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Em relação à temperatura de multiplicação dos agentes microbianos responsáveis por toxinfecções alimentares e/ou deterioração dos alimentos, todas as afirmativas estão corretas, EXCETO:
O Clostridium perfrigens pode causar problemas gastro-entéricos em pessoas enfraquecidas. Agentes do gênero Clostridium possuem esporos muito resistentes a altas temperaturas. Sua multiplicação cessa em temperaturas inferiores a 15º C. Os sintomas aparecem 4 a 24 horas após a ingestão de alimentos que contenham entre 10 a 6 e 10 a 8 micróbios por grama.
As Salmonellae são destruídas durante o cozimento bem conduzido e não se multiplicam bem em temperaturas abaixo de 7º C. São responsáveis por ocorrências de toxinfecções alimentares envolvendo, principalmente, contaminação pós-preparo de alimentos mantidos a temperaturas inadequadas.
A maioria dos microrganismos patogênicos e os produtores de toxina têm como temperatura ótima de crescimento entre 30ºC e 40ºC e não se multiplicam bem em baixas temperaturas. Já um grupo significativo de agentes não patogênicos, dentre eles os Pseudomonas, se multiplica bem a temperaturas empregadas na refrigeração (0ºC a 4ºC), sendo responsáveis pelos processos de degradação dos alimentos a baixas temperaturas.
O grupo de E. coli patogênica, ou E. coli êntero-hemorrágica (EHEC), inclui a E. coli O157:H7 e a E. coli O26:H11 é responsável por surtos de náuseas, diarréia sanguinolenta e fortes cólicas notificados em grande número no Brasil, a partir da última década do século XX, em função da expansão dos restaurantes tipo "self-service". Esses agentes se multiplicam rapidamente à temperatura ambiente e são muito resistentes a temperaturas de congelamento, apresentando temperatura ótima de crescimento por volta de 15ºC.
Sobre o processo de congelamento de carnes, é CORRETO afirmar:
A taxa de congelamento influi nas dimensões e na localização dos cristais de gelo. Um congelamento mais lento provoca a formação de pequenos cristais, localizados tanto nas áreas intra quanto extracelulares, reduzindo os danos sobre a célula.
A taxa de congelamento influi nas dimensões e na localização dos cristais de gelo. No congelamento rápido haverá a formação de muitos cristais externos às fibras musculares, promovendo intensa retirada de água das células provocada pelo processo de osmose (a solução extra-celular fica mais concentrada).
A formação de gelo nos tecidos durante o processo de congelamento da carne remove água de certas posições da proteína. Este fato pode provocar danos pela diferença de concentração dos solutos, além de alteração do pH. Parte dessa água não permanece ligada às proteínas após o descongelamento, representando as perdas por exsudação.
Em função da necessidade de diminuição da produção de exsudado e obtenção de uma carne mais macia após o descongelamento, o congelamento das carcaça de aves deve ser feito rapidamente, iniciando com a imersão das carcaças em um tanque com água e gelo em escamas a uma temperatura máxima de 4ºC (Chiller), imediatamente após a evisceração.
Segundo o Manual Genérico de Procedimentos, anexo à Portaria nº 46, de 10 de fevereiro de 1998, para a elaboração e implantação do Plano de Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controle, é CORRETO afirmar:
A construção e verificação prática do diagrama operacional é um dos passos da etapa que prevê a seqüência lógica de aplicação dos princípios da APPCC, e ocorre antes da identificação dos riscos e análise dos perigos.
Devemos integrar ao corpo gerencial da empresa, na etapa de formação da equipe, um técnico que possua experiência comprovada em implantação de Planos de APPCC e que não tenha incorporado os vícios do processo de fabricação da empresa em questão. Daí a importância de que este técnico seja um agente externo, recém contratado.
Na avaliação dos pré-requisitos para o Sistema APPCC, devemos fazer um diagnóstico da estrutura física existente, definindo de forma precisa todos os pontos de controle a serem implantados.
A organização do estabelecimento industrial deverá ser apresentada em forma de diagrama, com indicação dos setores que efetivamente participam do desenvolvimento, implantação e manutenção do Plano de APPCC. Na elaboração do organograma, o posicionamento do Setor de Garantia da Qualidade deverá estar diretamente ligado aos setores de produção e comercialização, isentos da influência da Direção-Geral e dos setores financeiros da Empresa.
Os Programas de Análise dos Perigos e Pontos Críticos de Controle (APPCC) baseiam-se em princípios básicos. Dentro da lógica dos princípios desse programa, NÃO é correto afirmar:
Consideramos como situação de perigo a não conformidade com o Padrão de Identidade e Qualidade (PIQ) ou Regulamento Técnico estabelecido para cada produto.
O Ponto de Controle Crítico é qualquer ponto, operação, procedimento ou etapa do processo de fabricação do produto, em que aplicamos sistematicamente medidas corretivas, sobre um ou mais fatores, com o objetivo de mantermos o padrão de qualidade.
Durante o processo de produção de alimentos, consideramos como situação de perigo a contaminação ou recontaminação inaceitável de produtos semi-acabados ou acabados por microrganismos, substâncias químicas ou materiais estranhos.
Nos Programas de APPCC em indústrias de alimentos, a Análise de Risco consiste na avaliação sistemática de todas as etapas envolvidas na produção de um alimento específico, desde a obtenção das matérias-primas até o uso pelo consumidor final, visando estimar a probabilidade da ocorrência dos perigos, levando-se também em consideração como o produto será consumido.
A pesquisa de inibidores de Crescimento Bacteriano no leite visa à detecção de resíduos de substâncias capazes de impedir ou inibir o crescimento microbiano, sejam elas anti-sépticas, antibióticas ou quimioterápicas. O Brasil tem se preocupado com esse problema, principalmente na cadeia do leite. Sobre este tema, todas as afirmativas estão corretas, EXCETO:
Resíduos de alguns antibióticos podem ter ação direta sobre o organismo do consumidor. Deste modo, resíduos de cloranfenicol podem induzir à anemia aplástica em pessoas susceptíveis.
Resíduos de alguns antibióticos podem ter ação direta sobre o organismo do consumidor. Os resíduos de penicilina podem levar à manifestação de fenômenos de hipersensibilidade imediata ou tardia nas pessoas alérgicas e previamente sensibilizadas por este antibiótico.
Há o risco de indução de resistência bacteriana e posterior transferência de multirresistência entre microrganismos, especialmente Gram negativos, através de plasmídeos pelo uso indiscriminado de antibióticos na alimentação animal.
A legislação brasileira proíbe o processamento na Granja ou o envio de leite a Posto de Refrigeração ou estabelecimento industrial adequado, quando oriundo de animais que estejam sendo submetidos a tratamento com drogas e medicamentos em geral, passíveis de eliminação pelo leite, pelo período de cinco dias, de forma a assegurar que os resíduos da droga em alimentos não sejam superiores aos níveis fixados pelas normas específicas de cada produto.
Sobre a colheita de amostra e sua remessa ao laboratório, NÃO é correto afirmar:
As amostras para exame microbiológico deverão ser enviadas separadamente daquelas destinadas aos exames físico-químicos.
Os frascos para a colheita de água clorada devem ser adicionados de tiosulfato de sódio (0,1 ml de solução 15% por frasco de 250 ml).
No caso de envio para o laboratório para análise microbiológica, o produto deve ser enviado na embalagem original, não se permitindo o fracionamento em qualquer hipótese.
No caso de envio para o laboratório para análise físico-quimica, o volume ou peso encaminhado não deve ser inferior ao volume requerido para a análise pelo laboratório, sendo permitido o fracionamento da embalagem original, quando o volume for muito superior ao volume mínimo requerido. Nesses casos, os dados de identificação do produto, fabricante, data de fabricação e lote deverão estar contidos no documento de coleta.
A introdução de novos produtos derivados do leite no mercado brasileiro, como os leites denominados "leites de longa vida" e as bebidas lácteas, não foI acompanhada de campanhas de esclarecimento à população. Em adição, casos de fraudes foram identificados por órgãos de inspeção, expondo os consumidores brasileiros. Sobre este aspecto, todas as afirmativas estão corretas, EXCETO:
No Brasil, o método oficial de detecção de soro de leite no leite é baseado na presença de Glicomacropeptídeos (GMP) livres derivados da K-caseína (capacaseína), resultantes da ação da renina.
Nas embalagens de Bebida Láctea de cor branca, deve constar do painel principal do rótulo, logo abaixo do nome do produto, a expressão: CONTÉM ...% DE SORO DE LEITE, enquanto nas embalagens de Bebida Láctea colorida, deve constar do painel principal do rótulo, logo abaixo do nome do produto, a expressão: CONTÉM SORO DE LEITE.
Entende-se por Leite Esterilizado ou Leite Ultra Alta Temperatura (UAT) o leite homogeneizado que foi submetido, durante 2 a 4 segundos, a uma temperatura entre 114ºC e 150ºC, mediante um processo térmico de fluxo contínuo, imediatamente resfriado e envasado sob condições assépticas em embalagens estéreis e hermeticamente fechadas.
Entende-se por Leite Reconstituído o produto resultante da dissolução em água do leite em pó, adicionado ou não, de gordura láctea, até atingir o teor gorduroso fixado para o respectivo tipo, seguido de homogeneização e pasteurização.
Sobre a Listeriose e seu agente, a Listéria monocytogenes, todas as afirmativas estão corretas, EXCETO:
Muitos animais carreiam a Listéria monocytogenes em suas fezes como um habitante normal do intestino, mas apenas uma pequena percentagem destes desenvolvem a doença, geralmente em função da diminuição da resistência do hospedeiro.
No homem, a infecção pode ser marcada por um quadro semelhante ao estado gripal acompanhado de diarréia e febre branda. Esta fase pode passar despercebida com formação de portadores (5% deles eliminam a L.monocytogenes nas fezes).
A L. monocytogenes invade os macrófagos onde cepas virulentas se multiplicam e, após a ruptura destas células, causam septicemia, que é a manifestação mais freqüente, acompanhada de febre (adultos). A mortalidade dentro do grupo de risco é de 30%. As formas de listeriose envolvendo o sistema nervoso central têm como manifestação mais comum a meningite, sendo que a mortalidade, nesses casos, pode alcançar 70%.
A Listéria monocytogenes é um organismo psicrotrófico capaz de multiplicar-se em temperaturas entre 1 e 45ºC, que pode sobreviver no leite por mais de um ano, quando estocado à temperatura ambiente. Este agente é facilmente eliminado pela pasteurização. Os riscos para a Saúde Pública têm sido freqüentemente rediscutidos, após a identificação de cepas presentes nos rebanhos ovinos da Nova Zelândia que tem capacidade de formar esporos e que podem sobreviver à pasteurização. No entanto, estes esporos são eliminados pelo tratamento UHT.
Sobre agentes causais de toxinfecções alimentares, todas as afirmativas estão corretas, EXCETO:
Dentre os agentes de doenças veiculadas por alimentos, o gênero Salmonella, pertencente à família Enterobacteriaceae e composto de espécies ou tipos gram-negativos não esporulados, é um dos principais responsáveis por complicações clínicas dos afetados, podendo ocorrer inclusive casos fatais. O quadro clínico se instala de 8 a 18 horas após a ingestão de alimentos com agente e com a apresentação de dores abdominais, diarréia, vômitos e febre. A velocidade de aparecimento dos sintomas e sua intensidade variam de acordo com vários fatores, dentre eles a quantidade do inóculo e a idade do infectado.
O gênero Salmonella, pertencente à família Enterobacteriaceae, é composto de espécies ou tipos gram-negativos não esporulados. As espécies S. typhi-murium e S. enteritidis são agentes de salmoneloses em animais e no homem. As salmonelas são abundantes no trato intestinal das aves mesmo sadias. São relatados casos de contaminação das carcaças durante o processo de abate, sendo freqüente sua ocorrência durante a última fase do resfriamento (Chiller), uma vez que estas bactérias se multiplicam bem em baixas temperaturas. Nesses casos, o controle deve ser feito com a utilização de cloro na água.
O gênero Clostridium pertence à família Bacillaceae, é composto de espécies anaeróbias com capacidade de formar esporos. A propriedade mais destacada em todos os clostrídios patogênicos é a produção de exotoxinas. O significado e a interpretação da presença de C. perfringens dependem da forma e do número encontrados, bem como da possibilidade de multiplicação deste microrganismo no produto sob análise. Cabe assinalar que este microrganismo não altera o produto de forma a ser perceptível pelos caracteres organolépticos nas quantidades capazes de provocar toxinfecção alimentar.
A pesquisa de coliformes nos alimentos é utilizada, dentro de alguns parâmetros, como indicador de qualidade microbiológica. No entanto, NÃO é correto afirmar:
O grupo coliforme, que não identifica os membros individualmente, tem menor valor interpretativo que o grupo coliforme de origem fecal, pois o grupo coliforme pode conter alguns membros não entéricos como o gênero Serratia e Aeromonas.
O termo coliforme de origem fecal não pretende identificar, mas apenas indicar, a presença de E.coli, não separando esta bactéria das demais, geralmente consideradas de pouco ou nenhum significado em saúde pública.
A utilização do grupo completo de Enterobacteriaceae não tem validade como indicador para avaliação da qualidade microbiológica de produtos processados termicamente (leite pasteurizado) e água clorada. Até o momento a E. coli é o marcador sanitário ideal na análise microbiológica nestas situações. Sua presença em números significativos indica falhas no processo e, conseqüentemente, risco para o consumidor.
A presença de microrganismo do grupo de origem fecal no alimento pode ser atribuída a uma contaminação pelo ambiente e não necessariamente a uma contaminação fecal direta, e o seu número pode estar associado ao desenvolvimento no próprio produto. Por sua vez, a presença de E. coli em um alimento indica que ocorreu uma contaminação de origem fecal e que conseqüentemente existe o risco potencial de que tenham chegado ao alimento outros microrganismos patogênicos de origem entérica.
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