Questões de História

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Sobre a Guerra do Contestado, que ocorreu entre 1912 e 1916, assinale a alternativa CORRETA:

    A) O monge João Maria foi o responsável por organizar e treinar, militarmente, jagunços da região para lutar contra a tirania dos coronéis locais, e restaurar o regime monárquico no Planalto Catarinense.

    B) Apesar do cunho contestatório, a simpatia para com a República é uma característica continuamente presente no movimento do Contestado.

    C) No final do século XIX, apoiado oficialmente pela Igreja Católica, Antônio Conselheiro liderou sertanejos do interior da Bahia em um movimento pela defesa do retorno da Monarquia e pela pacificação dos conflitos no sertão nordestino.

    D) A área do Contestado, rica em madeira e erva mate, era disputada, desde o século XIX, entre Paraná e Santa Catarina, litígio que só foi encerrado após o fim do embate e a assinatura de um acordo entre as partes.

    E) A Guerra do Contestado pode ser explicada pelo messianismo, com a liderança de “monges” e “virgens”, que transformou sertanejos comuns em fanáticos dispostos a matar e morrer pelas crenças religiosas.

A Guerra do Contestado foi um conflito armado que ocorreu na região sul do Brasil, entre outubro de 1912 e agosto de 1916. O conflito envolveu cerca de 20 mil camponeses que enfrentaram forças militares dos poderes federal e estadual. Ganhou o nome de Guerra do Contestado, pois os conflitos ocorrem numa área de disputa territorial entre os estados do Paraná e Santa Catarina. Sobre o referido conflito, assinale a alternativa CORRETA:

    A) Um dos motivos do conflito foi a construção da estrada de ferro entre São Paulo e Rio Grande do Sul, que estava sendo construída por uma empresa inglesa, sem o apoio dos coronéis da região e do governo.

    B) Para a construção da estrada de ferro, milhares de famílias de camponeses perderam suas terras. Mesmo indenizados pela construtora, o fato gerou muito desemprego na região, uma vez que ficaram sem terras para trabalhar.

    C) Na área do Contestado, diante da crise e insatisfação popular, ganhou força a figura do beato José Maria. Este pregava a criação de um mundo novo, regido pelas leis de Deus, onde todos viveriam em paz, com prosperidade justiça e terras para trabalhar.

    D) Os coronéis da região e os governos (federal e estadual) começaram a ficar preocupados com a liderança de José Maria e sua capacidade de atrair os camponeses. O governo passou a acusar o beato de ser um inimigo do Império, que tinha como objetivo desestruturar o governo e a ordem da região.

    E) A Guerra do Contestado mostra a forma com que os políticos e os governos tratavam as questões sociais no início da República. Os interesses financeiros de grandes empresas e proprietários rurais ficavam sempre perfilados à população mais pobre.

Sobre a Revolução Federalista, guerra civil que ocorreu no sul do Brasil, logo após a Proclamação da República, assinale a alternativa CORRETA:

    A) Um dos motivos principais de a Revolução Federalista ter estourado no Rio Grande do Sul, na década de 1890, foi o fato de o então governador ser o positivista republicano Júlio de Castilhos.

    B) Um dos motivos principais de a Revolução Federalista ter estourado no Rio Grande do Sul, na década de 1890, foi o fato de no Rio Grande do Sul haver um forte núcleo de monarquistas ferrenhos seguidores de Antônio Conselheiro.

    C) Os federalistas invocavam o espírito da Federação e exigiam mais energia por parte do Governo central e, consequentemente, que ele tirasse a autonomia dos Estados.

    D) A Revolução Federalista objetivava a realização de uma revolução socialista que suprimisse a propriedade privada dos meios de produção.

    E) A alcunha que os partidários sulistas da República da Espada deram aos seus inimigos, partidários do federalismo, foi pica-paus.

No final do século XV, os europeus conquistaram partes do litoral da África. Começou, então, a escravidão comercial e o tráfico negreiro. O tráfico de escravos movimentou portos da América, como os do Rio de Janeiro, de Salvador e de Recife. Nos portos, eram vendidos para novos senhores, que os levavam para o trabalho forçado em suas propriedades. Essas foram as condições de formação da sociedade brasileira.
A partir de seus conhecemos acerca da formação social do Brasil, faça a CORRETA associação entre as colunas.


Assinale a alternativa que contém a sequência CORRETA, de cima para baixo:

    A) 2, 1, 4, 3.

    B) 2, 1, 3, 4.

    C) 1, 2, 3, 4.

    D) 1, 2, 4, 3.

    E) 4, 2, 3, 1.

O estado de Minas Gerais, durante o período colonial, foi um dos centros econômicos mais importantes do Brasil, justamente pela sua atividade mineradora durante o Ciclo do Ouro. Além do auge dessa época, o estado continua sendo um importante produtor de minério, com presença de indústrias e outros ramos produtivos. Levando em consideração os seus conhecimentos sobre Minas Gerias, complete corretamente a seguinte frase.
A economia de Minas Gerais é caracterizada, principalmente, pela atividade mineradora, sendo o principal estado do país nesse setor. Nele, encontra-se uma das três minas de ___________ existentes em todo o mundo, com uma duração estimada de 400 anos, desde que mantidos os níveis atuais de extração. Assim, o estado é responsável por 29% de todos os minérios extraídos no país. Além disso, há uma forte presença de____________, com destaque para o ramo automobilístico. Na agropecuária, destaca-se a produção de__________, milho, soja, cana-de-açúcar e, principalmente, leite e café.
Assinale a alternativa que contém as palavras que preenchem corretamente as lacunas, de cima para baixo:

    A) Ferro, revendedoras, carne caprina.

    B) Manganês, indústrias, carne caprina.

    C) Titânio, revendedoras, carne bovina.

    D) Nióbio, indústrias, carne bovina.

    E) Ferro, indústrias, carne bovina.

“O historiador François Hartog (2013), elaborou o conceito de “Regime de historicidades”, para nomear como as maneiras como dadas sociedades em dados momentos perceberam, pensaram e se relacionaram com o tempo, para indicar como elaboraram e articularam, através de suas narrativas, as categorias de passado, presente e futuro, para descrever como um dado indivíduo ou grupamento humano se instaurou e se desenvolveu no tempo”.


Sobre esse conceito de Regime de Historicidades de Hartog (2013) é CORRETO afirmar que:

    A) O regime de historicidades é a hipótese (o presentismo) e o instrumento (o regime de historicidade), que são solidários, completam-se mutuamente. O regime de historicidade permite formular a hipótese e a hipótese leva a elaborar a noção. Pelo menos de início, um não anda sem o outro. "Por que, perguntaram-me, preferir o termo regime ao de forma (de historicidade)"? E por que "regime de historicidade" em vez de "regime de temporalidade"? Regime: a palavra remete ao regime alimentar (regimen, em latim, diaita, em grego), ao regime político (politeia), ao regime dos ventos e ao regime de um motor. São formulações conceituais para história, que compartilham, pelo menos, o fato de se organizarem em torno das noções de mais e de menos, de grau, de mescla, de composto e de equilíbrio sempre provisório ou instável.

    B) O regime de historicidade é a maneira de engrenar passado, presente e futuro ou de compor um misto das três categoriais, justamente como se falava, na teoria política grega, de constituição mista (misturando aristocracia, oligarquia e democracia, sendo dominante de fato um dos três componentes). Portanto é legítimo falar de historicidade antes da formação do conceito moderno de história, entre o fim do século XVIII e o início do século XIX, se por "historicidade" se entender esta experiência primeira de afinidade, de distância de si para si mesmo que, justamente, as categorias de passado, presente e futuro permitem apreender e dizer, ordenando-a e dando-lhe sentido individualizado frente ao conjunto social.

    C) O regime de historicidade pode ser tanto amplo, como restrito: macro ou micro histórico. Ele pode ser um artefato para esclarecer a biografia de um personagem histórico, ele pode questionar a arquitetura de uma cidade, ontem e hoje, ou então comparar as grandes escansões da relação com o tempo de diferentes sociedades, próximas ou distantes. E, a cada vez, por meio da atenção muito particular dada aos momentos de crise do tempo e às suas expressões, visa-se a produzir mais inteligibilidade. Ele pode estabelecer uma relação próxima com o empirismo e outras escolas históricas com o objetivo de estabelecer uma hipótese formulada para confirma-la como conceito teórico.

    D) O regime de historicidade não é uma realidade dada. Nem diretamente observável nem registrado nos almanaques dos contemporâneos; é construído pelo historiador. Não deve ser assimilado às instâncias de outrora: um regime que venha suceder mecanicamente a outro, independentemente de onde venha. Não coincide com as épocas e não se calca absolutamente nestas grandes entidades incertas e vagas que são as civilizações. Ele é um artefato que valida sua capacidade heurística. Noção, categoria formal, aproxima-se do tipo-ideal weberiano. Conforme domine a categoria do passado, do futuro ou do presente, a ordem do tempo resultante não será evidentemente a mesma.

    E) O regime de historicidades pode nos servir da noção de História antes ou independentemente da formulação posterior do conceito moderno de história, tal como a delineou bem o historiador alemão Reinhart Koselleck. Como categoria (sem conteúdo), que pode tornar mais inteligíveis as experiências do tempo, nada o confina apenas ao mundo europeu ou ocidental. Ao contrário, sua vocação é ser um instrumento comparatista: assim o é por construção e livre de uma metodologia teórica que pressupõe cuidados com a relação entre o passado, presente e futuro, mas estabelece percepções da sociedade para o indivíduo.

Para José Carlos Reis (2019), o debate epistemológico-metodológico e teórico-metodológico assumiu contornos diferenciados na cultura histórica, em alguns momentos esse debate foi quase irrelevante. Considerando essa afirmação, é correto afirmar que o debate epistemológico-metodológico e teórico-metodológico entre os Historiadores do positivismo/empirismo histórico é caracterizado por:


1. Um debate teórico-metodológico que liga e aproxima o historiador do que deve realmente interessá-lo: os fatos, as fontes, a realidade do passado. Para eles, o historiador-teórico não poderia pretender ser um historiador, uma vez que, abandonou o canteiro de obras da história, os arquivos, os museus, as fontes primárias, e ao pesquisar somente em bibliotecas, restringindo-se às obras impressas, tornou-se um filósofo, um literato, um ficcionista.


2. Uma historiografia empirista que se apoia sobre uma memória arquivada, sobre inscrições, sobre marcas exteriores, para proteger-se da contiguidade com a imaginação/ficção. O seu ponto de vista é objetivante: a lembrança é de uma experiência vivida localizada e datada. O testemunho diz: “eu estava lá, eu presenciei, eu vi”. O arquivo está lá, é um depósito, que reconhece, conserva e classifica a massa documental para consulta.


3. Pela data, que é um dado do tempo calendário, um sistema de datas extrínseco aos eventos. Pois, todo evento se inscreve neste espaço-tempo exterior: local/data. O historiador que se equivocar em relação ao local e à data do evento, estará mergulhado na imaginação, no mito, na fábula. A organização cronológica, a sucessão rigorosa dos momentos que constituem um evento e dos eventos entre si, não pode ser visível em uma documentação objetiva, sem antes ser interiorizada.


4. Uma atitude crítica, que reúne credulidade e ceticismo. A atitude crítica, primeiro, é crédula, deve receber a informação, acolher o documento; depois, cética, deve duvidar, desconfiar, suspeitar, e processá-lo, elaborá-lo. A confiança no documento não deve ser fundada na declaração de intenção do próprio documento, mas construída pela dúvida metódica do historiador.


5. Uma historiografia que busca a verdade exterior, objetiva, o seu conteúdo são os testemunhos e as provas do passado. O testemunho ocular declara que esteve presente e pede que acreditem nele, é interrogado e avaliado, confrontado com outros, e só passará a valer se for aceito. Então, ele se torna um dado estável, reiterável, que pode ser reaberto e reavaliado por qualquer um. Ele se torna uma memória arquivada.


Estão CORRETAS:

    A) 1, 3 e 5

    B) 1, 2 e 4

    C) 2, 4 e 5

    D) 1, 3 e 5

    E) 2, 3 e 4

Leia o texto abaixo:


“A Escravidão é de fato a Desigualdade Radical por excelência. Com a Escravidão — principalmente se o escravo estiver sujeito a todos os rigores que a Escravidão potencialmente lhe impõe, ao passo em que neste caso o Senhor estará em pleno exercício de todos os seus poderes e privilégios relacionados à posse do escravo — podemos dizer que este escravo estará privado de tudo, de todos os seus direitos sobre si. No início da Idade Moderna, difunde?se muito uma releitura de certas passagens bíblicas como o notório episódio da “maldição de Cam”. Trata?se de associar à Desigualdade Escrava, relida como Diferença Escrava, uma Diferença Negra que será reconstruída desde os tempos da expansão europeia em direção ao Novo Mundo.”


Com base na conceituação de Escravidão descrita acima, para a antiguidade e para os tempos modernos, podemos afirmar que:


1. Os hilotas correspondiam, na Grécia Antiga, a populações ou grupos de populações submetidas pelos espartanos e obrigadas, a partir daí, a uma forma específica de trabalho compulsório. Uma de suas características essenciais é que eles eram dependentes coletivos, em contraste, por exemplo, com o escravo ateniense do período clássico, que via de regra estava preso a um destino individual de dependência. Enquanto o hilota insere?se em um grupo “escravizado” por uma comunidade de senhores, já o “escravo” propriamente dito passa a pertencer a um indivíduo: ele é propriedade de alguém.


2. A estratificação social no Brasil Colonial fundou?se precisamente no deslocamento imaginário da noção desigualadora de “Escravo” para a coordenada de contrários fundada sob a perspectiva da diferença entre homens livres e escravos. Nesta perspectiva, um indivíduo não está escravo, ele é escravo, e toda a violência maior do modelo de estratificação social típico do Brasil Colonial esteve alicerçada neste deslocamento, nesta estratégia social imobilizadora que transmudava uma circunstância em essência. É digno de nota que os abolicionistas tenham se empenhado precisamente em reconduzir o discurso sobre a Escravidão para o plano das desigualdades.


3. A racialização da escravidão na ótica moderna, implica em que a escravidão possa ser vista como uma diferença coletiva. Não seriam certos indivíduos de natureza humana deficiente, como propunha Aristóteles, que deveriam estar destinados à escravidão, mas sim um grupo humano específico, que traria na cor da pele os sinais de uma inferioridade da alma, mas que podem adquirir sua liberdade pela comprovada natureza humanística da raça, nestes termos, a superação da inferioridade da cor da pele dá lugar a concepção de cidadania ampliada com o discurso republicano e positivista no Brasil.


4. O discurso de uma diferença negra inextricavelmente acompanhada de sua segunda natureza, que seria a diferença escrava, desponta desde o início da modernidade europeia, como o aparato ideológico que sustenta todo um comércio de escravos. Ainda que tenha enfrentado críticas, mesmo no período de vigência do tráfico negreiro, isto não impedirá que a prática escravista da exploração da mão? de?obra africana encontre a mais ampla difusão. Justificada apenas pela concepção de que espanhóis e portugueses não eram os primeiros a se utilizarem da mão-de-obra escrava africana.


5. A Desigualdade Escrava, relida como Diferença Negra, foi reconstruída desde os tempos da expansão europeia em direção ao Novo Mundo. No cadinho de formação do Escravismo Colonial, interessou a traficantes e senhores coloniais a desconstrução de uma série de diferenças étnicas africanas, com vistas à construção de uma Diferença Negra no interior da qual todas as etnias pré?existentes no continente africano se misturam. Portanto, associar Escravidão e Diferença Negra será uma pedra de toque para o Escravismo Colonial, e para o concurso desta construção discursiva não faltaram contribuições que se mostravam indiferentes à escravização de povos africanos.


Estão CORRETAS:

    A) 1, 2 e 5

    B) 1, 2 e 4

    C) 2, 4 e 5

    D) 2, 3 e 4

    E) 3, 4 e 5

Leia o texto abaixo e responda:


Comenta Celso Furtado que “a ocupação econômica das terras americanas constitui um episódio da expansão comercial da Europa” (1971, p. 5). Pode-se dizer que algo de similar aconteceu por ocasião do processo de independência das antigas colônias ibéricas no Novo Mundo, ocorrido nas primeiras décadas do Séc. XIX. Este processo foi decorrente do surgimento e do rápido desenvolvimento do capitalismo industrial na Europa – mormente na Inglaterra – a partir de meados do Séc. XVIII. Em apenas algumas décadas, a proliferação das novas relações de produção, impulsionadas pelo surgimento do sistema fabril e do trabalho assalariado, tornou inteiramente obsoleto o sistema colonial que reinou entre os Sécs. XVI e XVIII, fundado no trabalho escravo e no monopólio comercial das metrópoles sobre as colônias.

Os Impérios coloniais ibéricos fundados puramente no monopólio, achavam-se por isso condenados, a independência e a formação dos Estados nacionais na América Portuguesa e na América Espanhola, embora ocorridas na mesma época e produto da mesma situação estrutural, seguiram cursos extremamente diferenciados. No Brasil, a unidade política e territorial foi mantida após a independência, Marcos Kaplan observou: “Somente o Brasil conserva a unidade herdada da colônia e mantida pelo Império independente” (Kaplan, 1974, p. 115).


Considerando a construção do Estado Nacional Brasileiro, é CORRETO afirmar que:

    A) A Formação do Estado Nacional Brasileiro foi iniciada com a Carta Régia de 1808, decretada pelo Príncipe Regente, que estabelecia a abertura dos Portos a Nações Amigas. Neste ato está o embrião da independência do Brasil, pois, na prática, tal decreto significava romper o pacto colonial, mecanismo crucial para garantir o funcionamento do velho sistema de dominação das metrópoles sobre as colônias. Com essa medida o Governo lisboeta optou por transferir para o Brasil o comércio de forma independente, que passou a ser feito com os Países amigos, sem o controle da metrópole e a drenagem dos lucros para Portugal.

    B) A construção do Estado Nacional Brasileiro seguiu um caminho diferente dos demais países da região, ele se constituiu como imperial e não o republicano. Com o propósito de dotar o novo país de uma Carta Magna, a Assembleia Constituinte foi instaurada em 1923 e logo dissolvida por D. Pedro I que outorgaria a primeira Constituição brasileira em 25 de Março de 1824 e estabeleceria a regência. A razão crucial do fechamento da Assembleia Constituinte prendeu-se a desentendimentos entre o Imperador e os constituintes quanto à distribuição do poder, portanto, a constituição de 1824 pode ser considerada o marco de formação da unidade nacional pós 1822.

    C) A construção do Estado Nacional Brasileiro seguiu um caminho diferente do que ocorreu nas nações latino-americanas colonizadas pela Espanha, o seu processo de independência não o conduziu a imediata proclamação da Republica mas sim à constituição do País como Império. E é sob a égide de Governos imperiais que se formou e consolidou o Estado Nacional. Isto devido à peculiaridade do caso brasileiro, onde a independência teve por principal ator político o Príncipe Regente e não a guerra da colônia contra a matriz. A partir deste contexto, a unidade territorial e a vinda da família Real em 1808, conjugados, contribuíram para a formação do Estado Nacional Brasileiro.

    D) A construção do Estado Nacional Brasileiro deveu-se ao seu envolvimento em meados do Século XIX, em várias guerras externas. Na região platina, contra Oribe e Rosas, em 1851, e contra Aguirre, em 1864. O mais longo conflito externo do segundo Reinado foi a chamada Guerra do Paraguai (1864- 1870). Estas guerras, sendo contra forças estrangeiras, tiveram a serventia de aumentar as formas de solidariedade social internas em torno do sentimento de pertencer à mesma pátria e nacionalidade, eficazes mecanismos simbólicos na solidificação de qualquer Estado Nacional e cimentaram a unidade territorial do Brasil.

    E) A construção do Estado Nacional Brasileiro deveu-se a emancipação econômica do Brasil em relação a Portugal. A emancipação foi obtida como produto de um conjunto de atos políticos e administrativos praticados por D. João VI, as medidas tomadas por D. João VI possibilitaram que o processo de independência e a formação do Estado Nacional Brasileiro usufruísse da base econômica resultante da abertura dos Portos às Nações Amigas (1808), das demandas colocadas pela Revolução do Porto (1820), das transformações na produção da cana-de-açúcar, do tráfico negreiro e do desenvolvimento do capitalismo industrial na Europa.

Sobre o conceito de Cultura Histórica é CORRETO afirmar que:

    A) A Cultura Histórica busca traduzir o circuito da qualificação profissional necessária à operação histórica: a formação teórico-metodológica, a análise das experiências históricas e culturais e as formas de recepção dos conhecimentos produzidos. Entendeu-se, também, que é necessário explorar um campo de pesquisas inovador no que se vem designando como cultura histórica, tanto no que concerne aos saberes históricos escolares, formação do historiador e ensino de história, quanto na produção e difusão de uma tradição escrita e midiática à margem da ciência histórica propriamente dita, mas com notável disseminação na contemporaneidade.

    B) A Cultura Histórica está exclusivamente presa ao ofício do historiador, para que se aprofundem as pesquisas da comunidade de historiadores. Portanto, mostra-se relevante o fato de que, numa definição preliminar de Cultura Histórica, tenha-se, como campo de suas reflexões, as perspectivas das regionalidades e o ensino de história e dos saberes históricos. Assim, o processo histórico, com ênfase na historicidade regional, no local de cultura, da economia e da política, é um espaço de atuação que permite a formação de historiadores com melhor conhecimento de suas realidades e dos acervos documentais.

    C) A Cultura Histórica está assentada na ideia hegeliana de epocalidade, que não se afirma sem a dimensão da transformação geral, isto é, a visão das ruínas de uma magnificência anterior. A consequência mais imediata da mudança é que ela, ao mesmo tempo em que implica dissolução, traz também consigo o surgimento de uma vida nova, e que se a morte sai da vida, também a vida sai da morte. Nesse caso, os historiadores devem então estudar a revolução cultural porque, em grande medida, somos também aqueles traduzimos historicamente a cultura e o espírito do tempo escapando das experiências fascistas do século de Walter Benjamim.

    D) A Cultura Histórica deve recusar a galáxia da história cultural da sua fase heróica e tentar decifrar situações da historiografia que nasceram e se estruturaram na epocalidade hegeliana. Uma historiografia que, entre francesias da velha liberdade e inglesias do novo Império, brindou-nos com o u?ltimo “ismo” antes dos “pós” e dos “neos”: pós-modernismo, neoliberalismo, pósindustrial, fim da história. Nesse sentido, há como admitir que as primeiras críticas à hegemonia da história cultural são procedentes e radicais, partiram dos temores inerentes às emergências dos fascismos culturais e étnicos no ocaso do século XX.

    E) A Cultura Histórica se constitui como mentalidade histórica e são portadoras epistemológicas de uma mesma significação: Tucídides poderia ser o nosso colega mais antigo porque foi um testemunho vivo; Políbio poderia figurar na profissão de Clio, uma vez que foi antes de qualquer coisa um memorialista. Parece correto ver nos dois sujeitos, que eles detinham uma cultura histórica significativa de suas respectivas sociedades, do mesmo modo que poderíamos afirmar de forma categórica, que suas obras expressavam a mentalidade histórica de suas épocas.

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