Questões sobre Psicologia Social e Comunitária

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O abrigo é uma forma imediata de proteção à criança que, por motivos diversos, tenha suas necessidades, interesses e direitos ameaçados pela família biológica. Todavia, o abrigamento deve ser temporário, para que se evite a institucionalização da criança. Neste contexto, observe as seguintes características de uma das modalidades de amparo à criança abrigada: i) a pessoa mantém um auxílio e vínculo informal com a criança, ii) a pessoa contribui financeiramente para o custeamento dos estudos ou tratamento especializado da criança, iii) a pessoa visita a criança no abrigo e/ou leva-a para usufruir férias ou comemorar aniversários e datas festivas. Assinale a alternativa que identifica corretamente essa modalidade de amparo.

  • A.

    Tutela.

  • B.

    Adoção.

  • C.

    Guarda.

  • D.

    Apadrinhamento.

  • E.

    Estágio de Convivência

Considerando a discussão psicossocial da família, observe as afirmações abaixo.

I. A familiar nuclear, organizada segundo a inter-relação pai-mãe-filho(s), é um modelo que evidencia a determinação biológica dada pelos laços consangüíneos, portanto, natural e necessário, e, como tal, regulado por normas, crenças e valores que independem de qualquer contexto sócio-histórico.

II. No cotidiano da vida social, observa-se a emergência de novos arranjos familiares, por exemplo, as relações homossexuais e de mães ou pais solteiros. Tal situação mostra a necessidade histórica de, por um lado, desvincular o conceito de família do modelo nuclear (pai-mãe-filho(s)) e, por outro, vinculá-lo a um modelo definido em função, por exemplo, do tipo de ligação afetiva e de relação de cuidado/responsabilidade que os indivíduos mantêm entre si.

III. A dissolução de uma união conjugal, formalizada (religioso/civil) ou não, é, muitas vezes, vivenciada como uma situação dolorosa e estressante, na qual o homem e a mulher, em maior ou menor medida, confrontam-se com o sentimento de perda do parceiro e da unidade familiar. É um confronto com o sentimento de morte, que não é físico, mas é psicológico, e, como tal, articulada à elaboração de um luto e dos sentimentos que o permeiam: o fracasso e a impotência, dentre outros.

Assinale a alternativa que identifica, dentre as afirmações citadas, a(s) correta(s).

  • A.

    I e II, apenas

  • B.

    II e III, apenas.

  • C.

    I e III, apenas.

  • D.

    III, apenas

  • E.

    I, II e III.

A experiência mostra que ao longo da evolução de um grupo vários papéis podem ser desempenhados por seus membros. Marque a opção FALSA a respeito do papel evidenciado.

  • A.

    Vestal: consiste na função do indivíduo em provocar perturbações no campo grupal por meio de um jogo de intrigas.

  • B.

    Bode Expiatório: toda a maldade do grupo fica depositada em um indivíduo que, se tiver uma tendência prévia, servirá como depositário, tendo a possibilidade de ser expulso do grupo.

  • C.

    Radar: é o indivíduo que, antes dos demais, capta os primeiros sinais das ansiedades que ainda embrionariamente estão emergindo no grupo.

  • D.

    Porta-voz: é aquele que através deste papel mostra mais manifestamente aquilo que o restante do grupo pode estar, latentemente, pensando ou sentindo.

Geralmente, os psicólogos sociais concordam que uma atitude possui três componentes. Marque a alternativa que indica com exatidão como esses componentes são denominados

  • A.

    Assertivo, nominativo e classificativo

  • B.

    Emocional, avaliativo e lingüístico.

  • C.

    Cognitivo, afetivo e comportamental

  • D.

    Classificativo, deliberativo e social

Das afirmações abaixo, marque a opção FALSA a respeito do conceito de Estereótipo.

  • A.

    Os estereótipos organizam e condensam informações.

  • B.

    Os estereótipos sempre são avaliações prejudiciais de indivíduos e grupos.

  • C.

    Com freqüência, os estereótipos são injustos quando aplicados rotineiramente a todos os indivíduos de uma população.

  • D.

    Em virtude da propensão a estereótipos, as pessoas tendem a favorecer os membros de seus grupos e a rejeitar aqueles de outros grupos.

O Estatuto da Criança e do Adolescente assegura assistência integral e prioritária à saúde de crianças e adolescentes (artigo 4o). Paradoxalmente, flagramos uma população da faixa infanto-juvenil em situação de risco psicossocial, que é constituída por jovens, a respeito dos quais se convencionou chamar de "meninos de rua". Na avaliação psicológica desse segmento social faz-se necessário investigar e considerar

  • A.

    o alto custo financeiro para abrigar, alimentar, pagar pessoal de limpeza, manutenção e segurança e fornecer cuidados básicos de saúde e educação e a implementação de uma prática clínica que procure se restringir a conceitos diagnósticos padronizados da realidade global da clientela desatendida.

  • B.

    a complexidade e peculiaridade da antropologia da saúde mental em sua amplitude e diversidade profissional, englobando preocupações sociais e legais com órfãos e delinqüentes.

  • C.

    a necessidade de um trabalho de Reabilitação Psicossocial, associado a um processo de intervenção junto a populações com graves carências sociais, transtornos mentais ou em outras situações de risco, que necessitem confinamento em manicômio psiquiátrico.

  • D.

    o tempo e o custo de uma psicoterapia em clínica particular direcionada a entender porque tais meninos não se mantém em sua residência.

  • E.

    suas próprias representações de mundo, uma vez que partilham uma linguagem de um universo cultural diferenciado, sendo que seu universo psíquico e cultural tem especificidades que diferem daquelas que o adolescente da cultura hegemônica apresenta.

Analise estes trechos concernentes às interfaces da Psicanálise com o Direito:

I. Uma leitura histórica e crítica do Sistema Jurídico informa ao Psicólogo que o Direito é uma das formas mais antigas de reger o gênero humano de acordo com o poder ins-tituído politicamente. A ética profissional do Psicólogo submete-o aos princípios dos direitos humanos e ao compromisso social da Psicologia; assim, esse profissional de-ve estar atento à possibilidade de o Judiciário utilizar seu saber para justificar medi-das típicas dos interesses opressores e coercitivos do poder, que atentam contra a éti-ca que orienta sua atuação.

II. O Direito considera inimputável o louco infrator, ou seja, este não pode ser condena-do pelo ato que cometeu, pois não gozava de capacidade de entendimento e liberdade de vontade no momento do crime - portanto, absolve-o e, em seguida, submete-o à uma medida de segurança; esta tem, formalmente, caráter de tratamento, mas, até re-centemente, não passava de uma internação, que combinava aspectos manicomiais e carcerários. A Psicanálise, em sua interface com a Criminologia, tem demonstrado que é possível trabalhar com o louco infrator no sentido de construir, subjetivamente, a culpa dele, tornando-o, a partir daí, responsável por seus atos e promovendo um tra-tamento digno dessas pessoas, bem como a construção da sua cidadania.

III. O Direito de Família, normalmente, apresenta ao Psicólogo casos em que o litígio entre as partes impede o diálogo - nesse contexto, os envolvidos, muitas vezes, transferem a resolução do conflito a um terceiro "isento" - no caso, o Judiciário; a Psicanálise, por sua vez, pode oferecer aos envolvidos a possibilidade de romper tan-to com o silêncio quanto com a posição de espectadores da decisão judicial, impli-cando-os na resolução de suas desavenças e tornando-os responsáveis por seus atos.

A partir dessa análise, pode-se conc

  • A.

    apenas os trechos I e II estão corretos.

  • B.

    apenas os trechos I e III estão corretos.

  • C.

    apenas os trechos II e III estão corretos.

  • D.

    os três trechos estão corretos.

Considerando-se a situação dos anormais, com base no estudo de FOUCAULT (2001), é INCORRETO afirmar que

  • A.

    a análise sociológica dos casos de punição dos anormais afirma que o exercício do poder de punir em relação a estes indivíduos implica a necessidade de duas compro-vações: primeiro, a de que é preciso tornar o ato criminoso inteligível — ou seja, é preciso conhecer as razões que o sujeito tinha para cometer o ato; segundo, a de que é preciso saber se o sujeito que cometeu o crime é dotado de razão.

  • B.

    a parceria estabelecida entre Direito e Psiquiatria possibilitou a criação de duplos su-cessivos nos processos criminais, que envolvem possíveis anormais, e, entre eles, destacam-se: um duplo psicológico-ético do delito, que substitui a infração ao código por uma infração à moral; um dobrar o autor do crime em sujeito delinqüente, a fim de se poder tratá-lo como objeto de uma tecnologia de reparação, de readaptação, de reinserção e de correção; um dobrar o psiquiatra em um juiz, na medida em que o e-xame psiquiátrico possibilita, efetivamente, instruir o processo no sentido de verificar a culpa real; e um dobrar o juiz em médico, pois, a partir do laudo psi-quiátrico, aque-le não exercerá o ofício de julgar, mas poderá impor medidas corretivas, de readapta-ção ou de reinserção.

  • C.

    a Psiquiatria, no início do século XIX, era um ramo especializado mais da higiene pública que da teoria médica e, para constituir-se como um poder e um saber no inte-rior da sociedade, codificou a loucura como doença, tornando patológicos os distúr-bios, os erros e as ilusões da loucura, assim como lhe descreveu sintomatologia, prognósticos, nosografia e outros itens; e, ainda, aliado a esse fato, codificou a loucu-ra como perigo; desse modo, interessou-se pelo louco que comete crimes, porque, por intermédio dele, lhe seria possível demonstrar seu próprio poder de antever o perigo para a sociedade, o que nenhum saber podia fazer, bem como sua própria capacidade científica, pelo rigor e correção de seus métodos de conhecimento.

  • D.

    o estudo do caso de Henriette Cornier levou à percepção de que o Judiciário, ao soli-citar a intervenção da Psiquiatria para o esclarecimento de crimes sem razão, possibi-litou a construção de um campo absolutamente novo para a intervenção psiquiátri- ca — até então, a análise da loucura estava adstrita ao delírio e à demência, mas os crimes sem razão trouxeram consigo um elemento ainda desconhecido, identificado como o instinto, a partir do qual se desenvolveram duas tecnologias: a Eugenia e a Psicanálise, que viabilizaram a expansão do campo da Psiquiatria para além do cam-po intramanicomial e para além da loucura.

Malta Campos (In: Patto, 1984) afirma que, "se as forças econômicas e sociais atuam no sentido da deterioração da qualidade de vida de grandes parcelas da população, não há de ser a pré-escola ou a creche que poderão inverter o sentido e as conseqüências deste processo". Para minimizar as desvantagens, a privação e a exclusão das camadas oprimidas da população, ela sugere:

  • A.

    o atendimento psicológico das crianças com déficits cognitivos e distúrbios emocionais que prejudicam seu bom desempenho escolar.

  • B.

    o acompanhamento das famílias, para que possam proporcionar às suas crianças os estímulos ambientais necessários a seu pleno desenvolvimento.

  • C.

    a integração dos programas de atendimento nas áreas de saúde, nutrição, grupos de pais e escolarização, realmente efetivos e com equipes profissionais atuantes.

  • D.

    o atendimento dessas populações por profissionais que trabalhem sob o foco da disciplina de sua competência.

Para Patto, a formação do psicólogo que atuará junto às classes oprimidas deve contemplar os seguintes aspectos, EXCETO:

  • A.

    O estudo voltado para a reeducação dessas populações que tenha o objetivo de incluí-las e integrá-las à sociedade.

  • B.

    A formulação de um corpo de conhecimento sobre a dimensão psicológica dos integrantes dessas classes sociais.

  • C.

    Uma compreensão da classe operária e das populações" marginais" e uma interação com elas sem estereótipos ou preconceitos.

  • D.

    Uma observação orientada antropologicamente para o real conhecimento das condições pessoais dos membros dessas populações.

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