Questões de Medicina do ano 2006

• A. O manicômio teve, em primeiro lugar, uma função médica, terapêutica, cuja eficácia foi questionada desde muito cedo, mas que se fortalecia pela confi-ança na possibilidade de cura do louco dos primeiros alienistas.
• B. Exerceu uma função social, pois se converteu num refúgio para loucos po-bres, necessitados de um ambiente protegido de vida, ou tutelar.
• C. Era um lugar de função criativa, onde a diversidade e a humanização da assistência à loucura permitiram o despertar de expressões artísticas inusi-tadas que influenciaram a produção cultural da época.
• D. Havia uma função de proteção da sociedade perante um grupo populacional que transitava no limite da legalidade, impossível de se classificar por meio da psicopatologia, e cuja forma de vida não era bem aceita.

A lei estadual 12.684, de 1 de dezembro de 1997, altera a Lei 11.802, de janeiro de 1995, em seu art. 5º, que dispõe sobre os procedimentos de restrição física. Segundo a nova lei, NÃO é correto afirmar:

• A. Os procedimentos de restrição física devem ser registrados no prontuário médico.
• B. Os procedimentos de restrição física devem restringir-se ao período estrita-mente necessário.
• C. Os procedimentos de restrição física devem realizar-se em condições técni-cas adequadas.
• D. Os procedimentos de restrição física, como o uso de celas-fortes e camisas-de-força serão utilizados desde que obedeçam a certas condições.

São formulações contidas no texto "Cidadania, Sujeito, Cersam e Manicômios", que trata do percurso da reforma psiquiátrica no município de Belo Horizonte, de Cézar Rodrigues Campos, EXCETO:

• A. A criação dessa rede só foi possível dentro da perspectiva de desmontagem do paradigma manicomial.
• B. Os Cersams passam a constituir um novo dispositivo de atenção à saúde mental com a principal função de atender crises.
• C. O projeto definiu como prioridades assistenciais o atendimento a pessoas com sofrimento psíquico intenso, identificadas como psicóticas graves.
• D. A rede de serviços seria composta por: cersams, as unidades básicas, CRIA (centro de referência para a infância e adolescência), centros de convivên-cia, lares abrigados, pensões protegidas, cooperativas de trabalho, empre-sas sociais.

Em seu texto "Psicanálise e Psiquiatria", Jacques-Alain Miller propõe uma antinomia entre as duas. Podemos afirmar, segundo o autor, EXCETO:

• A.

  A psicanálise deve compreender o paciente e não fazer diagnóstico.

• B. Demanda e sintoma são estruturalmente distintos na psiquiatria e na psica-nálise.
• C. Segundo a psicanálise, existem estruturas clínicas, com lógica e tipo de sintoma.
• D. Os loucos demonstram a exterioridade do inconsciente.

Sobre O Amor Transferencial, Freud afirma, EXCETO:

• A. É provocado pela situação analítica.
• B. Revela um amor genuíno pelo analista.
• C. É grandemente intensificado pela resistência.
• D. Falta-lhe, em alto grau, consideração pela realidade.

Considerando-se as formulações freudianas sobre o Caso Schreber, podemos afirmar sobre o mecanismo da paranóia, EXCETO:

• A. As principais formas de paranóia conhecidas podem ser todas representa-das como contradições da proposição única "eu (um homem) o amo (um homem)".
• B. Na paranóia, há uma fixação no estádio de narcisismo, que constitui a base para a disposição à enfermidade.
• C. A formação delirante, que se presumia ser o produto patológico, é, na reali-dade, uma tentativa de reconstrução.
• D. Na paranóia, o mecanismo de formação dos sintomas envolve uma supres-são interna da percepção, que é projetada para o exterior (alucinação).

Considerando-se as formulações freudianas no texto "A perda da realidade na neurose e na psicose" de 1924, é INCORRETO afirmar:

• A.

  O autor reforça a nítida distinção entre neurose e psicose.

• B. Tanto a neurose quanto a psicose são expressão de uma rebelião por parte do id contra o mundo externo.
• C. Na neurose, o ego suprime um fragmento do id e, na psicose, o ego se afasta de um fragmento da realidade.
• D. Na neurose, um fragmento da realidade é evitado por uma espécie de fuga, ao passo que na psicose ele é remodelado.

A Lei Estadual 11.802, de 18 de janeiro de 1995, proíbe a utilização de terapêuticas psi-quiátricas biológicas, salvo nas seguintes condições, EXCETO:

• A. Utilização, em casos de risco de vida iminente, decorrente do sofrimento mental.
• B. Utilização, esgotadas as demais possibilidades terapêuticas, em ambiente hospitalar especializado.
• C. Indicação relativa, de acordo com parâmetros técnicos da equipe envolvida no caso.
• D. Indicação absoluta, quando não existirem procedimentos de maior ou igual eficácia.

Em seu texto "Psicanálise e Psiquiatria", Freud estabelece algumas correlações entre esses dois campos.

 Podemos afirmar, segundo o autor, EXCETO:

• A. Há uma diferença metodológica entre os dois campos.
• B. A psicanálise pode influenciar e compreender os delírios.
• C. A psicanálise propõe estudar os delírios, estabelecendo conexões entre estes e os desejos inconscientes dos pacientes.
• D. A psicanálise se relaciona com a psiquiatria como a histologia se relaciona com a anatomia, uma estuda as formas externas dos órgãos (sua descrição), a outra, sua es-truturação (sua dinâmica).

Considerando-se as Parafrenias de Kraepelin, é INCORRETO afirmar:

• A. As modalidades de começo dessas psicoses são bastante variáveis, algu-mas se desenvolvem insidiosamente, enquanto outras se constituem quase subitamente.
• B. São caracterizadas pelo caráter interpretativo dos temas delirantes, pela ausência de sistematização e pela ausência de evolução deficitária.
• C. O delírio fantástico é formado por sintomas variados (alucinações, fabula-ções, interpretações, intuições delirantes, místicas, de influência, de grandeza).
• D. O que mais especifica esse grupo de delirantes é o contraste surpreendente entre as concepções paralógicas e a mitologia do delírio e uma correta (e às vezes perfeita) adaptação ao real.