Leia atentamente os dois textos a seguir e compare-os para responder à questão. O primeiro texto é de autoria de Raquel Raichelis (2011), e o segundo, de Marilda Villela Iamamoto (2014), ambas reconhecidas pela importância sócio-histórica para o Serviço Social.
Texto I
Afirmar que o Serviço Social é uma profissão inscrita na divisão social e técnica do trabalho como uma especialização do trabalho coletivo e identificar o seu sujeito vivo como trabalhador assalariado implica problematizar como se dá a relação de compra e venda dessa força de trabalho a empregadores diversos, como o Estado, as organizações privadas empresariais, não governamentais ou patronais. Trata-se de uma interpretação da profissão que pretende desvendar suas particularidades como parte do trabalho coletivo, uma vez que o trabalho não é a ação isolada de um indivíduo, mas é sempre atividade coletiva de caráter eminentemente social. Fonte: RAICHELIS, Raquel. O assistente social como trabalhador assalariado: desafios frente às violações de seus direitos. Serviço Social & Sociedade, n.º 107, São Paulo, jul-set. 2011.
Texto II
Na esfera pública, os atuais 5.570 municípios brasileiros são os que mais absorvem assistentes sociais, especialmente por meio da Política Nacional de Assistência Social (PNAS). É necessário salientar as particularidades da atuação nos pequenos municípios com menos de vinte mil habitantes. Aí os profissionais são sujeitos à maior polivalência no nível das demandas, à precariedade de recursos materiais que afetam as condições básicas de trabalho, assim como à maior ingerência das forças políticas locais no trabalho cotidiano. Alia-se a existência de fronteiras pouco nítidas entre o público e o privado que têm lugar na cultura política brasileira, favorecendo os clientelismos, patrimonialismos e coronelismos contemporâneos [...]. O exercício da profissão exige um sujeito profissional que tenha competência para propor os seus projetos e negociá-los com a instituição e defender o seu campo de trabalho, suas qualificações e atribuições profissionais. Requer ir além das rotinas institucionais para buscar apreender, no movimento da realidade e na aproximação, as forças vivas de nosso tempo, tendências e possibilidades aí presentes passíveis de serem apropriadas pelo profissional e transformadas em projetos de trabalho profissional. Fonte: IAMAMOTO, Marilda Villela. A formação acadêmico-profissional no Serviço Social brasileiro. Serviço Social & Sociedade, n.º 120, São Paulo, out-dez. 2014. Adaptado.
Ao considerar os dois textos acima, os fundamentos sócio-históricos do Serviço Social e as particularidades do trabalho dos assistentes sociais, é possível afirmar que:
A) Os assistentes sociais são historicamente reconhecidos como os profissionais da assistência social. Isso porque a história da profissão é a mesma da constituição da Política de Assistência Social implementada em todo o território brasileiro.
B) O Serviço Social destaca-se, entre as demais profissionais inscritas na divisão sócio-técnica do trabalho, por ter a questão social e as suas expressões como o seu objeto de trabalho particular. Isso o coloca à frente nas análises sobre as dinâmicas societárias.
C) As ações como a da efetivação da lei que regulamenta a carga horária de 6 horas de trabalho para os assistentes sociais resulta do interesse do Estado e do empresariado em melhorar as condições de trabalho desses profissionais.
D) As mudanças e as transformações que afetam o mundo do trabalho inferem no cotidiano e no exercício profissional dos assistentes sociais que também fazem parte de um coletivo: a classe trabalhadora. Frente aos desafios impostos à profissão, é preciso qualificar o processo de formação e trabalho, sem perder de vista a necessidade de somar esforços com outras categorias, movimentos e lutas sociais.
E) Os assistentes sociais são profissionais liberais que detêm ampla autonomia para o desenvolvimento de seu trabalho em instituições públicas e/ou privadas. O Serviço Social tem uma lei que o regulamenta, e os seus profissionais têm um código de ética muito flexível, por entenderem que as questões morais precisam ser individualmente analisadas.