. O exercício político originário da linguagem consiste na conversa livre entre homens livres e iguais, em que se discute e se decide sobre os rumos da vida comum na polis.
Para os gregos, a palavra ou o discurso (logos) não tem importância, visto que o que importa na vida da comunidade política é agir.
Mesmo em uma relação despótica, dá-se o exercício político da linguagem, pois o déspota usa a palavra para dar ordens aos que lhe estão sujeitos e estes se utilizam da linguagem para obedecer às ordens.
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