Questões de Pedagogia da Fundação Carlos Chagas (FCC)

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Na verdade, esses professores, ao resistirem a uma mudança que não corresponda às suas condições materiais de trabalho, acabam definindo, dentro de um espaço fora do controle do Estado - a sala de aula - o que se deve ensinar.

Segundo João Baptista Bastos, o plano prioritário da escola é o de gestão; no entanto, as condições materiais desumanas do trabalho escolar podem gerar

  • a.

    não só o conformismo, mas também sentimento de impotência dos educadores.

  • b.

    contraditoriamente, a construção de um projeto pedagógico adequado à realidade dos alunos.

  • c.

    um trabalho coletivo, mas corporativista pois consegue envolver somente parte dos professores.

  • d.

    principalmente, um projeto pedagógico de má qualidade pela falta de competitividade.

  • e.

    o descompromisso de professores com baixa capacidade técnica de ensinar.

Para abordar o ofício de professor de modo mais concreto, Philippe Perrenoud faz uso de um inventário de competências que contribuem para redelinear a atividade docente. Reconhece que são múltiplos os significados atribuídos à noção de competência e esclarece que se orienta pelo significado de competência como

  • A.

    representação da realidade que construímos ao sabor de nossas experiências.

  • B.

    um conjunto de esquemas lógicos, resultante de um alto nível de abstração.

  • C.

    capacidade de implementação racional de conhecimentos procedimentais.

  • D.

    capacidade de mobilizar recursos cognitivos para enfrentar um tipo de situação.

  • E.

    um saber conhecer, saber fazer, saber conviver e um saber ser.

Segundo José Carlos Libâneo, a primeira condição para se realizar um planejamento é saber com segurança a

  • a.

    grade de conteúdos que se irá ensinar aos alunos.

  • b.

    metodologia de trabalho a ser adotada em sala de aula.

  • c.

    organização disciplinar de cada série e o perfil dos professores.

  • d.

    direção que queremos dar ao processo educativo na nossa sociedade.

  • e.

    noção do que é plano, planejamento, programa e projeto e suas etapas.

Muitos são os canais que nos permitem entender a escola e os movimento de renovação pedagógica, mas sob a visão humanística traçada por Miguel Arroyo, o melhor caminho é

  • A.

    retomar a história da escola, de seus componentes e problemas.

  • B.

    dialogar com professores e professoras, entender seu percurso e práticas.

  • C.

    estudar as políticas educacionais e as condições institucionais de ensino.

  • D.

    recolocar o que se aprende no centro das questões pedagógicas.

  • E.

    estudar a profissionalização do ofício de professor, suas competências e habilidades.

Para Paulo Freire, ensinar é desafiar os educandos a que pensem sua prática, a partir da prática social, e com eles (os educandos), em busca dessa compreensão, estudar rigorosamente

  • a.

    os parâmetros curriculares nacionais.

  • b.

    a teoria da prática.

  • c.

    os conteúdos do núcleo comum dos currículos das escolas.

  • d.

    a metodologia dos conteúdos.

  • e.

    a dinâmica do mercado de trabalho.

"A gente se sente envergonhado quando vive num país que trata tão mal aqueles que se encarregam de educar nossos filhos."

Fernando Hernández, ao citar a frase acima, explicita que não é possível recriar a escola se não se modificam

  • A.

    as relações de trabalho dos professores que são obrigados a realizarem reuniões com os pais de seus alunos para discutir a questão da aprendizagem.

  • B.

    a mentalidade acomodada e a falta de capacidade propositiva dos professores.

  • C.

    as formas preconceituosas dos professores receberem as crianças pobres nas escolas.

  • D.

    o reconhecimento e as condições do trabalho dos professores.

  • E.

    o descaso do professor em relação à preparação de seu trabalho pedagógico e a falta de assiduidade.

Segundo Maria Teresa Mantoan, a adesão à inclusão exige dos educadores a compreensão de que os alunos são diferentes uns dos outros e que os ambientes inclusivos devem concorrer para estimular os alunos, em geral, a se comportarem

  • a.

    disciplinadamente, para que se possa desenvolver atividades iguais para todos os alunos.

  • b.

    naturalmente, para que o professor possa atender individualmente todas as dificuldades dos alunos.

  • c.

    passivamente, para que o professor possa desenvolver seu planejamento de aula.

  • d.

    espontaneamente, diante das dificuldades cognitivas, sem a preocupação constante de produção de conhecimento.

  • e.

    ativamente, diante dos desafios do meio escolar, abandonando os estereótipos, os condicionamentos, as dependências.

Gimeno Sacristán afirma que "a cultura escolar é mais que conteúdos", distinguindo duas concepções de currículo: a visão formal concebida como "a mera especificação em um documento, tão exaustiva de todos objetivos, áreas, conteúdos ou grandes temas e tópicos concretos que devem ser tratados na sala de aula" e a visão que denomina de "currículo real".

Segundo o autor, a análise do cotidiano escolar evidencia que o currículo real necessita

  • A.

    reconhecer o papel do conhecimento científico produzido pela sociedade.

  • B.

    trabalhar, sempre, a partir dos conhecimentos dos alunos e da comunidade escolar.

  • C.

    ampliar o significado da cultura escolar e perceber o currículo como o cruzamento de práticas diversas.

  • D.

    possibilitar que o aluno aprenda habilidades e competências e não conhecimentos.

  • E.

    desenvolver nos alunos as múltiplas aprendizagens necessárias ao mundo atual.

"Durante muito tempo a cultura escolar se configurou a partir da ênfase na questão da igualdade, o que significou, na prática, a afirmação da hegemonia da cultura ocidental européia e a ausência no currículo e em outras práticas presentes na escola de outras vozes, particularmente referidas às culturas originárias do continente, à cultura negra e de outros grupos marginalizados de nossas sociedades."

Um grande desafio que se coloca para a reinvenção da escola, segundo Vera Maria Candau,

  • A.

    é a confirmação do professor para que ele possa realizar uma escolha acertada de conteúdos significativos que o mercado exige.

  • B.

    é o novo papel da supervisão e sua competência de orientar a escola.

  • C.

    está vinculado ao Conselho de Escola na organização administrativa da escola.

  • D.

    é a melhoria da qualidade que se dará a partir da reorganização curricular.

  • E.

    se relaciona com a articulação entre igualdade e diferença.

Nos tempos modernos se buscou universalizar a Educação Escolar cuja característica central seria lidar com as questões do conhecimento e da formação de habilidades. A Educação, como formação humana, historicamente coube às famílias, às comunidades e às igrejas e ela foi perdendo a garantia de efetivação pela desintegração dessas instituições formadoras. A necessidade da formação humana, do sujeito ético, para o futuro da humanidade, subsumindo os conhecimentos e habilidades, leva Neidson Rodrigues a colocar a seguinte perspectiva:

  • A.

    cada vez mais a Escola exercerá ou poderá exercer o papel de formadora dos seres humanos, alargando suas finalidades tradicionais de lidar com conhecimentos e habilidades.

  • B.

    novas instituições devem se constituir num futuro próximo, ocupando esta lacuna deixada pelas famílias, comunidades e igrejas.

  • C.

    as famílias, as comunidades e as igrejas apresentarão uma "reação de recuperação" frente às necessidades de formação humana para a sobrevivência da espécie.

  • D.

    as novas igrejas, de forte apelo comunitário e ritual populista dividirão a incumbência educacional das novas gerações com o percentual de famílias que permanecerem estruturadas.

  • E.

    a escola assumirá progressivamente a formação humana, enquanto o desenvolvimento de conhecimentos e habilidades consolidará um modelo autodidata, apoiado na revolução da informática.

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