Questões de Medicina do ano 2012

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A terapia cognitivo-comportamental (TCC) é uma modalidade psicoterápica desenvolvida por Aaron Beck no início da década de 1960 e que tem objetivos e técnicas bem estabelecidas no tratamento de diferentes condições clínicas. Com relação ao processo terapêutico no TCC, é correto afirmar:

  • A.

    É uma abordagem focal breve que visa identificar e modificar comportamentos disfuncionais a partir das técnicas de recondicionamento.

  • B.

    Na depressão, por ser uma condição clínica grave e comumente recorrente, torna-se necessário um processo mais longo com a identificação de conflitos inconscientes que possam ser determinantes de recaídas e cronificação.

  • C.

    É uma técnica bastante eficaz no tratamento dos casos de crianças e adolescentes com o transtorno do déficit de atenção e hiperatividade, podendo substituir o uso da medicação psicoestimulante.

  • D.

    É uma técnica pouco eficaz em transtornos depressivos, uma vez que a base principal dessa condição clínica é a alteração de objetos internalizados e a vivência do luto em relação a perda desses objetos, sendo primordial a técnica do insight como forma de proporcionar a cura definitiva.

  • E.

    Dentre as diferentes etapas do processo terapêutico existe o momento no qual se explica ao paciente o modelo cognitivo, o que são pensamentos automáticos e como identificá-los. Quando o paciente se torna capaz de identificar um pensamento disfuncional, ele também consegue modificá-los, o que gera alívio dos sintomas.

Os transtornos de personalidade apresentam características específicas em seus subtipos. O transtorno de personalidade

  • A.

    esquizotípica caracteriza pouco apreço e acentuado afastamento do contato interpessoal, associado à extrema suspeita em relação a terceiros.

  • B.

    borderline é caracterizado por dramaticidade, expressão intensa de afeto e necessidade de atenção. Entretanto eles apresentam importante comprometimento nas relações íntimas pela necessidade de controle da relação amorosa por meio da sedução.

  • C.

    obsessivo-compulsiva ou anancástico, caracterizase pela necessidade exagerada e apreço atribuídos a regras, organização e controle, sendo discretos em suas manfestações emocionais.

  • D.

    paranoide é caracterizado por distorções cognitivas e condutas excêntricas, pautadas em um sistema de crenças que não sendo delirantes, ainda assim, é idiossincrático, não compartilhado por outro, ou apenas por uma minoria de pessoas.

  • E.

    dependente apresenta necessidade de ser cuidado, entretanto apresenta acentuada timidez, sentimentos de inadequação social, rejeição e inferioridade, o que o torna muito refratário a buscar ajuda efetiva.

Com relação ao tratamento psicofarmacológico na gravidez e puerpério, é correto afirmar:

  • A.

    O uso de qualquer medicação psicotrópica deve ser suspensa sempre que o diagnóstico de gravidez for realizado, independentemente da indicação clínica que a gestante apresentar, uma vez que os riscos ao feto não são completamente conhecidos.

  • B.

    Na depressão materna o uso de tratamento farmacológico está claramente indicado, devendo o clínico selecionar medicamentos com o perfil reprodutivo mais seguro, sendo a fluoxetina e o citalopram os que acumulam dados de segurança reprodutiva e podem ser considerados medicação de primeira linha.

  • C.

    A exposição fetal ao divalproato de sódio aumentam a incidência de mal formações cardíacas, como a anomalia de Ebstein.

  • D.

    O uso de antiepilépticos na gravidez, principalmente no primeiro trimestre, podem levar ao retardo do crescimento intrauterino e microcefalia.

  • E. Os antipsicóticos típicos ou de primeira geração como o haloperidol não podem ser utilizados na gravidez pelo risco de interferência no desenvolvimento do sistema dopaminérgico fetal, dada a sua alta afinidade no bloqueio D2. Já os de segunda geração ou atípicos, como a olanzapina e quetiapina, poderão ser utilizados pois o bloqueio dopaminérgico é significantemente menor e portando sua teratogenicidade também.

Com relação à Anorexia Nervosa (AN), é correto afirmar:

  • A.

    A prevalência gira em torno de 5 a 10% da população com uma predominância do sexo feminino.

  • B.

    As principais comorbidades associadas a esse quadro são o transtorno bipolar e quadros psicóticos.

  • C.

    Os principais transtornos de personalidade associam- se aos subtipos de AN, havendo uma maior prevalência de transtorno de personalidade borderline no subtipo restrito e de personalidade anancástico e evitativo no subtipo purgativo.

  • D.

    Alguns dos fatores de má evolução da doença podem incluir baixo peso no início do tratamento, presença de comorbidades psiquiátricas, uso de métodos purgativos, caos familiar e demora na busca por tratamento.

  • E.

    O tratamento envolve equipe multidisciplinar, sendo o principal o uso de medicações que aumentem o apetite como a olanzapina e a mirtazapina.

O transtorno de identidade de gênero (TIG) apresenta como critérios diagnósticos:

  • A.

    dúvidas relacionadas ao objeto de desejo sexual.

  • B.

    imitação concomitante do comportamento de uma pessoa do mesmo sexo.

  • C.

    intenso, insistente e persistente desejo de ter seu corpo transformado no de uma pessoa do sexo oposto.

  • D.

    orientação sexual exclusivamente homossexual.

  • E.

    procura inicial de transformação sexual por meio de cirurgias ou hormônios, mas que remite na maioria dos casos, após alguns anos, de acompanhamento psicológico.

Os sintomas do Transtorno de Estresse Agudo e do Transtorno de Estresse Pós-Traumático são:

  • A.

    memórias intrusivas e desagradáveis e pesadelos relacionados ao evento estressante.

  • B.

    capacidade diminuída para pensar ou resolver problemas e questões práticas.

  • C.

    ansiedade e preocupação excessivas ocorrendo na maioria dos dias por pelo menos 06 meses em diversas situações (social, ocupacional e familiar).

  • D.

    prejuízo na capacidade de iniciar ou de manter comunicação.

  • E.

    ideias supervalorizadas e vivência delirante relacionada a uma experiência desagradável.

Com relação às demências:

  • A.

    Apresentam prevalência de 16,4% acima de 65 anos com uma taxa de aumento de 3,0% ao ano.

  • B.

    O mini-exame do estado mental foi inicialmente um importante instrumento de rastreio clínico para as demências, hoje não é mais utilizado pela baixa sensibilidade e especificidade diagnóstica.

  • C.

    Dentre os fatores de risco, pode-se relacionar história familiar de demência, doenças neurodegenerativas como o Parkinson, depressão, tabagismo e hipotireoidismo.

  • D.

    Dentre os sintomas que tornam bastante provável o diagnóstico de Doença de Alzheimer, pode-se citar a deterioração progressiva das funções cognitivas e linguagem, início súbito com sinais neurológicos focais e distúrbios de marcha com crises epilépticas associadas.

  • E.

    O tratamento com inibidores da acetilcolinesterase impede a deposição extracelular de peptídeo β-amiloide e da proteína Tau.

Dentre os principais fatores de maior risco ao suicídio pode-se encontrar:

  • A.

    Gênero, sendo o feminino mais prevalente sobre o masculino.

  • B.

    Idade, sendo proporcionalmente maior abaixo dos 35 anos em relação aos mais velhos.

  • C.

    Estado civil, sendo os viúvos mais prevalentes sobre os separados.

  • D.

    Condição ocupacional, sendo mais prevalente entre os que trabalham pelo estresse ocupacional.

  • E.

    Região de moradia, sendo moradores da zona urbana mais prevalentes do que na zona rural.

Uma senhora de 85 anos, portadora de diabetes mellitus e hipertensão, acorda desorientada no tempo e espaço, com flutuação do nível de consciência e agitada, sendo que estava bem até o dia anterior. A mesma relata que está vendo o marido falecido há alguns anos e que veio buscála. Não consegue ficar parada no lugar, evacua e defeca nas roupas, sua urina está escura e com odor fétido. Apresentou um pico febril de 39 °C ao longo do dia. Sua mãe faleceu aos 90 anos com Demência de Alzheimer e a própria paciente apresentou quadro depressivo aos 40 anos, remitido com tratamento clínico na ocasião. O provável diagnóstico e conduta terapêutica são:

  • A.

    Demência de Alzheimer de início tardio (acima de 80 anos) devido ao histórico familiar e a conduta terapêutica é antipsicótico de alta potência (como o haloperidol ou a risperidona) e inibidores da acetilcolinesterase.

  • B.

    Demência Vascular visto que a paciente apresenta fatores de risco para doença cerebro-isquêmica e a conduta é internação em unidade de terapia intensiva a fim de avaliar a extensão da lesão.

  • C.

    Delirium secundário à condição médica geral, provavelmente a um quadro de infecção ou descompensação metabólica devido ao início abrupto e acompanhado de febre. É necessário a realização de exames laboratoriais para detecção do agente causal (infecção, desidratação, alteração glicêmica) e correção dos parâmetros clínicos alterados, evitando-se inicialmente o uso de medicações com efeito sedativo.

  • D.

    Depressão recorrente com atual episódio psicótico, devendo-se optar por antipsicóticos de rápida ação e sedativo para controle da agressividade.

  • E.

    Demência frontotemporal que cursa com súbita mudança comportamental, desinibição e sintomas psicóticos, sendo o tratamento de escolha a risperidona ou haloperidol.

Dentre os critérios diagnósticos dos transtornos globais do desenvolvimento pode-se citar:

  • A.

    Uso adequado de recursos não verbais, como o contato visual, expressão facial, posturas corporais e gestos para regular a interação social, mas prejuízo dos recursos verbais.

  • B.

    Desenvolvimento precoce da linguagem falada, com posterior deterioração da mesma a partir dos 07 anos de idade onde a mesma se torna estereotipada.

  • C.

    Incapacidade de reconhecimento dos objetos. Não há integração das informações a fim de ocorrer o reconhecimento completo do objeto.

  • D.

    Preocupação persistente com um ou mais padrões estereotipados e restritos de interesse, anormais em intensidade ou foco.

  • E.

    Ausência discreta de reciprocidade social ou emocional, que se torna imperceptível no contexto geral.

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