Questões de História do ano 2016

Durante o século XV os exploradores vindos da Europa chegaram primeiramente no litoral da África Ocidental. O estímulo dado à essa exploração foi uma forma de buscar novos caminhos para as Índias, após o comércio ser fechado por parte dos turcos no leste do Mar Mediterrâneo. Os colonizadores de Portugal, Espanha, França, Inglaterra e dos Países Baixos foram os competidores do novo caminho a fim de ser dominado por meio de feitorias no litoral e portos de embarque para comercializar os escravos. Assinale a alternativa CORRETA acerca do encontro entre as civilizações:

• A. Devido ao regime colonialista estabelecido no continente, foram destruídas e modificadas as estruturas sociais, econômicas, políticas e religiosas de grande parte do território africano. As colônias que proclamaram sua independência, processo emancipatório que se iniciou após a Segunda Guerra Mundial e concluiu-se principalmente de 1960 até 1975, estiveram sob ameaça da gravidade de problemas de integração nacional, que resultaram das fronteiras arbitrárias como legado do sistema colonialista, além da pobreza e da dependência econômica.
• B. O tráfico de escravos tinha como objetivo, civilizar e transformar a África em uma nação europeizada.
• C. A luta dos ingleses em impedir a Independência Argélia durou mais de cinquenta anos. No entanto da Argélia proclamou sua independência em 1962.
• D. Nenhuma das alternativas.

A Colonização Espanhola foi a primeira a efetivar-se em solo americano. A montagem do seu sistema colonial se baseou na hacienda, o repartimiento e a encomienda. Acerca desse sistema, assinale a alternativa correta.

• A. A hacienda era uma concessão feita pelo Rei da Espanha a empreendedores particulares, que tinham o direito de exigir das aldeias indígenas prestação de serviços sem remuneração, especialmente na agricultura.
• B. As encomiendas consistiam em um sistema de grandes lavouras, chamadas plantations, nas quais, geralmente, cultivava-se apenas um tipo de planta (prática conhecida como monocultura). Os donos das encomiendas eram, desse modo, qualificados como grandes latifundiários. O tipo de trabalho praticado nas haciendas era compulsório e fortemente supervisionado pelo proprietário, que subjugava seus trabalhadores por meio de dependências sociais e econômicas.
• C. Os repartimientos foram a primeira forma de organização da extração de metais preciosos. Sabe-se que, na América Espanhola, a extração de metais começou logo nos primeiros anos, isso porque os próprios nativos (astecas, por exemplo) já dominavam as técnicas de extração e fundição do ouro. Após a conquista da terra e a subjugação dos povos nativos, os europeus precisaram montar o sistema de repartimientos, empregando a mão de obra compulsória dos nativos na extração de metais.
• D. Nenhuma das alternativas.

Assinale a alternativa CORRETA a respeito dos fatos ocorridos durante o período conhecido como Primeiro Reinado no Brasil:

• A. A Constituição de 1824 foi Primeira Constituição Brasileira, tendo como características a formação da Assembleia Constituinte, Constituição Promulgada, voto censitário, Poder Moderador entre outros.
• B. Valendo-se da autonomia concedida pelo Poder Moderador, o monarca autorizou enormes gastos com a Guerra da Cisplatina, contribuindo para aumentar o descontentamento e a oposição ao governo de D.Pedro I. Entre 1825 e 1828, o Brasil se envolveu na Guerra da Cisplatina, conflito pelo qual esta província brasileira reivindicava a independência. A guerra gerou muitas mortes e gastos financeiros para o império. Mesmo diante dos gastos e das perdas humanas, o governo brasileiro vence a guerra.
• C. Em 1823, as ideias republicanas dominavam o nordeste e se acentuaram em face das ameaças do Imperador que, com a Constituição de 1824, impôs ao país um estado unitário. Pernambuco não aceitou essa Constituição e em 2 de julho de 1824, seu presidente Manuel de Carvalho Pais de Andrade proclamou a Confederação do Equador (movimento republicano e separatista que uniu Pernambuco, Ceará e Rio Grande do Norte). No início a Constituição adotada foi a Colombiana. O objetivo era formar um novo estado completamente separado do Império, cujas bases eram um governo representativo e republicano, garantindo a autonomia das províncias confederadas.
• D. Nenhuma das alternativas.

“Caminhando e cantando e seguindo a canção, somos todos iguais braços dados ou não, nas escolas, nas ruas, campos, construções...vem vamos embora que esperar não é saber quem sabe faz a hora não espera acontecer”. Essa música de Geraldo Vandré “Prá não dizer que não falei das flores” ´foi emblemática no que diz respeito ao movimento estudantil no Brasil da década de 60. Sobre esse movimento social podemos afirmar, EXCETO:

• A. O movimento estudantil brasileiro emergiu no período da ditadura militar e teve uma expressiva força no sentido de mobilizar grandes contingentes de estudantes para participação na vida política do país.
• B. As maiores reivindicações políticas dos estudantes consistiam na defesa das liberdades democráticas, no fim das prisões e torturas e anistia ampla geral e irrestrita. Em busca dessas bandeiras de luta eles realizaram grandes manifestações de protesto e passeatas públicas escrevendo uma marcante história na cena nacional.
• C. Apesar de toda a combatividade dos estudantes no enfrentamento ao golpe militar, esse segmento não foi atingido pelos golpistas, o movimento sempre permaneceu estruturado com plena autonomia sem ruptura alguma.
• D. A expansão do movimento estudantil está diretamente relacionada ao período desenvolvimentista, uma vez que naquele momento (décadas de 50 e 60), houve um crescimento do ensino superior público no Brasil.
• E. O crescente número de estudantes que aderiram ao movimento foi inspirado pela divulgação e consolidação de novos paradigmas políticos no meio universitário. Esses novos paradigmas foram influenciados pelo marxismo, por isso que o movimento estudantil das décadas de 60 e 70 do século XX defendia um projeto socialista de transformação social.

A memória musical do movimento estudantil do passado foi reacendida pelos estudantes da educação básica de escolas públicas paulistas. Ao som de Geraldo Vandré e Chico Buarque, esses estudantes em novembro de 2015 não se calaram diante da precariedade da educação pública paulista. Esse momento histórico representou:

I) Uma negação do sentimento patriótico nacional, uma vez que esses estudantes agiram como baderneiros movidos exclusivamente por seus interesses individuais.

II) Um momento de recuperação da soberania e do exercício da cidadania, tendo em vista o alto nível de mobilização desses estudantes, ao ocuparem 19 escolas em São Paulo, indo de encontro a uma gestão totalmente descompromissada com a educação.

III) Um gesto de desrespeito ao gestor estadual Geraldo Alckmin que estava sendo obrigado a fechar algumas escolas em consequência da crise econômica.

IV) Uma retomada da força juvenil no combate aos desmandos políticos e uma afirmação do senso de coletividade que durante muitas décadas estava anestesiado.

V) A denúncia de políticas estaduais desmontadoras do sistema público educacional paulista, por meio da defesa de duas bandeiras de luta: o acesso e a qualidade da educação. Esse empoderamento dos jovens estudantes foi um exemplo histórico para os brasileiros de todas as gerações.

Estão corretas as alternativas:

• A. I e III, apenas.
• B. I e V, apenas.
• C. I, IV e V, apenas.
• D. II, IV e V, apenas.
• E. I, II, III, IV e V.

O atual momento histórico vivenciado no cenário nacional nos convidou a um processo de alfabetização política, bem como a um aprendizado contínuo do exercício de cidadania. O impeachment da presidente Dilma e todo o processo que gerou a sua culminância nos faz avaliar como cidadãos que, EXCETO:

• A. Há uma absoluta similiaridade com o processo de impeachment do ex presidente Fernando Colllor de Melo, inclusive no que diz respeito aos estudantes universitários que foram às ruas.
• B. A política de imagem tramada pelas mídias dominantes nos manipulam com uma força simbólica tão profunda que chega a ameaçar a nossa cidadania e o nosso senso crítico.
• C. Os grupos políticos dominantes no nosso país ainda são as velhas oligarquias conservadoras que se reinventam apresentando na cena pública uma máscara do novo.
• D. O exercício da cidadania não se encerra nas urnas, mas é um gesto contínuo e coletivo de exercício da criticidade e da soberania, manifestando suas insatisfações por meio de atos públicos, ocupando as ruas da cidade, do estado e do país.
• E. A ameaça à democracia tem sido um fantasma histórico no território brasileiro, uma vez que os interesses econômicos de alguns grupos dominantes atropelam toda a memória de luta e do processo de redemocratização do Brasil.

O Rio de Janeiro continua lindo, o Rio de Janeiro continua sendo, o Rio de Janeiro fevereiro e março. Alô, Alô Realengo, aquele abraço...Alô, alô Teresinha aquele abraço, alô torcida do Flamengo, aquele abraço...Essa música, assim como a Garota de Ipanema e mais 25 canções de grande compositores brasileiros cantam a alma carioca com muita propriedade. Essa alma carioca radiante e contagiante representava até a década de 60 do século XX, a alma de todos os brasileiros. A perda do título de capital do Brasil por parte dos cariocas foi uma mudança paradigmática na nossa identidade nacional, isso foi consequência de:

I) Um processo histórico provocado pelos interesses do populista Getúlio Vargas.

II) Uma ambição narcisista e extremamente ousada do presidente Juscelino Kubistchek na sua administração emblemática dos 50 anos em 5.

III) Uma negação do imaginário brasileiro do passado e a invenção de um novo Brasil planejado, uniforme, moderno e silenciador das diferenças e dos contrastes sociais.

IV) Uma experiência recorrente na história do nosso país, intitulada de mobilidade das capitais, isso se deu sempre em função dos interesses políticos e econômicos de grupos oligárquicos que estavam no poder e queriam imprimir suas marcas narcísicas.

V) Uma consulta democrática direcionada a toda à população brasileira, portanto, Brasília como capital foi a expressão de um desejo coletivo nacional em um cenário republicano.

Estão INCORRETAS apenas as alternativas:

• A. III, IV e V.
• B. I, II e V.
• C. I e III.
• D. I e V.
• E. II, III e IV.

As cidades brasileiras vitrines, geométricas e espetaculares como Brasília escondem em seus escombros as outras cidades, as cidades dos excluídos, as experiências urbanas capitalistas dos que fazem a cidade com seu sangue, suor e lágrimas. Em se tratando de narrar a história da construção de Brasília, dentro de uma proposta metodológica da história vista de baixo, daremos visibilidade a outras experiências citadinas como:

I) A experiência dos movimentos estudantis.

II) As atitudes de justiça e generosidade do gestor Juscelino Kubistchek para com os trabalhadores que construíram a cidade de Brasília. III) Os movimentos dos operários das fábricas.

IV) Essa obra fantástica foi construída pelos nordestinos, chamados de candangos, na esperança de melhorar de vida, esses homens assumiram um cotidiano de trabalho árduo e incessante para concluir a grande obra desenvolvimentista de JK.

V) A geometria urbana dos populares foi desenhada e materializada pelos candangos ao ocuparem o entorno de Brasília, a cidade vitrine, criando assim, as chamadas cidades satélites, já que os construtores de Brasília não eram considerados dignos dessa obra fantástica moderna, pelo idealizador da nova capital.

Estão corretas apenas as alternativas:

• A. I, II.
• B. II,IV e V.
• C. IV e V.
• D. III e IV.
• E. I,III e V.

O filme “O nome da Rosa” trata do cenário europeu na Idade Média e denuncia as relações e tramas de poder da Igreja Católica. A presença de um missionário franciscano no Convento onde estavam morrendo muitos discípulos inexplicavelmente contribuiu para o desmascaramento dos líderes religiosos que estavam sendo os próprios assassinos de seus discípulos que ousassem ler as obras secretas da Biblioteca. No que diz respeito às concepções de ciência e de História, essa trama cinematográfica pode ser relacionada a, EXCETO:

• A. Era teocêntrica, na qual o ensino de todas as disciplinas eram fundamentado nas Sagradas Escrituras.
• B. Democratização do acesso aos saberes livrescos oportunizado pelos líderes religiosos.
• C. História Sagrada, uma vez que essa está consubstanciada nos dogmas da doutrina cristã eurocêntrica.
• D. Um exemplo do paradigma positivista na ciência, personificado pelo líder franciscano que assumiu a condição de investigador da verdade sobre as mortes que estavam acontecendo no convento.
• E. As assimétricas relações de poder entre os líderes e os seus discípulos, uma vez que estes não tinham o direito de frequentar a biblioteca do Convento, só os líderes tinham e quem ousasse entrar lá e folhear os livros morria envenenado.

Adeus Lenin também é uma produção cinematográfica que pode ser utilizada para pensarmos o ensino de história e seus desafios. Sobre o cenário do qual trata o texto fílmico e a sua relação com a crise dos paradigmas na história, NÃO podemos afirmar:

• A. Por tratar da crise do socialismo real e da queda do muro de Berlim, o filme nos leva a compreender o contexto internacional, sobretudo da Rússia no sentido das insatisfações dos cidadãos socialistas com relação ao autoritarismo vigente.
• B. A visão teleológica marxista que tinha anunciado, por meio de seu viés estruturalista e etapista que após as experiências com o socialismo, as sociedades iriam passar para um modelo de sociedade comunista foi desmistificada com o fim do socialismo soviético e a volta desses povos ao sistema capitalista.
• C. A história marxista economicista e estruturalista foi validada pelo momento histórico de crise do socialismo real.
• D. A queda do muro de Berlim repercutiu nos movimentos sociais e na prática pedagógica e acadêmica dos historiadores que defendiam a adesão a uma história marxista radical e revolucionária, tendo como exemplo emblemático de modelo societário a URSS.
• E. A crise das metanarrativas marxistas foi semeada neste cenário de falência do socialismo soviético e gerou uma crise de identidade nos próprios professores de história e no meio acadêmico, anunciando a necessidade de diálogo com outros paradigmas da história, como a nova história social inglesa e a nova história cultural francesa.