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Para a formação profissional do magistério, Muramoto distingue três níveis de formação:
– o da classe social de origem;
– o acadêmico ou escolar;
– o do exercício da profissão.
Defende que este último pode ser um nível privilegiado de formação desde que:
haja horários de trabalho pedagógico conjunto, controlado pela direção/coordenação para garantir que os professores tenham formação continuada.
haja convênios de formação continuada do sistema de ensino ou da escola, com boas universidades que lhes ofereçam cursos de atualização, com qualidade.
a formação inicial tenha sido consistente e sejam pagos salários compensadores aos professores para que os melhores não se evadam para outros campos de trabalho.
a cultura da classe social de origem dos professores não seja muito defasada em relação ao nível cultural, desejável de um professor.
haja condições institucionais de diálogo entre pares e reflexão sobre o trabalho pedagógico em andamento, visando a reconstruí-lo.
Maria Teresa Estrela – ao afirmar que, nos últimos trinta anos, a investigação sobre o ensino mostra que a profissão docente não pode se confinar a uma "pedagogia do dom natural" e que esta exige formação – pondera que temos que reconhecer que a formação dos professores tem subalternizado
os aspectos relacionais aos conteúdos e à didática.
o papel do professor aos interesses dos alunos.
os conteúdos a uma metodologia libertadora.
a importância da competência técnica do professor a sua competência para avaliar os alunos.
o papel de instruir do professor, tornando-o reprodutor de técnicas motivacionais.
Para abordar o ofício de professor de modo mais concreto, Philippe Perrenoud faz uso de um inventário de competências que contribuem para redelinear a atividade docente. Reconhece que são múltiplos os significados atribuídos à noção de competência e esclarece que se orienta pelo significado de competência como
representação da realidade que construímos ao sabor de nossas experiências.
um conjunto de esquemas lógicos, resultante de um alto nível de abstração.
capacidade de implementação racional de conhecimentos procedimentais.
capacidade de mobilizar recursos cognitivos para enfrentar um tipo de situação.
um saber conhecer, saber fazer, saber conviver e um saber ser.
Muitos são os canais que nos permitem entender a escola e os movimento de renovação pedagógica, mas sob a visão humanística traçada por Miguel Arroyo, o melhor caminho é
retomar a história da escola, de seus componentes e problemas.
dialogar com professores e professoras, entender seu percurso e práticas.
estudar as políticas educacionais e as condições institucionais de ensino.
recolocar o que se aprende no centro das questões pedagógicas.
estudar a profissionalização do ofício de professor, suas competências e habilidades.
"A gente se sente envergonhado quando vive num país que trata tão mal aqueles que se encarregam de educar nossos filhos."
Fernando Hernández, ao citar a frase acima, explicita que não é possível recriar a escola se não se modificam
as relações de trabalho dos professores que são obrigados a realizarem reuniões com os pais de seus alunos para discutir a questão da aprendizagem.
a mentalidade acomodada e a falta de capacidade propositiva dos professores.
as formas preconceituosas dos professores receberem as crianças pobres nas escolas.
o reconhecimento e as condições do trabalho dos professores.
o descaso do professor em relação à preparação de seu trabalho pedagógico e a falta de assiduidade.
Gimeno Sacristán afirma que "a cultura escolar é mais que conteúdos", distinguindo duas concepções de currículo: a visão formal concebida como "a mera especificação em um documento, tão exaustiva de todos objetivos, áreas, conteúdos ou grandes temas e tópicos concretos que devem ser tratados na sala de aula" e a visão que denomina de "currículo real".
Segundo o autor, a análise do cotidiano escolar evidencia que o currículo real necessita
reconhecer o papel do conhecimento científico produzido pela sociedade.
trabalhar, sempre, a partir dos conhecimentos dos alunos e da comunidade escolar.
ampliar o significado da cultura escolar e perceber o currículo como o cruzamento de práticas diversas.
possibilitar que o aluno aprenda habilidades e competências e não conhecimentos.
desenvolver nos alunos as múltiplas aprendizagens necessárias ao mundo atual.
"Durante muito tempo a cultura escolar se configurou a partir da ênfase na questão da igualdade, o que significou, na prática, a afirmação da hegemonia da cultura ocidental européia e a ausência no currículo e em outras práticas presentes na escola de outras vozes, particularmente referidas às culturas originárias do continente, à cultura negra e de outros grupos marginalizados de nossas sociedades."
Um grande desafio que se coloca para a reinvenção da escola, segundo Vera Maria Candau,
é a confirmação do professor para que ele possa realizar uma escolha acertada de conteúdos significativos que o mercado exige.
é o novo papel da supervisão e sua competência de orientar a escola.
está vinculado ao Conselho de Escola na organização administrativa da escola.
é a melhoria da qualidade que se dará a partir da reorganização curricular.
se relaciona com a articulação entre igualdade e diferença.
Nos tempos modernos se buscou universalizar a Educação Escolar cuja característica central seria lidar com as questões do conhecimento e da formação de habilidades. A Educação, como formação humana, historicamente coube às famílias, às comunidades e às igrejas e ela foi perdendo a garantia de efetivação pela desintegração dessas instituições formadoras. A necessidade da formação humana, do sujeito ético, para o futuro da humanidade, subsumindo os conhecimentos e habilidades, leva Neidson Rodrigues a colocar a seguinte perspectiva:
cada vez mais a Escola exercerá ou poderá exercer o papel de formadora dos seres humanos, alargando suas finalidades tradicionais de lidar com conhecimentos e habilidades.
novas instituições devem se constituir num futuro próximo, ocupando esta lacuna deixada pelas famílias, comunidades e igrejas.
as famílias, as comunidades e as igrejas apresentarão uma "reação de recuperação" frente às necessidades de formação humana para a sobrevivência da espécie.
as novas igrejas, de forte apelo comunitário e ritual populista dividirão a incumbência educacional das novas gerações com o percentual de famílias que permanecerem estruturadas.
a escola assumirá progressivamente a formação humana, enquanto o desenvolvimento de conhecimentos e habilidades consolidará um modelo autodidata, apoiado na revolução da informática.
O texto "Os Sete Saberes necessários à Educação do Futuro", interpretado em seu conjunto, mostra-nos a preocupação de Edgard Morin com
a cultura da paz e sua construção por meio da educação.
a educação dos jovens, diante de um mundo repleto de incertezas e imprevistos que demandam o "conhecer como se conhece".
o racismo, a violência, o desprezo e a incompreensão entre os povos que demandam o "aprender a conviver".
a democracia, conquistada com muitas lutas, ao longo dos séculos e que se vê ameaçada pela falta de ética.
a espécie humana, seu autoconhecimento, suas condi-ções de vida, sua convivência e sobrevivência.
Para Paulo Freire, "Há uma incompatibilidade total entre o mundo humano da fala, da percepção, da inteligibilidade, da comunicabilidade, da ação, da observação, da comparação, da verificação, da busca, da escolha, da divisão, da ruptura, da ética e da possibilidade de sua transgressão e a
criticidade".
neutralidade".
afetividade".
cientificidade".
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