Questões de Psicologia da Fundação Carlos Chagas (FCC)

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Uma senhora procura o Serviço de Psicologia de atendimento aos funcionários do Fórum para informar sobre uma situação de violência que vem presenciando em sua casa. Seu marido, um funcionário público aposentado, vem surrando o filho adolescente sempre que este chega em casa além do horário estabelecido ou apresenta resultados ruins na escola. Suas tentativas de alterar a postura do marido são em vão, já que ele verbaliza que a punição corporal é um corretivo para o jovem, que, dessa forma, alterará sua conduta e aprenderá a "ser uma pessoa de bem" (sic). O marido freqüentemente lhe diz que o filho não poderá ser igual ao tio-materno (irmão da esposa), o qual envolveu-se com drogas na adolescência e sofre conseqüências da drogadição até hoje. A senhora aparenta desespero e sente-se sem condições de proteger o filho. No entanto, não retira toda a razão do marido. Na situação apresentada, a conduta mais apropriada do psicólogo será:

  • A.

    Informar à senhora que existem correntes pedagógicas atuais que incentivam os castigos físicos aos filhos, orientando-a a buscar psicoterapia para si própria.

  • B.

    Encaminhar o caso a uma Delegacia, pois não cabe ao psicólogo embrenhar-se em situações envolvendo violência doméstica.

  • C.

    Iniciar apenas um trabalho psicoterapêutico com a paciente que trouxe a queixa, uma vez que ela certamente usou a problemática familiar para solicitar ajuda para si própria.

  • D.

    Realizar o encaminhamento do adolescente a um programa específico para drogaditos, uma vez que o psicólogo deve inferir que, com a sintomatologia descrita pela mãe, o jovem deve estar envolvido com drogas.

  • E.

    Ater-se à Lei nº 8.069/90 (Estatuto da Criança e do Adolescente), a qual estabelece um conjunto de medidas a fim de assistir pais e responsáveis, antes de puni-los ou cassar os poderes parentais, na tentativa de preservar o direito da criança à convivência familiar, adotando o atendimento ao grupo-família como estratégia de intervenção.

Ao receber um caso encaminhado por um diretor de cartório, o psicólogo lê a carta contendo as queixas sobre o sujeito e o pedido de providências. O diretor quer transferir o funcionário para um setor burocrático, pois percebe que ele não faz seu serviço a contento, além de estimular os outros funcionários a se rebelarem contra a chefia. Na primeira entrevista, o Sr. Paulo, 52 anos, funcionário do cartório, diz-se cansado da rotina extenuante a qual é submetido pelo chefe. Desejava sair para procurar outro emprego, mas sabe que, com a sua idade e formação acadêmica limitada, poucas chances teria no mercado de trabalho. Nega a utilização de drogas, álcool ou qualquer outro tipo de substância. É casado, pai de dois filhos, possuindo também uma enteada de 15 anos. Nesse caso e tendo em vista as informações acima, a melhor conduta do psicólogo será

  • A.

    fazer um levantamento sobre a vida do Sr. Paulo, convidando esposa e demais filhos para contribuírem no processo de avaliação.

  • B.

    fazer, inicialmente, uma acareação legal entre o Sr. Paulo e o seu diretor, estimulando-os a encontrarem uma alternativa adulta para essa situação.

  • C.

    sugerir, de imediato, a transferência do Sr. Paulo para outra função, uma vez que será demasiado conturbado realizar qualquer trabalho nessa situação.

  • D.

    explicar ao Sr. Paulo que só poderá ouvi-lo após tê-lo submetido ao Método de Rorschach.

  • E.

    realizar, inicialmente, vários exames de avaliação psicológica para atestar a sanidade do Sr. Paulo, conforme prevê a Resolução nº 014/2000, do CFP − Conselho Federal de Psicologia.

Quanto à devolução a respeito do psicodiagnóstico realizado, é correto afirmar que:

  • A.

    as informações não causam surpresa, pois o indivíduo certamente sabe, exatamente, porque foi encaminhado ao psicólogo.

  • B.

    a finalização de um psicodiagnóstico deve necessariamente ser sucedida pelo início de uma psicoterapia familiar ou individual.

  • C.

    as informações possibilitam ao sujeito conceber a si próprio com melhores critérios de realidade, com menos distorções idealizadas ou pejorativas.

  • D.

    o sujeito terá acesso aos resultados, obrigatoriamente, por meio oral e não por documento escrito.

  • E.

    o sujeito terá acesso aos resultados somente na data de audiência designada pelo juiz, no decorrer do processo judicial.

A prática atual que vem se constituindo em espaço interdisciplinar, agregando conhecimentos oriundos de diversos campos científicos, objetivando alterar, indiretamente, as narrativas e a dinâmica dos conflitos, é denominada

  • A.

    psicodiagnóstico.

  • B.

    mediação.

  • C.

    avaliação neuropsicológica.

  • D.

    avaliação psicomotora.

  • E.

    peritagem.

O pensamento clínico, em diagnóstico da personalidade, é discutido por Walter Trinca em suas obras. Considerando as formulações desse autor, é INCORRETO afirmar que:

  • A.

    Para o diagnóstico da personalidade, existem testes que, aplicados e avaliados isoladamente, podem ser considerados não como partes, mas como todo o processo de diagnóstico em psicologia clínica.

  • B.

    É proveitoso estudar o diagnóstico psicológico sob o enfoque das modalidades de pensamentos clínicos, porque permite considerá-los através do ângulo científico.

  • C.

    A ampliação das concepções sobre o diagnóstico psicológico depende da percepção e da inclusão dos diferentes modos como ele é realizado.

  • D.

    Tanto os testes psicológicos quanto outros instrumentos semiológicos estão a serviço do pensamento clínico e somente têm sentido dentro do contexto e das peculiaridades de cada forma de pensar.

  • E.

    O diagnóstico da personalidade deve ser realizado, obrigatoriamente, no contexto de relações significativas estruturantes.

Maria Esther Garcia Arzeno, ao pensar o processo psicodiagnóstico, lembra que W. R. Bion (1977) afirmava que a conclusão diagnóstica pode ser alcançada em termos de predomínio e não de hegemonia. Considerando tal asserção, ao realizar o psicodiagnóstico, o psicólogo deve ter em mente que

  • A.

    é impossível, utilizando diversos materiais de avaliação, encontrar pontos dissonantes em um psicodiagnóstico.

  • B.

    a obtenção de um diagnóstico diferencial não vem a ser função do psicólogo que avalia o sujeito.

  • C.

    é possível encontrar no resultado geral da avaliação, em relação ao mesmo sujeito, material aparentemente incompatível coexistindo.

  • D.

    qualquer diferença obtida na avaliação diagnóstica do sujeito deve ser desprezada por ocasião da comunicação dos resultados.

  • E.

    são os dados externos ao sujeito, oriundos das entrevistas com familiares, que esclarecerão os aspectos ambíguos encontrados no processo psicodiagnóstico.

Atualmente, a expressão "bateria de testes" refere-se a

  • A.

    uma estratégia de caráter valorativo para evitar entrevistas com familiares.

  • B.

    técnicas e procedimentos vetados pelo Conselho Federal de Psicologia com vistas a impedir a detração da categoria.

  • C.

    um conjunto de testes imprescindíveis para realizar a anamnese.

  • D.

    uma relação de testes escolhidos para avaliar exclusivamente o nível mental do sujeito.

  • E.

    um conjunto de testes que visa a fornecer subsídios para confirmar ou infirmar hipóteses diagnósticas.

A entrevista de triagem psicológica tem por objetivo

  • A.

    obter informações sobre as condições de saúde física do sujeito, para encaminhá-lo à realização de entrevista familiar.

  • B.

    avaliar a demanda do sujeito e fazer o encaminhamento procedente.

  • C.

    apoiar o sujeito na definição de sua sintomatologia, de forma a estabelecer um parecer diagnóstico.

  • D.

    avaliar somente as condições sociais do sujeito.

  • E.

    estimular o sujeito a relatar sua história de vida, com vistas à realização de anamnese detalhada.

De acordo com o Código de Ética Profissional, nas relações com a Justiça (artigo 19º), o psicólogo

  • A.

    poderá atuar, em situações especiais, em perícia em que, por motivo de impedimento ou suspeição, ele contrarie a legislação pertinente.

  • B.

    poderá ser perito de pessoa por ele atendida ou em atendimento, considerando critérios do ECA – Estatuto da Criança e do Adolescente, por ocasião do atendimento a crianças menores de 5 anos.

  • C.

    poderá valer-se do cargo que exerce e dos laços com autoridades administrativas ou judiciárias para pleitear ser nomeado perito, desde que já possua significativa experiência na área, conforme estabelece o CPC − Código de Processo Civil.

  • D.

    deverá agir nas perícias com absoluta isenção, limitando-se à exposição do que tiver conhecimento através do seu trabalho e não ultrapassando, nos laudos, o limite das informações necessárias à tomada de decisão.

  • E.

    deverá fornecer informações a todos os solicitantes, inclusive aos familiares não envolvidos no processo judicial, uma vez que os autos ficam disponíveis nos cartórios.

A terapia que se caracteriza pela determinação do foco e de objetivos limitados é denominada de

  • A.

    centrada no cliente.

  • B.

    contextual.

  • C.

    breve.

  • D.

    pontual.

  • E.

    cognitiva.

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