Questões de Psicologia do ano 2006

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No livro Emoção na sala de aula, Ana Rita Silva Almeida, escreve: "A sala de aula é um ambiente onde as emoções se expressam". Se aceitarmos a idéia que a emoção está presente nas relações dentro da escola, que a emoção está presente no desenvolvimento escolar do aluno, então,

  • A.

    o fato do psicólogo, na escola, pensar sobre a emoção atrapalha o diagnóstico da instituição a ser efetuado.

  • B.

    a emoção é algo muito subjetivo diante da objetiva e pragmática técnica de um psicólogo em uma escola. Portanto, o psicólogo não deve trabalhar com a emoção.

  • C.

    o psicólogo deve sempre ser levado pela emoção numa escola, não se deixando levar por um pensamento mais racional.

  • D.

    ao lidar com a emoção, em seu trabalho numa escola, o psicólogo pode encontrar um caminho para dar vazão às mais diversas questões do cotidiano. O que não quer dizer que o lidar com a emoção seja o único caminho possível para o psicólogo em uma escola.

Para alguns técnicos de escolas, ou seja, profissionais não pertencentes ao quadro docente, ao se trabalhar com grupo de adolescentes (ou jovens) temas vários não compreendidos na grade curricular, como sexo, drogas, família, inserção na vida adulta, etc., assuntos sobre a vida contemporânea, é essencial dar um ar de informalidade no trabalho com esse temas: levá-los para uma sala em que se sentem no chão, encaminhá-los para ambientes ao ar livre, pô-los de pés descalços, etc. Conclui-se que

  • A.

    esta é uma das técnicas de trabalho, não tendo de ser aplicada por todos os técnicos em uma escola nem se constituindo na única forma de lidar com grupo de jovens estudantes.

  • B.

    estas técnicas são aquelas que caracterizam o trabalho de um psicólogo em uma escola. Não executá-las retiraria a identidade do psicólogo em uma escola.

  • C.

    sentar no chão com pés descalços constitui-se na única forma que leva os jovens alunos a relaxarem e falarem.

  • D.

    o trabalho do psicólogo com jovens alunos deve ser sempre executado com os alunos calçados e em pé para impedir a liberdade e a indisciplina dos estudantes.

No artigo Repensando a psicologia escolar, Patto escreve: "Tanto a prática sugerida por Bleger quanto o tipo de atendimento psicológico levado a efeito pelo grupo argentino baseiam-se na teoria psicanalítica, fato que faz com que a pergunta formulada por Regers " psicólogo escolar: educador ou clínico? " perca todo o seu sentido. ... na escola existe um espaço totalmente vago para o psicólogo lidar com angústias, fantasias e bloqueios de todos os tipos, ..., sem precisar negar que se encontra numa instituição escolar mas, ao contrário, trazendo-a para o centro de suas atividades." Para Maria Helena Souza Patto, neste artigo,

  • A.

    o psicólogo escolar não pode desenvolver qualquer ação que o confunda com um psicólogo clínico.

  • B.

    cabe ao psicólogo em uma escola trazer a instituição escolar para o centro de suas atividades sem se preocupar com a questão: estou sendo escolar ou clínico?

  • C.

    Psicologia Escolar e Psicologia Clínica são coisas totalmente diferentes que não podem ser misturadas sob o risco do psicólogo ficar descaracterizado em uma escola.

  • D.

    o psicólogo em uma escola necessita desenvolver técnicas apenas compatíveis com o perfil de um psicólogo escolar.

Para alguns, é essencial, no trabalho do psicólogo em uma escola, a aplicação de testes. Entre estes, os testes de QI para avaliar o nível de inteligência do aluno. Patto, em Introdução à psicologia escolar, escreve sobre a "mitologia do QI". Segundo a autora: "Por que estamos preocupados com inteligência? ... não descobrimos nenhuma relação entre QI e a capacidade para funcionar em nossa sociedade... O comportamento não é determinado unicamente pelo computador formal situado entre ouvidos do indivíduo. ... nossa sociedade deveria ter preocupações maiores que produzir gênios. Nossa sociedade tem tanta necessidade de bons pedreiros, bons mecânicos e bons atletas quanto de físicos nucleares." Após lido o trecho anterior, conclui-se que

  • A.

    a autora afirma a necessidade do psicólogo em uma escola aplicar testes de QI junto a todos os alunos.

  • B.

    para a autora, só se conhece um aluno a partir do conhecimento do seu nível de inteligência.

  • C.

    a autora não dá uma preocupação fundamental ao nível de inteligência do aluno no trabalho de um psicólogo em uma escola.

  • D.

    para a autora, o que caracteriza a identidade de um psicólogo em uma escola são os testes de QI.

No volume XI da Standard, escreve Freud, em Contribuições para uma discussão acerca do suicídio: "A escola nunca deve esquecer que ela tem de lidar com indivíduos imaturos a quem não pode ser negado o direito de se demorarem em certos estágios do desenvolvimento e, mesmo em alguns, um pouco desagradáveis. A escola não pode adjudicar-se o caráter de vida: ela não deve pretender ser mais do que uma maneira de vida." O psicólogo, em uma escola, trabalha com alunos nos mais diversos perfis, sendo alguns alunos considerados maduros, outros alunos considerados imaturos pela comunidade escolar. Na concepção do texto acima, é correto afirmar:

  • A.

    Todos os alunos são iguais e não devemos atentar para as diferenças entre eles.

  • B.

    Freud nada entende de escola, então este comentário dele não deve ser levado a sério.

  • C.

    Não cabe a um psicólogo, em uma escola, ocuparse da preocupação de que cada aluno possui seu ritmo e suas diferenças, pois o psicólogo deve apenas pensar na maioria nunca em um aluno individualmente.

  • D.

    Cada aluno possui seu ritmo e devemos estar atentos a essa observação para não julgarmos todos alunos como iguais ou acharmos que obrigatoriamente todos alunos têm de ser iguais.

Freud, em: Algumas reflexões sobre a psicologia do escolar, Volume XIII, da Standard, escreve: "É nessa fase do desenvolvimento de um jovem que ele entra em contato com os professores, de maneira que agora podemos entender a nossa relação com eles. Estes homens, nem todos pais na realidade, tornaramse nossos pais substitutos. ... Transferimos para eles o respeito e as expectativas ligadas ao pai onisciente de nossa infância e depois começamos a tratá-los como tratávamos nossos pais em casa. Confrontamo-los com a ambivalência que tínhamos adquirido em nossas próprias famílias, e, ajudados por ela, lutamos como tínhamos o hábito de lutar com nossos pais em carne e osso. A menos que levemos em consideração nossos quartos de crianças e nossos lares, nosso comportamento para com os professores seria não apenas incompreensível, mas também indesculpável." Sobre esse trecho, pode-se afirmar que

  • A.

    fala da sempre boa relação entre o professor e o aluno.

  • B.

    fala de sempre péssima relação entre o professor e o aluno.

  • C.

    fala da ambigüidade, dialética e trocas na relação profesor-aluno.

  • D.

    não aborda a relação professor-aluno.

Escreve Novaes, em Psicologia Escolar: "Quando temos alguma coisa a decidir, o bom-senso nos aconselha a, primeiramente, avaliar e medir a situação..." Sob esse prisma, conclui-se que um psicólogo, em uma escola,

  • A.

    sempre saberá o que fazer de imediato.

  • B.

    às vezes não saberá o que fazer de imediato e o melhor é avaliar e medir a situação.

  • C.

    nunca saberá o que fazer de imediato.

  • D.

    negar-se-á a buscar resolver uma situação imediata que surge numa escola, pois o principal são as ações previamente planejadas.

Novaes, em Psicologia Escolar, fala que o psicólogo, em uma escola, é "muitas vezes percebido como elemento persecutório" e que se constata "ainda uma resistência da própria comunidade escolar" para o trabalho deste profissional. Conclui-se que o psicólogo, em uma escola,

  • A.

    deve estar atento a essas dificuldades para poder melhor exercer suas ações.

  • B.

    Não deve dar atenção às dificuldades listadas por Maria Helena Novaes, pois se trata de uma autora sem experiência na área escolar.

  • C.

    Não deve dar a mínima para essas dificuldades, pois são coisas da comunidade escolar e não dele.

  • D.

    Deve apenas pensar nas dificuldades que irá encontrar a fim de previamente ir planejando o que fazer quando na escola estiver trabalhando.

No texto A clínica e a clínica em um contexto escolar, Rita de C. N. Leite escreve sobre o seu trabalho de psicóloga em uma escola: "O desafio era realmente muito grande, mas nossa disposição de enfrentá-lo era maior. É claro que essa disposição não foi suficiente para indicar os caminhos por onde deveríamos seguir. Mas, mesmo sem noção clara do que fazer, tínhamos algumas idéias que, embora não nos mostrassem alternativas seguras, nos possibilitavam dar um pontapé inicial para começar a construir nosso trabalho na escola." A mesma autora, remetendo-se a Martins, 1996, p.268, cita a seguinte frase deste psicólogo: "...a realidade de cada escola é uma construção social..." A partir dos comentários acima, entendemos que o trabalho de um psicólogo numa escola,

  • A.

    é sempre previamente estabelecido.

  • B.

    é sempre uma construção.

  • C.

    deve ser totalmente imprevisível e ao acaso.

  • D.

    é baseado num modelo rígido de uma técnica específica e com uma linha teórica imutável.

Rita de Cássia N. Leite escreve, em: A clínica e a clínica em um contexto escolar, "a expectativa da escola em relação a nós, psicólogos e estagiários de Psicologia, era de que assumíssemos o lugar de disciplinadores... Essa expectativa sugere a não implicação dos professores e técnicos da escola com os problemas de comportamento e disciplina ocorridos em sala de aula..." Já João Batista Martins, em O disciplinamento escolar e a prática do psicólogo escolar, escreve: "Considerando que as expectativas que foram construídas socialmente acerca do trabalho do psicólogo o colocam no lugar do "mantenedor da ordem" e que tais expectativas se objetivam no interior da escola, ocupar "outro lugar" torna-se tarefa bastante difícil." Tais comentários sugerem que cabe a um psicólogo, em uma escola,

  • A.

    tomar para si os problemas ligados à indisciplina no colégio.

  • B.

    sempre estar presente nas questões de indisciplina em sala de aula.

  • C.

    convencer a direção que questões disciplinares devem passar para a alçada do psicólogo.

  • D.

    não se confundir com um disciplinador ou com um mantenedor da ordem.

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