Questões de Filosofia da Fundação Carlos Chagas (FCC)

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Diversos estudiosos de metodologia de ensino de filosofia insistem na necessidade de não apenas oferecer informações filosóficas aos alunos, mas também, em buscar, nas aulas de filosofia, desenvolver neles algumas características próprias do filosofar. Alguns destes estudiosos reportam-se a uma fala de Kant posta desta forma: não se deve ensinar filosofia e sim a filosofar. Lídia M. Rodrigo (2009) diz algo a respeito: “Retoma-se, assim, a perspectiva posta pelos PCN sobre o ensino de filosofia, ao propor que a aquisição de um conteúdo filosófico esteja vinculada à apropriação de um método de acesso a esse conhecimento”. Ao se referir a alguns estudiosos, diz ela que eles apontam três aspectos como “definidores da prática do ensino de filosofia: problematizar, conceituar e argumentar”.

A partir do texto acima, é correto afirmar:

  • A. Não se deve ensinar, nas aulas de filosofia, o pensamento de algum filósofo, mas sim deve-se ensinar a filosofar.
  • B. Aulas de filosofia devem exclusivamente ensinar ou oferecer ajuda aos alunos para que saibam problematizar, conceituar e argumentar.
  • C. Kant era contra o ensino de filosofia.
  • D. Aulas de filosofia devem ser exercícios de filosofar sem preocupação com qualquer conteúdo especificamente filosófico, visto que o que interessa é que o aluno saiba perguntar, problematizar e argumentar.
  • E. No ensino de filosofia, segundo certa maneira de pensá-lo por parte de alguns estudiosos, deve-se aliar ao estudo de certos conteúdos, a busca de desenvolvimento, nos alunos, de aspectos que caracterizam o filosofar.

A partir do texto acima, é correto afirmar:

  • A. Que a única dificuldade encontrada no ensino de filosofia diz respeito à grade curricular.
  • B. Um dos aspectos importantes do trabalho do professor de filosofia no ensino médio insere-se na importância mais ampla da escola de consolidar um projeto democrático de acesso ao saber.
  • C. Pesquisadores e especialistas, na área da filosofia, são unânimes em afirmar a importância do trabalho do professor de filosofia no ensino médio.
  • D. Que são apenas duas as dificuldades encontradas no ensino de filosofia: a formação precária do professor de filosofia para esta função e as carências dos alunos.
  • E. O trabalho do professor de filosofia não é um trabalho simples devido à complexidade da vida dos alunos

Com relação ao desenvolvimento da capacidade de conceituar, em aulas de filosofia, e partindo-se da aceitação da afirmação de que “não há filosofia sem conceito” (Frédéric Cossutta, 2001, p. 41) e de considerações apresentadas por Lídia M. Rodrigo (2009, p. 39 a 63), fica clara a dificuldade da obtenção de resultados positivos nesta empreitada. Até porque, como é dito aí, há duas dificuldades no trabalho com o conceito: a primeira é a da passagem da concretude da experiência à abstração conceptual e a segunda é a da passagem da abstração conceptual às situações singulares da experiência vivida. O texto de Rodrigo apresenta sugestões. Dentre elas a de caminhar gradualmente através de “pontes cognitivas que facilitem a passagem do concreto ao abstrato”. O uso de metáforas, analogias, comparações, exemplificações e outros meios é sugerido, mas com uma ressalva importante: “... é preciso certo cuidado no emprego desses recursos. Eles constituem pontos de apoio para a abstração, não seu substitutivo; um exemplo ou uma analogia, por mais adequados que sejam, não podem ser tomados como equivalentes do próprio conceito”.

Considere:

I. Sem conceitos não há filosofia e nem o filosofar.

II. Em aulas de filosofia, é fundamental o trabalho com o conceito e com a busca de desenvolvimento do processo de conceituar nos alunos.

III. A busca de desenvolvimento do processo de abstrair por parte dos alunos não é um trabalho fácil, mas é fundamental para que aulas de filosofia sejam, de fato, filosóficas.

IV. Há caminhos facilitadores deste desenvolvimento e cabe ao professor de filosofia buscá-los, como a utilização de analogias, comparações, exemplificações e outros.

V. A exemplificação é facilitadora no processo de busca do desenvolvimento da conceituação nos alunos, mas, por si mesma, não basta. Ela é recurso para algo mais que é a produção conceitual.

Está correto o que se afirma em

  • A. I, II, III, IV e V.
  • B. IV e V, apenas.
  • C. II, III e V, apenas.
  • D. I, III e IV, apenas.
  • E. II, IV e V, apenas.

“Para não se estabelecer uma univocidade conceitual ou qualquer outro tipo de doutrinação teórico-valorativa que desrespeite a pluralidade de pontos de vista filosóficos, os eixos visam a oferecer diretrizes claras e objetivas para a prática docente e trazem uma abertura para opções teóricas, conceituais e de aplicabilidades conforme a escolha do educador de filosofia. Cabe a esse fazer continuamente uma checagem de qual a melhor estratégia didático-metodológica para o processo de aprendizagem do filosofar”.

“A liberdade de opção teórico valorativa não restringe seu papel formador (o da filosofia), muito pelo contrário, as doutrinações é que podem sufocar a própria possibilidade do filosofar e, paradoxalmente, impedir um diálogo com as outras disciplinas, principalmente com as áreas de humanas”. Os dois excertos acima constam no documento “Currículo Básico Escola Estadual, Ensino Médio, v. 3: Área Ciências Humanas” (2009) na parte relativa à Filosofia do Estado do Espírito Santo. Considere as afirmações abaixo.

I. Afirma-se que muita liberdade teórica e valorativa atrapalha o papel formador da filosofia, visto que pode gerar confusões conceituais e de opções nos jovens estudantes.

II. Qualquer tipo de doutrinação deve ser banido do ensino de filosofia.

III. Cabe ao professor de filosofia, como educador, checar quais os melhores conteúdos devem ser oferecidos aos alunos afim de se garantir uma boa univocidade conceitual, cabível num processo formativo de cunho filosófico.

IV. A filosofia, como um saber específico não deve se preocupar com diálogos com as demais ciências, nem mesmo com as ciências humanas.

V. A doutrinação é o que sufoca ou impede o próprio filosofar e não a liberdade de escolhas teóricas e valorativas as quais, por sua vez, não limitam o papel formativo da filosofia.

Está correto o que se afirma APENAS em

  • A. I e IV.
  • B. II e V.
  • C. I, IV e V.
  • D. I, III e IV.
  • E. III e IV.

“A compreensão da Filosofia como disciplina reforça, sem paradoxo, sua vocação transdisciplinar, tendo contato natural com toda ciência que envolva descoberta ou exercite demonstrações, solicitando boa lógica ou reflexão epistemológica. Da mesma forma, pela própria valorização do texto filosófico, da palavra e do conceito, verifica-se a possibilidade de estabelecer proveitoso intercâmbio com a área de linguagens”. O texto citado afirma que:

I. Não há contradição entre o fato de a filosofia, no ensino médio, ser uma disciplina com suas especificidades e a afirmação de seu caráter transdisciplinar.

II. A busca de relações e intercâmbios com outras disciplinas do currículo escolar compromete a especificidade da filosofia como disciplina com identidade própria.

III. O exercício de demonstrações (argumentação), o respeito à boa lógica no pensar e reflexões relativas ao conhecimento e seus fundamentos – aspectos epistemológicos -, são preocupações comuns a todas as disciplinas e, por isso, aspectos a serem considerados em uma metodologia transdisciplinar no ensino de filosofia.

IV. O trabalho com o texto filosófico é algo específico da filosofia e não cabe levá-lo em conta em uma metodologia transdisciplinar no ensino desta disciplina.

V. Há aspectos importantes presentes tanto na filosofia quanto na área de linguagens que devem ser levados em conta numa abordagem transdisciplinar no ensino de filosofia no ensino médio.

De acordo com o recomendado pelo excerto retirado das Diretrizes Curriculares para o Ensino de Filosofia do MEC, está correto o que se afirma em

  • A. I, II e IV.
  • B. II, IV e V.
  • C. I, III e IV.
  • D. II, III e IV.
  • E. I, III e V.

Parmênides e Heráclito foram dois pensadores pré-socráticos com ideias antagônicas: este considerava que é essencial a mudança e a contradição existente nas próprias coisas; aquele, contrariamente, considerava que o que não pode ser pensado não pode existir e o que não existe não pode ser pensado.

Considere:

I. “Nós nos banhamos e não banhamos no mesmo rio. Não é possível descer duas vezes no mesmo rio”.

II. “O ser tampouco é divisível, pois é todo inteiro, idêntico a ele; não sofre nem acréscimos, o que seria contrário à sua coesão, nem dominação, mas todo inteiro, está cheio de ser; é, assim, inteiramente contínuo, pois o ser é contínuo ao ser”.

III. “Este cosmos, o mesmo para todos, nenhum dos deuses e nenhum dos homens o criou: mas sempre foi, é e será um fogo sempre vivo, acendendo-se e apagando-se com medida”.

IV. “É uma a mesma e a mesma coisa: o vivo e o morto, o acordado e o adormecido, o jovem e o idoso, pois a mudança de um converte no outro, reciprocamente”.

V. “Não há que temer que jamais se prove que o não ser é. Só nos resta um caminho a percorrer, o ser é. E há uma multidão de sinais de que o ser é incriado, imperecível, pois somente (o ser) é completo, imóvel e eterno”.

Correspondem ao pensamento de Heráclito, o que se afirma APENAS em

  • A. I, II e IV.
  • B. II, III e V.
  • C. III, IV e V.
  • D. I, III e IV.
  • E. II, IV e V.

É na Grécia clássica que a tradição cultural ocidental estabelece a origem da linguagem conceitual, onde uma nova forma de falar constitui-se em oposição à forma originária que comunicava por metáforas situações vividas pelo narrador. Essa nova forma de falar descreve e demonstra o pensamento entendedor das coisas: as propriedades destas são pensadas analiticamente como existindo sem nenhuma dependência dos processos emocionais de quem as compreende.

As duas formas de linguagens, mencionadas no parágrafo acima, são

  • A. senso-comum e bom-senso.
  • B. teologia e ciência.
  • C. mythos e logos.
  • D. linguagem popular e linguagem erudita.
  • E. religião e filosofia.

Dermeval Saviani, em seu livro Do senso comum à consciência filosófica define a filosofia como uma reflexão que possui três características que se complementam.

São características da reflexão filosófica:

  • A. clareza, objetividade e sistemática.
  • B. dogmática, reflexiva e crítica.
  • C. analítica, lógica e dialética.
  • D. radicalidade, rigor e globalidade.
  • E. sistemática, dialógica e recursiva.

No período socrático, também chamado de antropológico, o ideal educativo grego deixou de ser a formação do jovem guerreiro, belo e bom, para a formação do bom cidadão, desenvolvendo uma nova educação com padrão ideal de formação do jovem a virtude cívica para o exercício da cidadania (areté).

NÃO corresponde ao papel dos sofistas, considerados os primeiros filósofos do período socrático:

  • A. Ensinavam que o homem é a medida de todas as coisas.
  • B. Diziam que os ensinamentos dos filósofos cosmologistas estavam repletos de erros e contradições.
  • C. Ensinavam a técnica da persuasão para os jovens, que aprendiam a defender a favor ou contra qualquer posição ou opinião.
  • D. Defendiam que a educação antiga do guerreiro já não atendia às exigências da sociedade grega.
  • E. Propunham que, antes de persuadir os outros em uma discussão, era preciso conhecer-se a si mesmo.

Sócrates nada deixou escrito. Suas ideias foram divulgadas por seus discípulos Platão e Xenofonte. Nas conversas com seus discípulos, privilegia as questões morais. Aprendemos de Sócrates que o conhecimento resulta de uma busca contínua, enriquecida pelo diálogo, que corresponde ao filosofar. Sócrates é responsável por um método dialógico que se compõe de dois momentos.

As etapas do método socrático são:

  • A. a dialética e a argumentação.
  • B. a ironia e a maiêutica.
  • C. o juízo e o raciocínio.
  • D. a proposição e a discussão.
  • E. a tese e a antítese.
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